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Belarus tenta ‘voltar ao jogo’ no comércio de potássio

O agitado mercado internacional de fertilizantes está prestes a viver mais um desdobramento do cenário geopolítico nesta semana. A partir de amanhã, o governo de Belarus deverá liberar licenças de vendas para empresas interessadas em comercializar potássio do país.

Diferentemente de informações que circularam na semana passada, até hoje, a autorização para distribuir o produto já estava, unicamente, nas mãos da Belarusian Potash Company (BPC), braço comercial da produtora de fertilizantes Belaruskali.

As duas estatais passaram a integrar listas de sanções americanas e europeias ainda no ano passado – antes, portanto, do início da guerra na Ucrânia, em fevereiro, o que já tinha inviabilizado suas exportações.

Segundo uma fonte, ao acabar com a exclusividade da BPC na distribuição, o governo belarusso tenta driblar as sanções americanas para voltar ao jogo no mercado internacional de potássio. A emissão de licenças, afirma essa fonte, poderá abrir caminho para que concorrentes diretos da companhia – a exemplo da gigante russa Uralkali – possam vender o nutriente. A fonte não citou quais empresas já teriam manifestado ao governo de Aleksandr Lukashenko, presidente de Belarus, interesse de atuar nos embarques. “[A medida] Não resolverá”, opinou uma fonte da indústria.

O governo do país quer atrair empresas que apresentem soluções para os dois principais “nós” que inviabilizaram as vendas após os embargos: pagamento e logística. No caso do transporte, os problemas ficaram ainda mais maiores, ao menos neste momento, com a guerra na região. As principais vias de saída por mar para os fertilizantes de Belarus estão na Lituânia, Rússia e Ucrânia, lembram fontes consultadas pelo Valor. “A própria Rússia mal consegue sair pela Rússia neste momento”, diz Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria StoneX. Por causa do conflito, os russos vivem um estrangulamento portuário para embarcar adubos.

Antes dos embargos à BPC, Belarus utilizava o porto de Klaipeda, na Lituânia, país que é membro da comunidade europeia. “Belarus tem ferrovias, o problema é porto”, diz uma fonte do segmento. Para esse executivo, a logística é o maior problema. Ele afirma ser desafiador negociar com um governo ditatorial – e, também, que nunca foi tão vantajoso vender potássio.

O enrosco geopolítico envolve dois dos três maiores fornecedores do produto no mundo. Rússia e Belarus entregam algo perto de 24 milhões de toneladas anuais. O Canadá é o líder global.

Com isso, o preço do nutriente já é o mais alto em pelo menos 50 anos. A tonelada foi cotada a US$ 1,166 mil na última semana, preço no porto (no Brasil), um aumento de quase 50% desde o início da guerra na Ucrânia, segundo dados da StoneX. Mello diz que a ureia também chegou a novo patamar recorde, de US$ 995 a tonelada na semana passada (alta de 70% desde o fim de fevereiro). Vale lembrar que Belaruskali e BPC passaram a integrar a lista de represálias dos EUA e UE desde o ano passado.

A escalada de tensões entre potências ocidentais e o governo de Aleksandr Lukashenko ganhou corpo ao longo de 2021. Acusado por países do Ocidente de fraudar eleições em seu país, Lukashenko chegou a sequestrar um avião civil, em maio passado, para perseguir um opositor político.

Fonte: Valor Econômico.

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