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BRF define as fábricas que serão vendidas

A Brasil Foods anunciou ontem quais são as dez fábricas e quatro abatedouros que devem ser vendidos para atender às exigências feitas pelo Cade para aprovar a fusão Sadia/Perdigão, que deu origem à companhia. "Estamos vendendo uma empresa com abrangência nacional e capacidade de concorrer conosco", disse Wilson de Mello Neto, vice-presidente de assuntos corporativos da BRF.

A Brasil Foods anunciou ontem quais são as dez fábricas e quatro abatedouros que devem ser vendidos para atender às exigências feitas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para aprovar a fusão Sadia/Perdigão, que deu origem à companhia.

A empresa irá vender as unidades de São Gonçalo dos Campos (BA), Bom Retiro do Sul (RS), Lages (SC), Salto Veloso (SC); Duque de Caxias (RJ), Santa Cruz do Sul (RS), Três Passos (RS) e Brasília (DF). Além disso, irá negociar parte das plantas de Carambeí (PR) e Várzea Grande (MT) e os equipamentos industriais da unidade de Valinhos (SP). Em quatro localidades, há tanto fábrica quanto abatedouro (São Gonçalo, Três Passos, Brasília e Carambeí).

A BRF também terá que se desfazer de 12 granjas, 4 fábricas de ração e 8 centros de distribuição. Além disso, será obrigada a repassar marcas, como Rezende e Doriana, assim como suspender a venda de alguns produtos da Perdigão e da Batavo por até cinco anos.

O Cade determinou ainda que esse conjunto de ativos terá de ser absorvido por apenas um concorrente. O objetivo é dar escala para que a empresa compradora possa competir com a BRF. “Estamos vendendo uma empresa com abrangência nacional e capacidade de concorrer conosco”, disse Wilson de Mello Neto, vice-presidente de assuntos corporativos da BRF.

O diretor técnico da Informa Economics/FNP, José Vicente Ferraz, diz que, apesar do esforço, não há garantia de que a nova empresa consiga concorrer com a BRF. “É uma tentativa de preservar a concorrência, mas isso vai depender da qualidade de gestão de quem assumir.”

A BRF estima uma perda de cerca de R$ 3 bilhões no faturamento após a venda dos ativos e a suspensão das marcas – 13% da receita líquida (R$ 22,6 bilhões). Os ativos vendidos têm capacidade para produzir 730 mil toneladas de alimentos derivados de carne e 96 mil toneladas de margarinas por ano, o correspondente a 80% da capacidade produtiva da Perdigão anterior à fusão.

Segundo analistas, as unidades colocadas à venda não incluem as fábricas mais modernas da Brasil Foods, localizadas em Rio Verde (GO), Lucas do Rio Verde (MT) e Vitória de Santo Antão (PE). O Cade estabeleceu o volume de vendas, mas foi a empresa que escolheu as unidades que disponibilizaria aos concorrentes. “O pacote não incluiu as melhores unidades, mas a maior parte das fábricas da BRF está muito acima da média do mercado”, disse um analista que preferiu não identificar. Apesar da diferença tecnológica, esse tipo de indústria ainda é muito intensiva em mão de obra e as margens operacionais das fábricas da BRF são parecidas.

Segundo um outro profissional, o mais valioso é a logística de distribuição, que vai permitir acessar os clientes da BRF e mercados regionais. A empresa não divulgou onde estão localizados os oito centros de distribuição que serão colocados à venda.

Pedro Herrera, analista do HSBC nos EUA, acredita que empresas estrangeiras e brasileiras terão interesse no pacote. Ele destaca que as fábricas envolvidas estão associadas a um pacote de marcas populares, como Rezende, Wilson e Confiança. “Para uma multinacional que esteja interessada em entrar no mercado brasileiro e ter acesso aos consumidores emergentes do País, essa é uma oportunidade importante”, disse Herrera.

Boa parte dos analistas acredita que o vencedor será um player local, porque o governo não gostaria de entregar os ativos a um estrangeiro. Nesse caso, o principal interessado seria o Marfrig, que já possui a marca Seara. O JBS também estaria no páreo, pois atua no setor de frangos no exterior, mas no Brasil permanece focada apenas em bovinos.

No total, as unidades colocadas à venda empregam cerca de nove mil funcionários e têm ao redor de 1.300 integrados, tanto de aves quanto de suínos, conforme a assessoria de comunicação da BRF. A lista, enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), provocou apreensão dos funcionários e criadores integrados ligados às plantas que serão vendidas.

Representantes dos sindicatos dos trabalhadores de algumas das localidades afetadas ouvidos disseram temer demissões após os seis meses durante os quais o comprador terá que manter o nível de empregos nas unidades. Já as entidades dos integrados reclamam que sequer têm garantia de prazo mínimo para a continuidade do fornecimento de animais. O prazo de seis meses sem demitir está previsto no acordo em que o Cade permitiu a compra da Sadia pela Perdigão.

Em Três Passos a BRF abate 1,3 mil suínos por dia e fabrica ração para abastecer os 200 integrados da região, informou o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da cidade, Erhardt Hepp. A unidade produz cortes com a marca Sadia e planejava aumentar os abates para 4 mil animais/dia a partir de 2012, acrescentou. Segundo ele, a determinação da venda causou “surpresa”, porque no fim de 2010 a empresa havia dito que a unidade seria preservada. “Agora não está claro se o comprador será obrigado a manter o número de integrados”, disse.

O temor é semelhante para os 363 empregados da planta de Bom Retiro do Sul, onde a BRF produz 1,9 mil toneladas por mês de embutidos das marcas Perdigão, Confiança e Batavo, afirmou o presidente do sindicato dos trabalhadores na indústria da alimentação da cidade, Pedro Malamnn. “Não temos garantia de que os empregos serão mantidos após os seis meses”, disse. O vice-presidente do sindicato de Santa Cruz, Renê da Rosa, também teme pelo futuro dos 400 funcionários da Excelsior, que produz embutidos.

Em Carambeí, serão vendidas as linhas de abate, cortes e de embutidos suínos das marcas Perdigão e Batavo, que absorvem mil dos 4,8 mil empregados da unidade. Os demais trabalham em produtos avícolas e lácteos, que permanecerá com a BRF. “A situação aqui é complexa, porque toda a estrutura de apoio, como refeitório e transportes, é unificada”, disse o secretário-geral do sindicato dos trabalhadores na indústria da alimentação da cidade, Wagner Rodrigues.

Em Várzea Grande, a BRF irá colocar à venda a unidade de processados. A operação de bovinos não será afetada. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Várzea Grande, Fernando Sé, a unidade da BRF é a maior geradora de impostos na cidade e uma das maiores empregadoras.

As informações são da Folha de S.Paulo, do jornal O Estado de S.Paulo e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

1 Comment

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Esta seria uma,muito,boa oportunidade para JBS quebrar seus dogmas e paradigmas.

    E com isto poder intensificar uma gestão de maior confiança junto a seus acionistas.Trabalhar Marcas e melhores agregações é tudo que lhes falta em relação ao mercado,bem como sua independência sustentável.

    Isto também irá obrigá-los a rever o seu modelo de governança corporativa hoje aplicada pela companhia,o que seria muito bom também,seria este mais um salto rumo ao maior e melhor maturidade de seu profissionalismo.

    A caso JBS deixar passar,ou não consiga aportes,este investimento que poderia,a meu ver é,ser um divisor de águas,mudando seu principal foco,que hoje é apenas commoditista.  

    JBS e Marfrig precisam se preparar para ter um grande player em seu ambiente natural,ou seja em bovinos,BRF vem ai…

    Esta situação também mudará,provavelmente,planos de crescimentos de indústrias frigoríficas que já trabalham transformações de matérias primas básicas,estas empresas tendem a acelerar seus investimentos,é um momento muito oportuno para isto,além de que o mercado esta bastante receptivo,na verdade carente,a novas Marcas.

    Se Marfrig conseguir conquistar estas unidades dará um grande salto,e estará consolidado com SEARA tornando-se um grande player em todas as proteínas e industrializados de base animal.Além de diminuir o,hoje,existente hiato existente entre Marfrig,via sua Marca,e BRF,via suas Marcas.

    Tyson também já esta com pezinho no Brasil,quer e precisa crescer suas operações aqui,esta é uma oportunidade de grande relevância para eles,não deverão brincar com esta grande oportunidade.

    Se Tyson conseguir esta aquisição,é esperar,porque também partirão firmes para bovinos,por obrigação,necessidade e oportunidades.

    As demais empresas do setor de proteínas animais movimentam-se.Já sabem que precisam tornar-se empresas multi proteínas.Daqui para frente deverá haver muitas mudanças e muitas fusões e aquisições em proteínas diferentes as naturais das nascedouras das empresas que partirem para este conceito.  

    Volto a afirmar.Em cinco anos teremos um novo conceito no setor de proteínas animais,as mudanças deverão ser profundas,e não reconhecerão dogmas e paradigmas,estes serão atropelados.

    Assim como empresas que operam com gestões ultrapassadas desaparecerão (ou terão que se transformar muito rapidamente,e com muita atenção para cometer erros capitais),não há mais espaço para amadorismos empreenditivos,apenas.É preciso saber gerir,em casas após a vírgula,em relação a cifras.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

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