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Benefícios quantificados do uso da genética de qualidade no aumento da produção e lucratividade (vídeo, slides e artigo)

Benefícios quantificados do uso da genética de qualidade no aumento da produção e lucratividade, Luis Adriano Teixeira, CFM

A CFM é um caso clássico de empresa que sentiu na pele os benefícios da genética de qualidade, pois além de ser produtora de genética – maior produtora individual de touros com CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) – é uma grande produtora de boi gordo.

A CFM está ligada ao Grupo Vestey, que começou suas atividades no Brasil com o frigorífico Anglo em 1908. A partir de 1917, o frigorífico começou a perceber que estava difícil suprir a demanda de boi gordo, pois enfrentava um mercado formado por pequenos produtores dispersos e existia muita heterogeneidade no padrão dos animais que eram adquiridos para o abate. Dessa forma o grupo decidiu caminhar um passo na cadeia produtiva e começou a comprar fazendas, para começar a criar e atender o volume e a padronização que a indústria precisava.

Com o passar do tempo, o Grupo se desvinculou da indústria e atualmente a Agropecuária CFM se envolve apenas com atividades do setor primário (pecuária de corte e cana-de açúcar), todo esse tempo envolvido com a produção gerou um know-how muito grande.

O sistema produtivo da CFM pode ser dividido em dois períodos, antes e depois de 1980. No início com uma pecuária comercial extensiva para atender o frigorífico Anglo, fazendo ciclo completo e sendo um dos maiores compradores de touros do mercado. Ai surge um problema/dificuldade, na época não existia no mercado um volume de touros suficiente e com os critérios de seleção esperados pela CFM, neste momento ainda era apenas uma empresa produtora de boi gordo. Esses critérios podem ser resumidos em reprodutores que produzissem um animal que engordasse rápido e uma novilha precoce, que entrasse na estação de monta mais cedo.

Assim com os preços diminuindo e as margens estreitando a empresa teve a necessidade de melhorar sua eficiência, aumentando sua produção e seu lucro.

Dentro dessa busca de eficiência, a CFM passou a enxergar a genética como um insumo e naquela época não existia esse insumo de qualidade que a empresa buscava. Então em 1980, a empresa deu início ao seu próprio programa de seleção, para suprir sua demanda interna de touros sempre focando as características econômicas da produção. Em função da maneira como conduziu esse trabalho a CFM foi o primeiro projeto de seleção de Nelore aprovado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento com o CEIP, reconhecendo que o programa de seleção da empresa atinge os resultados pretendidos pelo seu foco seleção.

Os critérios de seleção que CFM adota são, basicamente, peso ao desmame, ganho de peso pós desmame até o sobreano, musculatura e perímetro escrotal. Tudo isso fundamentado em uma base de produção que sofre uma seleção direta para fertilidade e precocidade sexual num ambiente totalmente a pasto.

Isso quer dizer que a última chance de uma novilha, criada a pasto, ficar prenha na CFM é aos 2 anos, fora disso essa fêmea é enviada diretamente ao abate. Além disso, essa matriz tem que desmamar um bom bezerro todo ano. Se ela é uma “máquina de produzir bezerros” ela tem que cumprir com sua função, senão é melhor vendê-la para o frigorífico, pegar esse dinheiro e colocar uma “máquina” mais produtiva na fazenda. Aqui é interessante ressaltar que a matriz não tem só que ficar prenha, ela tem que desmamar um bezerro pesado.

Toda essa seleção é feita 100% a pasto, já que a empresa não tem poder nenhum sobre o preços de venda, pois trabalha com uma commodity – o boi gordo – e precisa reduzir os custos de produção. Dessa forma o programa considera o peso à desmama, mas dá mais importância para o ganho de peso da desmama ao sobreano, pois a empresa não quer selecionar animais que aumentem o peso do bezerro indiscriminadamente, o que causaria uma necessidade de vacas com necessidade de mantença maior, comprometendo em longo prazo os índices reprodutivos.

Assim é possível conseguir uma genética que prioriza animais com grande potencial de produção em sistemas com limitação de ambiente, ou seja, animais com características melhores para ganho de peso a pasto pós-desmame.

Só que a CFM não busca só peso, então seleciona também para musculatura e assim consegue animais com uma carcaça melhor, que está relacionada com o rendimento na indústria, que é de onde vem a remuneração do pecuarista.

Em função desse processo de seleção, a CFM conseguiu melhorar seu rebanho e quando os animais iam para o abate, o pessoal começou a questionar, no frigorífico, de quem eram aqueles animais que tinham qualidade superior.

Como a empresa tem uma produção muito grande, são cerca de 20.000 vacas em estação de monta no programa de seleção do Nelore e produção 7.500 machos por ano, surgiu a oportunidade de disponibilizar essa genética para o mercado, já que a produção da CFM era maior do que sua necessidade de reposição e existia o interesse de outros pecuaristas em adquirir esse touros. Mas para garantir a qualidade desses produtos apenas 25% da produção é colocada no mercado, ou seja, apenas 2.000 touros são ofertados por ano. Assim, até setembro de 2009 a empresa já produziu e disponibilizou ao mercado quase 26.500 touros desde o início do programa em 1980.

Porque investir em genética?

Embora a atividade de cria esteja ligada a paixão e a tradição, o pecuarista investe em genética para fazer mais dinheiro com a atividade. A fazenda precisa ser encarada como um negócio e um negócio que tem que dar retorno e gerar dividendos para o acionista.

O uso de genética busca melhorar os resultados e os lucros, assim os benefícios do uso dessa tecnologia são aumentar a homogeneidade, o ganho de peso, a fertilidade, a precocidade sexual, melhorar a qualidade da carcaça e diminuir a idade ao abate.

Quem busca genética é o pecuarista tecnificado, é aquele que está preocupado com o seu negócio, é aquele que faz conta, aquele que mede e só investe naquilo que dá resultado.

Um bom exemplo desse retorno que a genética pode trazer é o caso da Ema Pantanal, que está localizada na região de Corumbá do Mato Grosso do Sul, com quatro fazendas de cria e recria no Pantanal e uma fazenda de engorda próxima a Corumbá/MS.

A Ema colocou touros da CFM na Fazenda Piratininga e começou a medir e comparar os resultados com os conseguidos nas outras fazendas de cria, em regiões com características semelhantes, onde utilizava outros touros.

Essa comparação mostrou que os machos, filhos de touros CFM, na Fazenda Piratininga, pesaram 22,2kg a mais – incremento de 13,5% de produtividade – do que os desmamados em outra propriedade do Grupo, a Fazenda São João, e as fêmeas obtiveram um incremento de 14,2% no peso ao desmame, ajustado para 205 dias.

Diante desses resultados, podemos dizer que o efeito econômico do uso de genética melhoradora, nesse caso em um lote de 100 bezerros, foi um valor extra de R$ 6.780,05. Mostrando que o investimento em genética traz ganhos efetivos e pode gerar maior rentabilidade para a fazenda.

O ganho com genética melhoradora não se expressa somente no ganho de peso. Com o uso dos touros CFM, a Ema saiu de uma taxa de prenhez aos 24 meses de 32% para 71,5%, ou seja, um ganho de 123% em prenhez.

A MAP Agropecuária de Felixlândia/MG, uma região de cerrado, com pluviosidade de 1.300 a 1.500mm/ano e trabalha com ciclo completo, fazendo a cria e recria a pasto e a terminação em confinamento.

Buscando precocidade sexual, em 2002, a MAP começou a desafiar a prenhez de novilhas aos 18 meses. No começo o resultados foram de 15%, mas hoje a média é de 40%. Assim, em um lote de 100 novilhas, foi possível aumentar em 38 cabeças o número de bezerros(as) desmamados. Isso gera um aumento de receita, com as mesmas 100 novilhas, de R$ 20.185.

Ao analisarmos ganhos que podem vir da redução da idade ao abate de um lote de 100 bois temos que ao diminuir em 6 meses o ciclo de engorda desses animais a redução de custo por cabeça é de R$ 107, no total essa redução chega a R$ 10.730. Se olharmos pelo outro lado, focando a venda, encontramos que a melhora na margem é de 7,59%.

Do lado da indústria, o frigorífico quer um boi de 18 a 20@, com idade de 24 a 36 meses e boa conformação de carcaça, com um acabamento de gordura que vai de mediano a excessivo. Dessa maneira, para alcançar essas características ideais a CFM trabalha com cria e recria a pasto e terminação de animais inteiros, conseguindo chegar aos resultados apresentados na figura abaixo, com homogeneidade e constância, gerando pagamento diferenciado pelo frigorífico.

Esses exemplos mostram que a boa genética é a base de uma pecuária produtiva e lucrativa.

Este artigo é baseado na palestra que Luis Adriano Teixeira, da CFM, proferiu no Workshop BeefPoint de Pecuária de Cria.

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