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Boi bem manejado dá mais lucro

O pecuarista que ainda crê que o manejo de bovinos - seja no embarque para o frigorífico, seja para práticas rotineiras na fazenda, como vacinação - não requer atenção especial, nem gente treinada, e deve, antes de tudo, ser feito rapidamente, mesmo à custa de provocar ferimentos e stress nos animais, pode começar a rever este pensamento.

O pecuarista que ainda crê que o manejo de bovinos – seja no embarque para o frigorífico, seja para práticas rotineiras na fazenda, como vacinação – não requer atenção especial, nem gente treinada, e deve, antes de tudo, ser feito rapidamente, mesmo à custa de provocar ferimentos e stress nos animais, pode começar a rever este pensamento.

Se o bem-estar dos bovinos e dos trabalhadores não for argumento suficiente para o pecuarista adotar o manejo racional no rebanho, outro argumento fundamental pode convencê-lo: a certeza de um maior retorno econômico proporcionado por bovinos bem tratados.

É justamente este o foco do trabalho do Grupo de Estudos e Pesquisa em Etologia e Ecologia Animal (Grupo Etco), ligado à Unesp de Jaboticabal (SP). “O dia-a-dia de trabalho nas fazendas de bovinos de corte envolve várias atividades que precisam ser feitas com calma, atenção e sabedoria”, ensina uma das cartilhas publicadas pelo grupo.

Boas práticas

“Para que isto aconteça é recomendada a adoção de boas práticas de manejo que proporcionem melhores condições de trabalho, garantindo maior segurança e mais conforto para os vaqueiros e para os animais”, continua. “Falhas na execução do manejo relacionado ao embarque causam stress nos animais e aumentam os riscos de acidentes, que podem resultar em redução no rendimento de carcaças, dada a maior ocorrência de hematomas.”

“O Grupo Carrefour, por exemplo, que adotou nas fazendas fornecedoras de carne o manejo racional de bovinos, conseguiu reduzir de 20% para apenas 1,3% a porcentagem de carcaças rejeitadas por excesso de contusões”, conta o professor da Unesp Mateus Paranhos da Costa, coordenador-geral do Grupo Etco.

Paranhos explica ainda que, conforme o tipo de contusão, cada carcaça perde, no frigorífico, em média, entre 1 e 1,5 quilo de carne. “Se transpusermos estes dados para o rebanho de corte nacional, de 132 milhões de cabeças, esta perda atinge patamares inaceitáveis”, diz o professor.

Regras de manejo racional adotadas também para a vacinação dos rebanhos – entre elas, a contenção dos animais em bretes – reduzem o tempo gasto por animal na aplicação da vacina. “Na Fazenda São Marcelo, em Tangará da Serra (MT), por exemplo, contabilizamos: de 220 animais vacinados pelo manejo racional, gastaram-se 9,3 segundos por animal (ante 10,2 segundos pelo manejo convencional)”, diz outro membro do Grupo Etco, o zootecnista Murilo Quintiliano. “As doses perdidas de vacina foram 7 (ante 25 no manejo convencional). Além disso, no manejo racional não houve nenhum animal deitado, ante 14 do manejo convencional”, diz Quintiliano, explicando que, quando o animal deita, corre o risco de ser pisoteado pelos outros bovinos, que seguem em fila. “Isso machuca o animal, estressando-o e provocando lesões em sua carcaça.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

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