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Bolsonaro vai à Argentina sem expectativa de fechar acordos relevantes

O presidente Jair Bolsonaro desembarca nesta quinta-feira (6) em Buenos Aires com uma ampla agenda, porém sem a expectativa de que algum acordo significativo seja fechado durante a visita ao país vizinho.

Há a expectativa em relação aos protestos programados contra o presidente brasileiro, que vem dando polêmicas declarações sobre o processo eleitoral no país vizinho, alertando contra um possível retorno de Cristina Kirchner, rival do presidente Mauricio Macri, ao poder. Sindicatos, organizações de defesa dos direitos das mulheres e grupos LGBT já anunciaram uma manifestação para a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, enquanto Bolsonaro estiver reunido com Macri.

Bolsonaro levará consigo sete ministros (Defesa, Relações Exteriores, Economia, Agricultura, MME, Ciência e Tecnologia, Gabinete de Segurança Institucional). E, segundo fontes do governo, os países negociam uma declaração conjunta e a assinatura de um memorando de intenções nas áreas de defesa, bioenergia e mineração.

Os presidentes também devem discutir temas regionais, como a situação da Venezuela, Mercosul e negociações do bloco sul-americano com a União Europeia por um tratado de livre-comércio. Porém, tampouco deverá sair alguma resolução importante nesse encontro bilateral, uma vez que isso envolve outros países membros, como o Uruguai e o Paraguai.

Abertura comercial

Diplomatas de Brasil e Argentina negociavam uma declaração conjunta de intenções sobre defesa. A intenção é iniciar um processo de cooperação e integração produtiva de empresas dos dois países nesse setor. Também devem conversar sobre a possibilidade de o governo argentino comprar algumas unidades do avião militar KC-390, fabricado pela Embraer.

A Argentina transferirá em julho a presidência temporária do Mercosul para o Brasil. Os dois governos estão afinados quanto à ideia de facilitar o comércio dentro do bloco, promover uma revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) e derrubar barreiras.

O governo brasileiro entende que há uma sensibilidade por parte da administração de Macri quanto à importância de derrubar medidas protecionistas em diversos setores. Porém, há em Brasília a consciência de que essas mudanças não ocorrerão “da noite para o dia” e “que são questões delicadas que têm de ser tratadas com alguma prudência”, segundo fontes.

“Nosso desejo de abertura comercial interna encontra reflexo do lado argentino também”, disse uma fonte do governo brasileiro.

O Itamaraty ainda não fez um cálculo sobre em que medida uma eventual vitória do kirchnerismo na eleição presidencial de outubro pode minar esse processo de abertura comercial. A orientação em Brasília é continuar trabalhando com a premissa de que o próximo governo argentino terá a 06/06/2019 Bolsonaro vai à Argentina sem expectativa de fechar acordos relevantes mesma orientação comercial da atual administração.

A surpresa de Cristina

O governo brasileiro foi pego de surpresa com o anúncio feito em maio pela ex-presidente Cristina Kirchner de que será vice na chapa de Alberto Fernández. Nos últimos meses, Bolsonaro vinha dizendo que uma vitória de Cristina e seu retorno ao poder era uma ameaça para a região, que poderia ganhar “uma outra Venezuela”.

Os diplomatas do Itamaraty não conseguem prever se Bolsonaro dará outras declarações como essa sobre a política interna, durante sua visita ao país vizinho — algo que, apesar de pouco convencional para um chefe de Estado, não causaria surpresa no caso do presidente brasileiro.

Segundo fontes, não há regras nem tampouco um manual para o que um chefe de Estado pode ou não declarar.

Fonte: Valor Econômico.

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