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Cadeia de carnes do Uruguai deixa de ganhar US$ 35 milhões anuais devido ao manejo errado do gado

A cadeia uruguaia de carne deixa de ganhar US $ 35 milhões por ano devido ao manejo incorreto dos animais.

Com o objetivo de conscientizar os produtores e seus colaboradores, o Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA) e o Instituto Nacional de Carnes (INAC) estão desenvolvendo algumas palestras nos 10 frigoríficos que participaram da última auditoria de qualidade da carne. Parte destas perdas poderiam ser evitadas se em algumas propriedades o uso de bastões, golpes, o uso de cães ou mesmo, se o gado fosse melhor transportado para o frigorífico, evitando, assim, que se machucassem as carcaças.

Na semana passada, os dados da terceira auditoria de qualidade da carne foram apresentados em Frigroyí (Durazno), com grande participação dos produtores.

Marcia Del Campo Gigena, pesquisadora principal do Programa Carne e Lã do INIA, que tem doutorado em qualidade de carne, relembrou em diálogo com o El País que se perde US $ 17,5 por cada boi gordo abatido. Do total de 1.980.577 cabeças anuais, a cadeia de carnes deixa de ganhar US $ 35 milhões.

Desta perda global, tomando como base o abate de quase 2 milhões de cabeças bovinas por ano, o especialista apontou que US $ 3 milhões correspondem a contusões e US $ 16,5 milhões à alta acidez e cortes escuros (pH).

Essas contusões não são causadas apenas por golpes no caminhão quando os animais estão indo ao abate, a maioria vem dos próprios estabelecimentos, onde usam golpes e pancadas, além do mau manejo durante as vacinações que prejudicam os animais.

“O que queremos ver é que o produtor também perde dinheiro com hematomas e contusões. Essa carne é removida antes da quarta balança”, lembrou a especialista (o gado é pago nesse ponto do sistema de caixa preta).

Por sua vez, a indústria também perde dinheiro, porque “nessa carcaça você tem que remover gramas de carne, muitas vezes você pode comprometer o calibre de um corte de maior valor, que em vez de ir a um mercado de primeira, deve ser destinado a um mercado de segunda,” acrescentou Del Campo.

Em muitos casos, por exemplo, um corte de alto valor destinado à União Europeia deve ser enviado, devido a esse problema, para outro destino que pague menos.

Em caso do pH elevado, Del Campo explicou que a indústria é forçada a congelar essa carne para poder vendê-la; o mercado de carne congelada é de menor valor comparado ao de carne resfriada.

O objetivo das reuniões com produtores e trabalhadores rurais é “refletir sobre o manejo dos animais antes do abate, enfatizando o bem-estar animal, porque os bons atributos de tratamento valorizam a carne diretamente por ser uma questão ética e social”, disse Del Campo.

Cumprir as exigências de bem-estar animal exigidas pelos consumidores é um dos grandes desafios que a produção pecuária mundial enfrenta, porque em muitos países esse atributo já está sendo certificado e esa carne é mais bem paga.

Além de ser uma questão ética e social, Del Campo lembrou que “o bem-estar animal tem um claro impacto sobre as características organolépticas e também tecnológicas da carne”.

Para este especialista, “há uma grande necessidade no nível de produção” e esclareceu que “continuar dependendo de mercados de alto valor, que são os que têm as maiores demandas de seus consumidores em termos de bem-estar animal, envolve mudanças nos sistemas produtivo e no manejo de animais.”

Em muitos casos, há produtores que já entenderam e se adaptaram a essas mudanças, mas em outros casos ainda há muito trabalho a ser feito para evitar a perda de dinheiro.

Fonte: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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