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Brasil deve melhorar qualidade da carne para não perder mercado

Com o maior rebanho mundial e ocupando o segundo lugar em produção e exportação de carne bovina, o Brasil tem agora o desafio de melhorar a qualidade do produto, segundo o gerente de Inteligência de Mercado da Minerva Foods, Leonardo Alencar.

“O aumento de produção tem que vir com ganho de qualidade. Sem ganho de qualidade, há o risco de termos que comer mais e mais, porque os países lá fora não vão querer comprar nossa carne”.

Alencar participou do 5o Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Curitiba.

“O mercado internacional conhece a carne do Brasil, sabe que é competitiva e de qualidade, mas o ponto principal [que faz com que compre a carne brasileira] ainda é a competitividade, mais que a qualidade”, diz o gerente.

O Brasil, segundo Alencar, está bem posicionado internacionalmente.  “O Brasil tem hoje produto de qualidade e produto sem qualidade, tem produto barato, bastante competitivo. A gente consegue atender a quase todos os mercados. Exportamos para mais de 100 países. Os Estados Unidos e a Austrália exportam para menos de cinco países. O Uruguai, a Argentina, todos para poucos”.

De acordo ele, Brasil tem produção bastante heterogênea, o que acaba prejudicando a imagem do produto. Atualmente, um dos principais concorrentes é a Índia, que oferece carne barata e de baixa qualidade.

“A gente tem que continuar se diferenciando para não ficar nessa briga com a Índia. Hoje temos a carne ingrediente, a da Índia, que é consumida misturada em outros produtos, tem aquela carne que se compra no supermercado e até mesmo em restaurantes, que é a carne dos EUA, e tem a carne premium, que é do Uruguai, da Argentina e Austrália. O Brasil precisa caminhar nesse sentido”, defende.

Para Alencar, o Brasil consegue atender a nichos específicos de qualidade, mas a maior produção do país “ainda está longe disso”.

Alencar diz que o Brasil tem cenário favorável, primeiro pela diminuição da exportação de outros países. Entre 2000 e 2017, a Rússia registrou retração de 34,3%; o México, de 34,6%; a China, de 21,2%; e os Estados Unidos, de 4,8%. Como segundo fator, ele cita o aumento do rebanho. Também entre 2000 e 2017, o Brasil aumentou em 54,5% o rebanho. Outros países da América do Sul que se destacam no mercado da carne bovina tiveram aumentos menores: o Paraguai aumentou em 39,8%; a Argentina, em 6,3%; e, o Uruguai, em 12,2%.

“Temos que continuar aumentando os investimentos e melhorando produtividade. Agora, isso não pode ser feito de maneira desconexa em relação à qualidade, ou vamos começar a inundar o mercado com uma carne que não necessariamente tem a absorção no ritmo em que a gente está mantendo a produção”.

Fonte: Agência Brasil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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