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BRF diz estar aberta para negociar fusão no Cade

A companhia está disposta a negociar marcas menores, como a Rezende ou a Wilson. Mas o entendimento é de que não dá para vender as marcas Sadia ou Perdigão, pois elas representam a essência da fusão.

A Brasil Foods (BRF) divulgou nota sobre o parecer da Procuradoria Federal Especializada junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a operação societária que envolve a Sadia e a Perdigão. Conforme o comunicado, a procuradoria sugeriu ao Cade que a operação seja aprovada, mas condicionada a restrições, “desde que possibilitem, efetivamente, que um terceiro agente econômico possa contrastar o poder de mercado gerado para a BRF e/ou que se possibilite repartir com os consumidores as eficiências decorrentes da operação”.

Segundo a BRF, “nos termos do parecer, a hipótese de reprovação somente se daria se não for encontrada uma alternativa que atenda às premissas indicadas, fato não considerado ou cogitado pela empresa, que durante todo o processo esteve e está aberta a uma solução negociada”.

A companhia ressalta no comunicado que o parecer da procuradoria não tem conteúdo decisório ou vinculante e “trata-se apenas de mais um documento de auxílio ao julgamento da operação pelo Cade, que não está limitado aos seus termos”. De acordo com a BRF, é importante destacar que o parecer “não está baseado em qualquer fato novo, mas sim no conjunto de documentos produzidos até o presente momento”.

“A BRF reafirma a sua convicção de que existem argumentos técnicos capazes de demonstrar ao Cade que a operação é pró-concorrencial e reforça a presença e a competitividade do Brasil no exterior”, diz a empresa. “Tendo em vista a ausência de barreiras relevantes à entrada, a existência de intensa rivalidade e a geração de substanciais sinergias e eficiências que serão repassadas ao consumidor final, a BRF se mantém confiante na aprovação da operação pelo Cade”, acrescenta.

“Por fim, a empresa esclarece que continua defendendo a sua opinião junto ao Cade, acreditando em uma solução na esfera administrativa, sem, no entanto, abrir mão de todos os meios de defesa dos seus interesses”, conclui.

A companhia está disposta a negociar marcas menores, como a Rezende ou a Wilson. Mas o entendimento é de que não dá para vender as marcas Sadia ou Perdigão, pois elas representam a essência da fusão.

As negociações também devem girar em torno da marca Batavo. A Brasil Foods discute qual a viabilidade de o órgão antitruste mandar vender essa marca, pois a Batavo é forte em segmentos lácteos, mas não em carnes. E os órgãos antitruste viram problemas nos segmentos de carnes e de frangos congelados.

Segundo o Valor Econômico apurou, o Cade e as empresa ainda não chegaram a um entendimento no mercado de margarinas. A Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda listou algumas marcas que acharia interessante de serem vendidas para a concorrência, como Doriana, Claybom e Escolha Saudável. A BRF entende que o mercado de margarinas é competitivo e não tem barreiras à entrada de concorrentes.

Fontes próximas à empresa admitem que “desde sempre” a Brasil Foods sabia que teria de vender alguma de suas marcas para que a união fosse aprovada pelo Cade. Mas vender a marca Perdigão ou Sadia é considerado algo “absurdo”. O argumento é que existem, sim, produtos que concorrem com essas marcas no mercado, como os da Seara.

A BRF também resiste à venda de fábricas, diz a mesma fonte, uma vez que elas têm diferentes linhas de produção, de diferentes marcas. Assim, não seria possível separar os ativos, argumenta. A venda de um grande complexo industrial, como Lucas do Rio Verde (MT), como condição para a união, também é algo que a BRF busca evitar. Nessa unidade, por exemplo, a então Sadia investiu mais de R$ 1 bilhão. Portanto, uma venda teria de ser feita por um valor semelhante.

Um experiente analista do setor duvida que a empresa abrirá mão das marcas Sadia e Perdigão. Mas reconhece que “algo precisa mudar”. “Basta ir ao supermercado, para ver isso. Internamente, a BRF não tem concorrentes”, comenta. Ele observa que, apesar dos últimos investimentos em marketing feitos pela Seara, a empresa ainda é mais forte na exportação que no mercado interno.

Mesmo considerando que o Cade tomará alguma medida restritiva, esse analista acredita que “não há como voltar atrás” na união. E afirma que uma restrição muito forte à união entre Sadia e Perdigão teria impacto econômico e social, o que não interessa ao governo. Ele lembra que, no último ano, a empresa foi o terceiro maior exportador do país, atrás apenas de Vale e Petrobras. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Sadia e BRF – os números ainda estão separados no levantamento – ficaram em nono e décimo lugar, respectivamente, no ranking dos exportadores brasileiros. As duas juntas venderam ao exterior US$ 4,41 bilhões, o que coloca a BRF no terceiro posto entre os exportadores.

As informações são da Agência Estado e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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