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BM&F: commodities agrícolas tiveram forte valorização

A conjunção entre fatores climáticos, aquecimento do mercado interno e crescimento da demanda internacional por alimentos criou um cenário bastante favorável para a forte valorização dos preços domésticos ao longo do ano. Soma-se a esses fatores a desvalorização do dólar no âmbito internacional, fato que deixa as commodities agrícolas mais atraentes para os fundos e criam um cenário de maior volatilidade. Os principais destaques ficam por conta da soja e do café, que tiveram uma trajetória ascendente ininterrupta ao longo de todo o segundo semestre de 2010.

O investidor que fizesse uma aplicação de meros R$ 100 no primeiro dia útil de 2010 em uma das quatro principais commodities agropecuárias (boi gordo, café, soja e milho) negociadas na BM&FBovespa teria um ganho nominal superior ao de alguns dos principais papéis e ativos da bolsa. Ibovespa (alta de 0,53%), Renda Fixa (11,5%), CDI (9,75%) ou CDB (9,75%), nenhum deles superou sequer a soja, a agrícola com pior desempenho em 2010 – ganho de 27,6%, desconsiderando a inflação. O ouro subiu mais que o grão (30,65%).

Segundo cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), os preços das commodities superaram até mesmo as ações de empresas de grande porte, como JBS, (-24,11%) Petrobras (-23,87%) e Vale (17,26%). Todas as commodities agrícolas do mercado interno chegaram ao dia 29 de dezembro de 2010 acumulando ganhos anuais na bolsa brasileira.

A conjunção entre fatores climáticos, aquecimento do mercado interno e crescimento da demanda internacional por alimentos criou um cenário bastante favorável para a forte valorização dos preços domésticos ao longo do ano. Soma-se a esses fatores a desvalorização do dólar no âmbito internacional, fato que deixa as commodities agrícolas mais atraentes para os fundos e criam um cenário de maior volatilidade. Os principais destaques ficam por conta da soja e do café, que tiveram uma trajetória ascendente ininterrupta ao longo de todo o segundo semestre de 2010.

No caso do café, os preços atingiram ao longo do ano patamares nunca antes alcançados no mercado interno. Os problemas de oferta na Colômbia e nos países da América Central fizeram com que a demanda por cafés de qualidade migrasse para o Brasil. Os importadores identificaram no maior produtor e exportador do mundo garantias de abastecimento e qualidade, características essas mais sensíveis em outros fornecedores até então.

Segunda commodity agrícola mais rentável em 2010 no mercado interno, o boi gordo superou a barreira história de R$ 100 por arroba. Mesmo com a queda registrada em dezembro, resultado de uma substituição por outros tipos de carnes, o desempenho do ano foi resultado da redução da oferta de animais para abate.

Para a soja e o milho, o resultado positivo do mercado interno acompanha de perto o que aconteceu no exterior. A constante e crescente demanda chinesa, as perdas provocadas pela seca na Rússia e a ameaça climática que ainda ronda a América do Sul em um ano de La Niña criaram um ambiente bastante favorável à valorização dos grãos nas bolsas americanas, que acabaram influenciando fortemente o mercado doméstico.

Apesar da queda registrada no milho e no boi em dezembro, não existem sinais de que as cotações revertam a tendência positiva. A expectativa, contudo, é que as altas dos próximos meses sejam menos acentuadas.

A matéria é de Alexandre Inácio, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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