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Boi gordo goiano teve pico anual em 01/nov e para subir mais depende da @ de SP

Ela, a carne, tem que acordar, para “dar linha para a pipa da @ subir de vez”. Sem isto, a margem dos frigos está caindo consistentemente a 3 semanas, diferentemente do que ocorreu com a alta de 2010. Lá, os frigos e os produtores ganharam mais dinheiro. Hoje, só o produtor está ganhando mais. Tudo bem que a margem dos frigos repousa nas alturas a quase 2 anos, mas quando só um lado ganha, o movimento de alta vem com menor força.

Ao nosso estimado exército de produtores de carne,

Carne?

Sim, produzimos carne e não bois… Lembrem-se bem disto… Abaixo entenderá o que quero dizer. Isto é uma grande diferença e complicação quando nos comparamos aos agricultores. Como muito bem me ensinou o Agrônomo Armélio Martins, o agricultor planta soja e colhe soja, nós plantamos capim e colhemos carne. O agricultor lida com a relação direta de solo>planta e nós temos um animal entre os dois pilares do agricultor. A nossa equação é mais complexa: solo>planta(capim)>boi>carne.

Pensem nisto. Daqui a pouco falaremos mais.

Outra coisa, nas ruas já paira no ar o clima do velho Noel. Lojas sazonais de venda de enfeites brotam nas esquinas, os primeiros enfeites já reluzem nas noites. No maior Shopping de Goiânia o cavalo do Noel já está exposto para a sua chegada na próxima terça… Ué, cavalo? Sim, aqui na terra do pequi, Noel que é comedor de pequi também, chega de alazão e não de rena… Verdade. Isto é verdade. Minha filhinha de dois anos adorou um cavalo de pelúcia de tamanho real.

E o mercado? Bom, esta semana, como vocês viram, enviamos uma edição extraordinária. O mercado entrou em ebulição. Nestes momentos, a “poeira da emoção e a expectativa” costumam “turvar nossa visão”. Vamos tentar humildemente clareá-la uma pouco aqui.

Bom, os números nos falam que a tal “fervura” ocorreu porque a @ de SP começou a dar sinais de reação de preços basicamente na última semana de outubro, mais precisamente no dia 24/10. Do dia 01 até o dia 23/10, nada aconteceu com a @, ficando ela com média de R$ 95,41 à vista.

De lá para cá, com o fechamento da quinta-feira (sexta foi feriado), a @ paulista à vista, traduzida pelo indicador da BM&F, assumiu o valor de R$ 97,28 à vista (com intervalo de preços entre R$ 95 e R$ 100).

Traduzindo em miúdos: a alta que até o último texto semanal era de R$ 1 no físico, passou para R$ 2. Curiosamente, o mercado subiu porque a máxima do boi subiu (os mesmos R$ 2, de 98 para agora 100), mas a mínima continuou estacionada em R$ 95. Ela tem que subir, caso contrário, isto não é um bom sinal para a alta.

Aqui em GO, mais uma vez este ano tem sido de quebra de paradigmas. Como nos ensinou o Rogério Goulart da Carta Pecuária, o mercado tem um passado marcado com certos padrões de comportamento que nos permitem estimar, portanto, os padrões futuros dos preços. Só que toda regra tem a sua exceção.

E mais uma ocorreu: continuamos, “como nunca na história deste país”, com diferencial de base extremamente estreito. Tudo bem, o diferencial do dia 23/10 que fiz questão de escrever dias atrás aqui ainda é o menor (1,98%), mas nossa @ goiana ainda orbita ao redor da paulista com um deságio de apenas 2,5%, para pegar o fechamento de quinta. Cremos no preço de R$ 95 à vista x R$ 97 a prazo, como o mais comum no balcão, mas não está nada raro escutar ofertas e mesmo negócios pontuais em GO nos mesmos preços paulistas. Sinal dos tempos.

E o mais impressionante, as escalas. São para apenas 2 a 3 dias úteis. Impressionante. Aqui o confinamento é fundamental mesmo.

Agora, algo importante: independente do preço que a @ vai chegar, considero este diferencial de base um “baita” (como diria o comentarista de futebol Neto) presente de natal para o produtor de carne goiano. Vamos aos fatos, pois, a gente esquece rapidinho… Primeiro, uma pergunta: quando foi o pico de preços da @ de SP (nosso referencial) deste ano? Foi no dia 23/jan, você acredita? Naquele dia o indicador valia R$ 99,81 à vista (av). Que setembro, que outubro, que nada! Até agora, janeiro cravou o pico do indicador… Outro paradigma, que pode ser quebrado, mas já é de se espantar.

E quando foi o pico da @ goiana (Cepea de Goiânia, coluna 1)? Foi no último fechamento, de quinta, dia 01/nov. Ué, mas o de SP não foi no dia 23/jan? Sim, mas naquele dia, a @ goiana valia R$ 89,13, ou seja, um diferencial de base de -10,70% e agora temos um diferencial de -2,5%. Daí o R$ 94,85/@ da última quinta (véspera de Finados) ser o nosso recorde do ano. Só para se ter ideia, caso o diferencial estivesse o mesmo, nós estaríamos recebendo só cerca de R$ 87 av ao invés de quase R$ 95 av. Entendeu o presente de Natal?

Mas e para onde vamos agora? Com a alta de R$ 1, o mercado futuro pagava um ágio de mais de R$ 5 para o novembro. Com a alta de R$ 2 então… Então, nada!

Ué? Mas se com R$ 1 de alta, o mercado futuro explodiu na semana retrasada, com mais R$ 1 nesta semana passada, vou vender boi de R$ 110-120, não? Pode até ser, e tomara que seja, mas além da alta adicional de mais R$ 1, nesta última semana, também houve um fato muito importante: o mês de novembro virou “mês presente”.

Alertamos para alguns via SMS. Estávamos numa sinuca de bico, se o físico de SP não rasgasse para cima, este ágio que chegou a R$ 5,5 era um tanto arriscado e exagerado. E bastou o primeiro pregão do dia 01/11 e hoje o mercado paga somente R$ 2,70 de ágio. Ou seja, o mercado futuro compra o contrato de boi gordo de novembro com liquidação em 30/11 cerca de R$ 2,70 acima do indicador. Para quem pagava mais de R$ 5,00 a poucos dias… Queda de 50%.

Mas cadê a euforia? Bastou um pregão e caiu em 50% a venda de lotes na lua? (este ágio era exatamente isto).

O negócio é o seguinte: o boi em GO está querendo subir mais, vou repetir aqui, é um carro na ladeira, acelerado, quer embalar, mas está com o freio de mão e o freio do pedal totalmente acionados. Ambos. Por mais que vemos as coisas aqui de um modo muito positivo em GO, temos que ver do ponto de vista nacional, pois os nossos frigoríficoss são nacionais e não regionais.

E quem é este freio da @ goiana? Resp.: ele atende pelo seguinte nome: “preço da @ paulista”. Não adianta. O preço lá tem que rasgar para liberar o daqui. E aí é o problema. Ele não está rasgando. Até agora R$ 2 de alta e nem quebrou o recorde do fraquíssimo janeiro, pasmem. Então ele está também subindo, mas também freado? Até agora sim.

Mas quem seria o maldito freio de SP então? Vamos eliminar este cara malvado. Hum… este é um pouco mais complicado de achar, mas arriscaria minhas fichas em:

1. Uma oferta levemente melhor que a goiana (não que seja um “mar de boi gordo”, longe disto, muito longe, mas a dificuldade de compra de GO já se lembra a que houve em 2010, enquanto que em SP e MS, ainda não chegou definitivamente neste nível);

2. A carne em sono profundo…

E este para mim é o cerne. Nas altas de 2010 e mesmo 2011, a carne puxava a fila da alta. Agora o padrão de comportamento dela esta muito diferente. Ela está igual a uma “bela adormecida”. Estacionou em R$ 6,30/kg (carcaça casada do boi) e não acorda de jeito nenhum. Verdade que deu uma despertada em ago/12, mas logo voltou a hibernar.

Nem a escala mais curta, nem a exportação respirando, nem o suposto menor confinamento de 2012, nem o preço maior das carnes substitutas (frango ou suíno) bombadas pelos altos custos dos grãos, nada. Ninguém até agora fez esta bela adormecida acordar…

Ela, a carne, tem que acordar, para “dar linha para a pipa da @ subir de vez”. Sem isto, a margem dos frigos está caindo consistentemente a 3 semanas, diferentemente do que ocorreu com a alta de 2010. Lá, os frigos e os produtores ganharam mais dinheiro. Hoje, só o produtor está ganhando mais. Tudo bem que a margem dos frigos repousa nas alturas a quase 2 anos, mas quando só um lado ganha, o movimento de alta vem com menor força. Aqui em GO, eles já estão fazendo loucura para preencher escala e estão a beira de “abrir a caixa de ferramentas” e tomar atitudes mais sérias para conter o mercado. Acho isto.

E quem seria a bruxa que deu a “maçã envenenada” para a carne “dormir”? Hum… Seria a economia modelo 1.5% ao ano? Então tem também uma “bruxinha” que mora no planalto nesta história?

Veja: em 2010 a economia cresceu 7,5% e o pico do boi foi de R$ 116. Em 2011 a economia cresceu 2,7% e o pico do boi foi de R$ 107,50. Será que crescimento de 1,5% ou menos deste ano, poderia influenciar? Não podemos ignorar.

Se for isto mesmo, o décimo terceiro injetado daqui a alguns dias na veia da economia poderia fazer o papel de príncipe… A ver e torcer, para este beijo do 13º acordar a carne, nossa bela adormecida.

E não se esqueça, vou repetir o que escrevi: “Se você tem bois gordos para a venda, você é um felizardo. E atenção a você que tem estes animais para vender. Não queira acertar a mosca branca, e querer vender todos o seus bois no maior preço do ano. Sugiro que você vá fazendo média para cima, vendendo na alta. Não se esqueça: o melhor momento para vender é a alta.

Vale a máxima: se você acha que o boi vai subir muito ainda, venda pouco. Se você acha que vai subir só mais um pouco, então venda mais. Não deixe de vender na alta. Olho atento. Nos próximos dias/semanas, existe um cenário montado para termos os melhores preços do ano.”

Última dica: se você tem bois para vender agora, aproveite este momento para propor uma parceria com o frigo que você se relaciona… isto vai ser útil para você mais para frente.

1 Comment

  1. Paulo Emilio Prado disse:

    Otimo comentario. Sempre consulto o Rodrigo para decisoes de mercado.

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