Com uma combinação de receitas em alta e despesas controladas, o Banco do Brasil atingiu um lucro líquido ajustado de R$ 4,432 bilhões no segundo trimestre, resultado 36,8% superior ao obtido pela instituição no mesmo período do ano passado e acima da média das projeções de analistas consultados pelo Valor, de R$ 4,113 bilhões.
“Esse resultado é fruto de uma estratégia de direcionamento correto de nosso capital para as atividades mais rentáveis, de um esforço de contenção de despesas e da modernização do banco”, disse Rubem Novaes, presidente do BB, nesta quinta a jornalistas.
No segundo trimestre, as rendas com tarifas somaram R$ 7,439 bilhões, volume 9,4% maior que o do mesmo período do ano passado. Já as despesas administrativas permaneceram sob controle, somando R$ 7,649 bilhões, queda anual 1,1% em relação ao segundo trimestre.
Recentemente, o BB anunciou um programa de reestruturação com enxugamento da estrutura de agências, remanejamento e liberação de pessoal. Com ele, o banco prevê gastar R$ 300 milhões neste ano, mas obter redução de despesas de R$ 500 milhões por ano a partir de 2020.
No esforço para atuar em linhas mais rentáveis, o banco tem visto sua carteira de crédito diminuir. Em junho, a carteira ampliada somava R$ 686,564 bilhões, volume que cresceu 0,2% em relação a março, mas recuou 0,4% na comparação com junho do ano passado.
O segmento de grandes empresas liderou a queda no período: fechou junho com carteira de crédito de R$ 102,824 bilhões, recuo de 3,2% frente a março e de 14,2% na comparação com junho do ano passado.
No entanto, também houve diminuição com o agronegócio, segmento em que o banco é líder, com a carteira encolhendo 1,9% em três meses e 3,6% em 12 meses, para R$ 181,206 bilhões no segundo trimestre.
“No segmento agroindustrial, assim como no segmento ‘large corporate’, o BB tem direcionado esforços para atender seus clientes via mercado de capitais”, disse Carlos Hamilton, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB.
As receitas do BB com estruturação de operações no mercado de capitais alcançaram R$ 462 milhões no primeiro semestre, crescimento de 11,2% frente ao mesmo período do ano passado. No agronegócio, houve mais de 16 mil emissões de cédulas de produtor rural (CPR), oito CRAs e cinco CDCAs, totalizando R$ 9,4 bilhões.
Em contrapartida, o volume de empréstimos e financiamentos a micro e pequenas empresas deu sinais de reação, em linha com o objetivo do banco de crescer nessa área. O portfólio dessas companhias avançou 3,1% no trimestre e 3,2% em 12 meses, para R$ 60,736 bilhões.
O portfólio de pessoas físicas teve desempenho positivo e chegou ao fim de junho com R$ 204,046 bilhões. A cifra mostra crescimento de 2,1% no trimestre e de 7,6% em 12 meses.
Já a inadimplência — operações com atraso superior a 90 dias — alcançou 3,25% no fim de junho, vinda de 2,58% em março e 3,32% em junho do ano passado. Embora o banco não abra o nome, provavelmente o aumento tenha sido provocado pelo processo de recuperação judicial da Odebrecht no período.
Com o desempenho no trimestre, o banco revisou sua estimativa para o crescimento no crédito em 2019: era de expansão de 3% a 6%, mas passou para a possibilidade de uma queda de 2% a uma alta modesta de 1%. O vice-presidente de negócios de varejo do BB, Marcelo Labuto, disse que a capacidade ociosa da indústria e a migração ao mercado de capitais tem impacto a carteira de crédito, principalmente em pessoas jurídicas, o que levou à revisão de guidance.
Fonte: Valor Econômico.