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BNDESPar lucraria R$ 2,5 bilhões se vendesse participação na JBS

Apesar dos questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) sairia no lucro se vendesse sua participação de 21,3% na JBS. Pelos cálculos do BNDES, o resultado positivo seria de R$ 2,5 bilhões.

O cálculo do resultado, que representa um retorno de 30% para o banco estatal, considera a cotação dos papéis da JBS na sexta-feira. As ações encerraram o pregão da B3 a R$ 9,62. O preço médio pago pelo BNDES nas ações adquiridas é de R$ 7,92, de acordo com o banco.

Na prática, o resultado positivo da BNDESPar com os investimentos da ordem de R$ 8,1 bilhões realizados – direta e indiretamente – na JBS entre os anos de 2007 e 2011 poderá ser ainda maior, caso o banco estatal venda suas ações aos valores recentemente ventilados no mercado.

Na semana passada, o colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, informou que a BNDESPar estava em estágio inicial de negociações para se desfazer das ações na JBS a fundos soberanos, em um negócio avaliado em R$ 7 bilhões.

Embora o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, tenha afirmado posteriormente que o investimento do banco estatal na empresa ainda não estava maduro, os montante sugerido representaria um significativo resultado. Se a BNDESPar angariar R$ 7 bilhões, o resultado dos investimentos na JBS alcançará R$ 3,9 bilhões, o que representa um retorno de 48,7%. A título de comparação, o investimento no Ibovespa renderia 45%.

Além dos recursos obtidos com as vendas de ações – o banco já se desfez de parte delas em 2012 e 2015 -, os cálculos incluem os dividendos que a BNDESPar recebeu da JBS, o prêmio de R$ 521,6 milhões pela conversão de debêntures e R$ 21,2 milhões em comissões de subscrição de valores mobiliários. Entre 2008 e 2017, o banco estatal recebeu R$ 476 milhões em dividendos da JBS.

Na quarta-feira passada, quando o TCU negou um pedido da Advocacia- Geral União (AGU) que pedia a indisponibilidade de bens da JBS, o acórdão com a decisão apontou que os técnicos do TCU calculavam indícios de perdas de cerca de R$ 5 bilhões do BNDES com o investimento na JBS. Ao Valor, fontes próximas ao banco contestaram a metodologia de cálculos usada pelo TCU.

Para chegar aos R$ 5 bilhões, o tribunal considerou, no acórdão publicado semana passada, uma perda de R$ 2,6 bilhões caso o BNDES venda os papéis da JBS que ainda possui. No entanto, o TCU usou o cotação das ações da JBS em seu pior momento, logo após a delação. No acordão, o TCU mencionou a cotação de R$ 6,73 em 3 de julho do ano passado. Desde então, porém, as ações da JBS se recuperaram e subiram mais de 40%. A JBS está avaliada hoje em R$ 26,25 bilhões.

No cálculo de perdas do BNDES, o TCU também considera R$ 532,9 milhões com a venda, no fim de 2012, de 296,4 milhões de ações da JBS para o Tesouro Nacional, uma triangulação feita pelo governo federal para capitalizar a Caixa Econômica Federal. Na época, as ações foram transferidas por R$ 6,04, abaixo do preço médio pago pelo BNDES nas aquisições dos papéis.

Do ponto de vista da União, fontes próximas ao BNDES argumentam que a operação não teve impacto negativo, o que bastaria para refutar os argumentos do TCU. A Caixa, também controlada integralmente pela União, recebeu essas ações.

O banco estatal alienou ações da JBS quando os papéis estavam na casa dos R$ 15, o que representou um lucro para a União. Atualmente, a Caixa tem pouco menos de 5% da ações da JBS, mas já teve cerca de 10%, após a transferência. Afora isso, as fontes próximas ao banco estatal também destacam que a transferência de ações ao Tesouro foi realizada a pedido do governo e amparada em um medida provisória da então presidente Dilma Rousseff.

Técnicos do banco também discordam da utilização da inflação para atualizar valores contábeis e do custo das ações usado pelo tribunal. O TCU não utilizou o preço médio para calcular esse custo.

Fonte: Valor Econômico.

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