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Câmara do boi terá que discutir como evitar que o ganho da pecuária não vire crise

A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina vai para a nova eleição da presidência, devendo ser novamente indicado o atual presidente Sebastião Guedes, observando duas situações inéditas. O setor vive um momento virtuoso, com ganhos em todas as pontas, impulsionado pelas exportações, mas justamente por isso começa a expor um viés perigoso que pode até virar crise futura.

O ciclo pecuário está todo bagunçado, sem capacidade de repor a oferta de animais ante demandas extras – e que devem continuar em crescimento firme ao menos para 2020 – em que pese o Brasil ter o maior rebanho do mundo com mais de 210 milhões de cabeças.

Pode chegar o momento que os ganhos vão ser limados pela baixa capacidade operacional.

Com esse cenário, Guedes acredita que a Câmara precisa a começar a discutir mais fortemente a conjuntura setorial e não apenas questões pontuais, como sanidade animal, entre outras.

Também vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Sebastião Guedes teve o mandato expirado em junho, mas sob pedido da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, permanece até agora, inclusive com acenos do gabinete dela para que apresente sua recandidatura.

Órgão de assessoramento do governo (agregando representantes de toda a cadeia), cujas decisões e orientações podem ser acatadas e virarem normativas do Mapa, esta e as outras câmaras temáticas não têm poder, no entanto, de influir em decisões de foro estratégico, que compete a cada empresa. “Mas pode ter, sim, poder de pressão via ministério”, informa o presidente do colegiado, que elogia a administração atual do Mapa, “que faz as coisas andarem”.

“Não podemos chegar a esse ponto que estamos quase vivendo de não ter boi suficiente”, avalia.

Imagine se aumentar a demanda com novas liberações de plantas exportadoras para a China, como várias estão já sendo reivindicadas?

O cenário, no fundo, é bastante conhecido no setor. Há dois anos se abate muitas fêmeas, inclusive boas para reprodução e não apenas de descarte, “resultado da descapitalização do produtor”, necessitado de fazer dinheiro.

E também a valorização das novilhas, inclusive no mercado interno, acelerou o abate de vacas jovens.

Agora, se assiste a explosão de preços da reposição, já que a geração de bezerros é menor. E deve piorar o ano que vem, segundo várias análises.

Independentemente de comercialmente produtor e frigoríficos sempre estarão em lados opostos, defendendo suas margens, tem que haver algum entendimento mínimo para que todos se planejem melhor, afirma Sebastião Guedes, ciente, porém, de que não é tarefa fácil.

“Menos mal que a demanda China, nos patamares atuais, pode até crescer mais um pouco, mas deverá cair em mais dois a três anos”, espera ele, mencionando até análise de Money Times (26/11), quanto a possibilidade de que o plantel chinês de aves e porcos vai começar a se recuperar e estimular a redução das importações de todas as carnes num futuro não tão longe.

Questões pontuais

Ainda tendo que debater aspectos sanitários, como o cronograma de fim da vacinação da aftosa nos estados – o Paraná já não vacina mais em 2020 -, a Sebastião Guedes reclama de “picaretagens” que precisam ser equacionadas no setor.

Uma delas já está na mesa da ministra. Trata-se da tentativa de cobrança de uma taxa de resfriamento da carne que alguns frigoríficos estão tentando impor aos produtores gaúchos.

“Um absurdo. Como se a Arábia Saudita amanhã resolvesse descontar na importação o resfriamento da carne brasileira quando lá chegasse”, complementa.

Com esse nível de debate na cadeia, pensar em ações conjunturais minimamente organizadas é algo que a Câmara vai ter que lidar.

Fonte: Money Times.

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