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Brasil tem estoque de fertilizantes para três meses, diz indústria

O Brasil tem estoques de fertilizantes para os próximos três meses, informou ontem a Anda, associação que reúne as indústrias do segmento. Na quarta-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou, em conversa com jornalistas, que haveria estoques de passagem suficientes até outubro.

“A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado. Destaca-se que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores”, disse a Anda, em nota. A conta soma o que já está nos portos. Não entraram no cálculo cargas que estão saindo do país de origem a caminho do Brasil.

Com a guerra na Ucrânia, o tema segue pautando governos e os setores de agronegócio e alimentos, já que os nutrientes são fundamentais para lavouras em todo o mundo, não só no Brasil. Nos últimos dois anos, oferta e demanda estão ajustadas nesse setor, o que explica, em parte, a forte alta de preços de 2021.

A Rússia é um dos maiores fornecedores do mundo de nitrogenados, potássicos e fosfatados, sobretudo os dois primeiros. Os três grupos são os principais macronutrientes usados como base em adubos. Apesar da importância de Rússia e Belarus – fornecedor de potássio -, a entidade lembra que os países do Leste Europeu representam cerca de 25%, ou 9 milhões de toneladas, do volume que o Brasil importa por ano.

Em 2021, o país importou 41,6 milhões de toneladas, segundo a Conab. A maior parte chegou pelo porto de Paranaguá (PR), que recebeu 11 milhões – 28% do total, segundo o Siacesp (Sindicato da Indústria em São Paulo). A estimativa para as entregas de fertilizantes aos agricultores brasileiros no ano passado chega a 46 milhões de toneladas.

As indústrias informam, também, que seguem “atentas” sobretudo ao fornecimento de cloreto de potássio, já que não só a Rússia, mas também a aliada Belarus, enfrentam sanções. “A atenção se justifica, dado que 3 milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia”, afirma a nota da Anda.

Entre os três principais macronutrientes, o potássio é o único que deve passar por crise de escassez no mundo, disse a StoneX em relatório distribuído a clientes nesta semana. Vale lembrar que as sanções impostas especificamente a Belarus – e que comprometeram o fornecimento de 2 milhões de toneladas de potássio ao Brasil – foram impostas por EUA e União Europeia antes do início da guerra na Ucrânia.

A publicação dos embargos ocorreu no ano passado. A produtora belarussa (Belaruskali) está sancionada pelos EUA desde dezembro e, em consequência dos efeitos das sanções, a Belarusian Potash Company (BPC) declarou força maior em fevereiro deste ano. A companhia admitiu não conseguir cumprir contratos por problemas logísticos. Além disso, os importadores não conseguem efetuar pagamentos.

A Anda se refere aos fertilizantes nitrogenados como “mais um ponto de atenção” – em especial o nitrato de amônio, porque o Brasil importa “volume expressivo” da Rússia. As importações chegam a quase 100% das necessidades do país, segundo a StoneX. “Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor”, continua a Anda.

Embora já existam restrições bancárias, a indústria afirma que as transações entre empresas privadas estão sendo feitas. Já para os problemas com logística marítima, “o mercado está buscando soluções”, diz o comunicado. Em meio às incertezas, novas vendas das indústrias a seus clientes – revendas e grandes produtores – estão paralisadas nos últimos dias.

Fonte: Valor Econômico.

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