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BID decide cancelar empréstimo à Marfrig

A preocupação com a compra de gado proveniente de terras de desmatamento na Amazônia fez a segunda maior processadora de proteína do Brasil, a Marfrig, perder um empréstimo de US$ 200 milhões (valor equivalente a mais de R$ 1 bilhão). Ontem, a agência de notícias Bloomberg divulgou reportagem em que informa que o BID Invest, braço de Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que investe em participações em empresas, desistiu de levar o financiamento adiante – a instituição lideraria a operação e traria outros investidores para completar a soma. 

O banco e a empresa não conseguiram chegar a um consenso sobre metas ambientais e termos financeiros do empréstimo, de acordo com a agência. Soma-se a isso a pressão que o BID Invest vinha recebendo desde o ano passado de grupos ativistas, incluindo a organização internacional Friends of the Earth, para que abandonasse o empréstimo. O argumento é que a operação violaria políticas de sustentabilidade do banco. 

Procurados pelo Valor, a Marfrig e o BID Investe não haviam respondido à reportagem até o fechamento desta edição. À Bloomberg, a Marfrig disse que confirmou que o empréstimo foi engavetado. 

Desafio da rastreabilidade 

O desafio da rastreabilidade da matéria-prima usada pelas empresas de proteína animal não é de hoje. Elas têm buscado rastrear a origem dos animais abatidos em sua produção, educar a cadeia produtiva e penalizar os que ferem as regras de cuidados e de criação em áreas de desmatamento. O problema é que as importadoras e os consumidores estão cobrando cada vez mais ação e têm demonstrado pouca tolerância a erros. 

Para as grandes companhias conseguirem financiamentos verdes, como os obtidos por meio dos chamados “green bonds” e “sustainability-linked bonds”, papéis de dívida corporativa cujo custo e juros são atrelados a metas de proteção ambiental e social e redução de emissões de gases poluentes, seus sistemas de controle precisam ser ainda mais rígidos. Na reportagem, a Bloomberg cita uma investigação própria em que a agência questiona a versão de avanço das empresas. 

Parte do empréstimo – US$ 43 milhões – viria do BID Invest, e US$ 157 milhões seriam sindicalizados. Anunciada em abril de 2021, a operação ajudaria a financiar o Plano Verde+ da Marfrig, que visa a fortalecer a sustentabilidade de sua cadeia produtiva de carne bovina. À Bloomberg, o BID disse que chegou-se à conclusão, em comum acordo, depois de uma profunda due diligence do Verde+, “de que as condições não eram ideais para avançar com o empréstimo”.

Fonte: Valor Econômico.

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