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Blue Apron: O que os produtores rurais americanos estão achando do serviço de refeição por assinatura

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Em 2012, foi lançada em New York City a Blue Apron, start-up pioneira em uma nova forma de colocar comida na mesa dos americanos – e também, uma nova forma de os produtores rurais venderem seus produtos. A empresa de refeições por assinatura fornece mais de 8 milhões de refeições por mês, cada uma embalada em caixas com ingredientes pré-selecionados e instruções passo a passo de receitas.

Fãs do serviço citam fatores como conveniência (não precisa ir na loja, não precisa medir, quase não há espaço para erro); custo (US$ 10 por porção, mais barato que a maioria dos restaurantes); qualidade (receitas sofisticadas que incorporam ingredientes frescos); e redução do desperdício (poucas sobras).

Os detratores lamentam as embalagens de plástico e as caixas de papelão que contêm todos esses ingredientes, sem mencionar a falta da espontaneidade culinária.

A Blue Apron, atualmente avaliada em US$ 2 bilhões, provavelmente é a empresa mais bem sucedida no cenário de entregas de kit de refeição nos EUA, mas não é a única. Além de importantes concorrentes, como HelloFresh e Plated, as 150 ou mais companhias que incluem marcas envolvendo veganos (Purple Carrot), fanáticos pela dieta Paleo (Caverna Chefs) e puristas que só consome orgânicos e alimentos sem organismos geneticamente modificados (Sun Basket), além de dúzias de empresas menores locais e regionais.

For the Tulls, the vast quantity of cucumbers and, then, squash that Blue Apron bought last spring and fall radically changed their 2016 balance sheet. “Just those two orders almost met our break-even point for the year,” says Toby. Not all farmers share his enthusiasm, however. Blue Apron and its ilk typically pay midway between wholesale and retail prices, which can seem like a king’s ransom to anyone accustomed to dealing with wholesale distributors, yet very little to those who sell directly to consumers through farmers markets and CSAs.

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Mas, que tipo de impacto isso tem nos produtores rurais?

Toby e Brandon Tull são um exemplo e estão em êxtase. Eles possuem a The Home Grown Farm, em Gholson, Texas, que começaram com sua mãe e irmã mais nova há cinco anos. Taby, ex-consultor de TI, e Brandon, que trabalhou em serviços financeiros, aumentaram as receitas do negócio da família em quase dez vezes em apenas um ano, graças principalmente a um aplicativo que permite que os inscritos personalizem os teores de vegetais, leite, carne de frango e ovos, e suas entregas semanais. Mas o que mais animou os irmãos foram os pedidos recentes por pepinos.

Para eles, a grande quantidade de pepinos e, em seguida, abóbora que a Blue Apron comprou na primavera e outono passados mudou radicalmente seu balanço de 2016. “Somente esses dois pedidos quase levaram ao ponto de break-event (sem ganhos nem perdas) para o ano”, disse Toby.

No entanto, nem todos os produtores rurais compartilham desse entusiasmo. a Blue Apron e outras empresas do ramo tipicamente pagam um valor médio entre os preços atacadista e varejista, que pode parecer muito para os que estão acostumados a lidar com distribuidores atacadistas, mas muito pouco para aqueles que vendem diretamente aos consumidores através de mercados rurais e Community Supported Agriculture (CSAs).

“No final das contas, menos dólares chegam para pessoas como nós”, explicou Lauren Langworthy, co-proprietária da  Blue Ox Organics, uma fazenda em Wheeler, Wisconsin. A fazenda antes vendia avelã para uma firma de kit de refeição de Minneapolis, mas ela disse que não estava valendo a pena economicamente e que perdeu a conexão com os clientes do CSA.

Martin Stosiek de Hillsdale, New York, recusou uma oferta recente da Blue Apron de produzir acelga suíça. “Eles precisavam de 40.000 libras (18,1 mil quilos). Se você tem uma fazenda bastante mecanizada e pode produzir isso por US$ 1,76 por quilo, pode funcionar. Eu não poderia fazer isso pelo que eles estavam dispostos a pagar”, explicou Stosiek. “E se eles não aceitassem minha acelga? Eu não teria um Plano B”.

Em Clinton Corners, Tyler Dennis dedicou 25% de seus 4,86 hectares à Blue Apron na estação passada, cultivando ervilha, nabo e erva-doce – culturas que ele considera previsível e bem diferentes da mistura tão diversa com 150 variedades ele cultiva no resto da Alewife Farm. Ele disse que não queria arriscar tudo. Embora a Blue Apron tenha comprado o que pediu para ele produtor, ele disse que sempre há uma chance de algo catastrófico acontecer nos campos, de forma que é melhor “não ter muitos ovos na mesma cesta”.

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A Blue Apron comprou 75 ou mais colheitas de fazendas americanas independentes em 2016, ao invés de depender somente de distribuidores que coletam verduras e carnes do mundo para os maiores varejistas.  Esses intermediários tendem a adicionar “milhas ao alimento” e podem se incomodar em procurar vegetais incomuns, além de não atestarem o tratamento que os fornecedores dão aos funcionários, aos estoques vivos e ao meio-ambiente.

Matthew Wadiak, diretor operacional da Blue Apron, e que também é um de seus três co-fundadores, reconheceu que, embora metade dos vegetais da Blue Apron venha direto dos produtores rurais, construir uma cadeia similar de fornecimento para carnes, ovos, lácteos, grãos e legumes continua um trabalho em progresso. Ele também admitiu que nem todas as fazendas parceiras aderem aos padrões orgânicos certificados ou quaisquer práticas sustentáveis – embora ele queira mudar isso.

“Se voce é um produtor convencional, pagamos mais se começar a mudar para orgânico. Se você já é um produtor orgânico, medimos você com base em seus polarizadores nativos, a biodiversidade de sua fazenda, o carbono de seu solo. À medida que a companhia cresce, queremos ter certeza de que não estamos subscrevendo o status quo de como compramos alimentos e injetando isso na cadeia de fornecimento. Queremos reescrever como as coisas são feitas, como se começasse do zero”.

Em 2015, a Blue Apron começou ativamente a recrutar uma rede de produtores em um esforço para coordenar seus plantios em massa. Assim, hipoteticamente, quando o menu semanal pede por 80.000 libras (36 mil quilos) de rabanete, cinco diferentes produtores vão plantar suas sementes 12 semanas adiantado – um sistema rastreado em uma enorme planilha que projeta a disponibilidade em até três anos para as propostas de desenvolvimento do menu.

A companhia também empresa uma equipe de 11 especialistas, incluindo cientistas do solo e agrônomos, para monitorar os dados de cada fazenda e oferecer conselhos prescritos. Por exemplo, a Blue Apron encoraja pessoas como Tyler Dennis, da Alewife Farm, sobre o ciclo estratégico do cultivo de ervilhas, que fixa o nitrogênio no solo, em seus campos, para manter os níveis de fertilidade.

Anteriormente, Wadiak trabalhou como chef, tendo que obter todos os tipos de ingredientes frescos de produtores locais. Porém, o desejo da Blue Apron de fornecer um menu consistente em todo o país o forçou a esticar bastante as definições de “local” e “sazonal”. Grande parte dos vegetais são, mesmo, produzidos dentro de um raio de 200 milhas (320 km) em um dos três centros de atendimento – Richmond, California; Arlington, Texas; e Jersey City, New Jersey – antes de serem enviados aos clientes de regiões mais próximas. Às vezes, no entanto, os vegetais vêm de uma região que precisam ser transportados por caminhão para outra. Alguns dos meninos dos Tulls, cultivados no Texas na última semana de maio, viajaram de Arlington a Jersey City, e, então, para os assinantes do nordeste, onde esses vegetais ainda estão muito distantes.

Wadiak começou a comprar carne a pasto – uma commodity sazonal, uma vez que as pastagens não prosperam durante todo o inverno – da Nova Zelândia, após persuadir alguns produtores do país a aderir a padrões rígidos sobre como uma vaca é cuidada e abatida. “Há menos carbono emitido para agregar carne em um contêiner de envio em um barco da Nova Zelândia do que se comprássemos de Nebraska ou Chicago”, disse ele.

E o que a solução de “milhas de alimentos” sugeriu ao recente aumento de companhias de kits de refeição? Wadiak argumentaria que elas sacrificariam o alcance de massa pela ideologia. “Não ajudaria realmente o público americano, ou a comunidade agrícola, se você servir refeições de US$ 300. Meu objetivo agora é fazer as pessoas cozinharem os tipos certos de alimentos e tornar isso custo-efetivo, o que significa encontrar uma forma de replicar o modelo em escala”.

Fonte: Modern Farmer, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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