Boi gordo: pouca oferta sustenta preços no físico

Como reflexo do encurtamento das escalas de abate e da compra dificultada, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 78,76/@, com valorização de R$ 0,52. O indicador a prazo teve alta de R$ 0,55, sendo cotado a R$ 79,79/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

A BM&FBovespa apresentou mais um dia de alta. Março/09 que foi liquidado ontem, fechou a R$ 78,10/@, com desvalorização de R$ 0,40. Os contratos com vencimento em abril/09 registraram alta de R$ 0,55, fechando a R$ 78,30/@, porém o número de negócios foi muito pequeno. Maio/09, o contrato com maior liquidez no momento, fechou a R$ 77,49/@, com variação positiva de R$ 0,74. A maior variação ocorreu nos contratos que vencem em novembro/09, +R$ 1,68, que fechou a R$ 85,00/@.

Segundo Rodrigo Brolo, broker da TradeWire Brazil, “depois de um movimento forte de alta motivado pela firmeza do mercado físico e ordens de stop de investidores que estavam vendidos, o mercado futuro opera em queda nessa manhã. Praticamente sem deságio frente ao Indicador, o vencimento maio/09, contrato mais líquido, não encontra compradores nos patamares de fechamento de ontem, o que provoca a entrada em larga de escala de vendedores que tentam liquidar posições para realizar o lucro da alta. O mercado físico de boi gordo e o atacado de carne ainda estão firmes, com negócios a R$ 72,00 no MS e R$ 78,00 livre em SP, porém até o momento nada indica que os preços possam pular para R$ 75,00 no MS. Tendência é de mercado lateral até que o Indicador mostre a que níveis possa chegar”.

Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 31/03/09

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x contratos futuros para maio/09

No mercado físico, o vendedor segue retraído e a oferta de animais para abate é reduzida, causando recuos nas escalas de abate. Em São Paulo, poucos negócios foram efetivados e a maior necessidade de compra pelas indústrias paulistas garante firmeza aos preços da arroba.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

No atacado todos os cortes apresentaram valorização, o traseiro foi cotado a R$ 6,10, o dianteiro a R$ 4,20 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico teve valorização de 2,02%, sendo calculado em R$ 75,90/@. Com o equivalente se valorizando mais do que o preço pago pela arroba (0,66%), o spread (diferença) entre indicador e equivalente recuou para R$ 2,86/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 640,78/cabeça, com alta de R$ 0,22. A relação de troca subiu para 1:2,03.]

Rússia

Esta semana a Reuters trouxe uma notícia pouco animadora para o setor, segundo o chefe da Associação Nacional de Carne da Rússia, “o consumo de carne suína e bovina cairá 20% este ano, e o país cortará importações à medida que a crise econômica global induz consumidores a comprarem carnes mais baratas como as de aves”.

“Nós esperamos que o declínio ajude produtores de frango, uma vez que a demanda muda para as carnes de aves”, disse Sergei Yushin. Yushin, disse que a Rússia deveria manter as atuais cotas de importação de frango e suíno. No entanto, as cotas para importação de carne bovina poderiam aumentar em 20% e 25% a partir de 2010, à medida que o rebanho na Rússia continua caindo, acrescentou ele.

De qualquer forma agentes ligados à exportação de carne consultados pelo BeefPoint, comentam que os efeitos da crise já começam a dar sinais de enfraquecimento em alguns países e aos poucos o crédito começa a aparecer, podendo causar reflexos positivos na exportação de carne bovina brasileira. Hoje o MDIC deve divulgar os dados preliminares das exportações de março, vamos aguardar e conferir como está sendo o desempenho.

André Camargo, Equipe BeefPoint