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Bem-estar e protecionismo: resposta ao The Guardian

O jornal inglês The Guardian publicou em 17 de fevereiro passado uma reportagem onde Kevin Pearce, um diretor da National Farmers Union (NFU) dizia que o Reino Unido importava um quarto de suas carnes de países que não obedecem aos mesmos padrões de bem-estar animal exigidos no país. Os alvos do ataque foram as carnes suínas importadas do continente europeu que respondem por 43% do mercado britânico mas também os setores avícola e de carne bovina do Brasil. A crítica traz em si o indelével ranço do protecionismo. Sob a desculpa do bem estar animal, a NFU quer trazer mais uma barreira comercial ao produto brasileiro.

O jornal inglês The Guardian publicou em 17 de fevereiro passado uma reportagem onde Kevin Pearce, um diretor da National Farmers Union (NFU) dizia que o Reino Unido importava um quarto de suas carnes de países que não obedecem aos mesmos padrões de bem-estar animal exigidos no país.

Os alvos do ataque foram as carnes suínas importadas do continente europeu que respondem por 43% do mercado britânico mas também os setores avícola e de carne bovina do Brasil.

É interessante saber que a National Farmers Union se preocupa hoje com o bem-estar animal, porque há não muito tempo atrás, uma organização de proteção aos animais divulgou pela internet um vídeo, ainda disponível no youtube, onde funcionários de uma granja de uma grande empresa avícola inglesa jogavam beisebol com perus vivos.

Na carne bovina, o Brasil responde por 3% do mercado britânico. Diz o Sr. Pearce que aqui no Brasil procedimentos como a castração, a descorna e a marcação a fogo, práticas banidas no Reino Unido, são feitos sem anestesia.

De um modo mais prático poderíamos comparar a vida de um animal no Brasil e na Inglaterra. No Brasil, cada animal tem em média cerca de 1 hectare (10.000 m2) de área de pasto disponível. Os confinamentos de bovinos correspondem a apenas 12,3% dos animais abatidos e mesmo assim é feito somente nos meses finais da vida do animal. O clima tropical e a inexistência de condições climáticas extremas favorecem um conforto térmico natural aos animais.

O procedimento de marcação a fogo atende a uma legislação brasileira de rastreabilidade e sanidade do rebanho, já que identifica o proprietário dos animais.

Os procedimentos de descorna e castração são feitos em benefício dos próprios animais, já que diminuem sua agressividade minimizando assim acidentes graves entre os próprios animais e entre os animais e trabalhadores rurais. Mesmo assim a descorna não está incluída entre os manejos de rotina nos sistemas produtivos de bovinos, pois o crescimento dos chifres é tardio, não sendo considerado um problema no manejo dos animais. Feitos por profissionais treinados, estes procedimentos causam stress apenas momentâneo no animal e sua recuperação é bastante rápida.

Não me parece que os animais tenham na Inglaterra uma vida melhor do que aqui no Brasil.

A crítica traz em si o indelével ranço do protecionismo. Sob a desculpa do bem estar animal, a NFU quer trazer mais uma barreira comercial ao produto brasileiro evitando assim a livre concorrência em seu território, que vale lembrar, é a pátria do mal da vaca louca.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Èsta questão do bem estar animal é realmente complexa. Exatamente o que vem a ser o bem estar? Como comparar a realidade de um bovino estabulado com outro apascentado a campo? O que é socialmente aceitável para uma sociedade será que é validado para outras? Como tratar realidades diferentes de uma mesma forma?

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