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Bertin encerra abate em duas unidades

Segundo reportagem de Alda do Amaral Rocha, publicada hoje no Valor Online, os frigoríficos exportadores de carne bovina do país já sentem na pele os efeitos da crise da vaca louca na Europa, que reduziu o consumo do produto nos países daquele continente.

O Bertin, o maior exportador brasileiro de carne bovina, deixou de abater em duas unidades que arrendava em São Paulo e no Mato Grosso do Sul devido à redução das vendas para a Europa. As exportações começaram a recuar no final do ano passado, depois do ressurgimento de casos da doença em países europeus.

Segundo Denizar Antunes, gerente de relações institucionais da empresa, o Bertin não renovou o contrato de arrendamento com o frigorífico Gejota, de Promissão (SP) e com o Frigoribas, de Ribas do Rio Pardo (MS).

“Quando estourou a vaca louca, em novembro, demos férias coletivas em Ribas. Mas não adiantou”, disse. Segundo ele, o frigorífico arrendado pelo Bertin em Ribas só operou até o fim do ano passado. Já a unidade em Promissão abateu até o dia 17 de janeiro. Cada uma das unidades abatia cerca de 450 bois/dia.

A carne proveniente dessas duas plantas era processada em Lins (SP) e exportada na forma de produto industrializado, de acordo com Antunes.

A decisão do Bertin de encerrar o arrendamento nas duas unidades foi decorrente da “apreensão em relação à queda nos volumes”, afirmou ele.

E a retração nas vendas externas atinge todo o setor exportador de carne bovina. “Todos estão revendo o volume para exportação”, afirmou Antunes.

Outro grande frigorífico exportador informou recentemente que suas vendas para Alemanha e Inglaterra estão “completamente paradas”. Esses exemplos mostram que pode não ser fácil convencer os europeus da segurança da carne brasileira.

“O grande diferencial do Brasil é ter boi de pasto, mas essa imagem ainda não é muito clara para o consumidor final europeu”, ponderou Denizar Antunes.

Um dos motivos para isso é que os supermercados não têm como garantir a procedência da carne, lembrou o executivo.

Na Europa, os criadores utilizavam farelo de osso e de carne na ração do gado bovino, o que foi proibido, já que a doença da vaca louca (como é conhecida a encefalopatia espongiforme bovina) pode ser transmitida pela ingestão desse tipo de alimento.

Além de encerrar a operação nas unidades de Ribas e Promissão, o Bertin, que exportou US$ 287,8 milhões em 2000, também diminuiu o abate em seus outros quatro frigoríficos próprios.
Eles ficam nas cidades de Lins (SP), Mozarlândia (GO), Ituiutaba (MG) e Naviraí (MS). Em média, o abate em todas as unidades chega a 2.500 animais/dia. A planta do Bertin em Votuporanga (SP) faz apenas industrialização, segundo Denizar Antunes.

Por Alda do Amaral Rocha, para Valor Online, 26/01/01

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