Workshop Online Gestão de Processos: Uma Ferramenta Essencial para Lucratividade de Fazendas de Gado de Corte
20 de julho de 2020
Após corrida para estocar, brasileiro volta a um padrão de normalidade de consumo
21 de julho de 2020

Bayer quer conectar produtor a mercado de créditos de carbono

A alemã Bayer quer conectar o agricultor brasileiro ao mercado de créditos de carbono, abrindo espaço para que ele comercialize o que gera de excedente com terceiros. Nesse contexto, a múlti lança hoje a Iniciativa Carbono Bayer, da qual participarão, já nesta safra 2020/21, 500 produtores brasileiros, numa área experimental de 60 mil hectares, e 700 americanos, em outros 80 mil hectares. O investimento da Bayer no piloto é de € 5 milhões.

No Brasil, o programa terá participantes em 14 Estados – produtores principalmente de soja e milho -, todos usuários da plataforma de agricultura digital da empresa, a Climate FieldView, a fim de facilitar a coleta de dados e gerar material para a ampliação da escala do projeto.

Rodrigo Santos, presidente da Bayer para a América Latina, afirma que, desses 500 produtores no Brasil, 50 (sendo 16 multiplicadores de sementes Bayer) contarão com análises mais aprofundadas e terão um contrato de três anos com o programa, para acumularem carbono e, ao final, serem remunerados por seus créditos pela múlti. “Com a demonstração do piloto, a ideia é trazer novos parceiros para perto e criar, lá na frente, uma plataforma que sirva de ponte para a comercialização dos créditos de carbono”, explica Santos.

No caso do grupo de 50 produtores, a mensuração do carbono será conduzida de forma mais detalhada e com quatro (em vez de duas para os demais) diferentes metodologias que permitirão identificar qual traz a maior assertividade com menor custo. As fazendas passarão por auditorias a cada ciclo para aferir os volumes sequestrados e assegurar que os dados estejam validados para o comércio de CO2.

Santos argumenta que o mercado de créditos de carbono tem grande potencial, mas que se tornou inacessível para muitos produtores por causa dos custos envolvidos no processo. “As metodologias de mensuração de carbono no solo até então disponíveis e aceitas pelas certificadoras são custosas”, argumenta.

Eduardo Bastos, diretor de sustentabilidade da Bayer para a América Latina, afirma que a empresa não vai reinventar a roda e fará uso de metodologias com base científica e reconhecidas no mercado. “Uma delas é a tecnologia de mensuração de carbono usando laser, que foi empregada pela Nasa em Marte e que, com uma amostra mínima de terra, do tamanho de uma moeda de um real, te dá em cinco minutos a presença de diferentes elementos da tabela periódica no solo”, explica.

Outra tecnologia usa ondas de rádio para, assim como o laser, degradar a amostra de solo e medir a presença de carbono. Uma terceira permite fazer estimativas a partir de imagens de satélite.

Além dessas três metodologias, outra já tradicionalmente usada para remunerar por créditos de carbono também será adotada como parâmetro. Segundo Bastos, ela consiste na coleta de um quilo de amostra de solo de diferentes profundidades, numa trincheira, e de análise laboratorial com reagentes químicos para, primeiro, avaliar a presença de CO2 e, depois, de carbono, num ritual que pode levar uma semana.

Com o domínio das diferentes técnicas, a Embrapa – em especial, as unidades Meio Ambiente, Instrumentação e Informática Agropecuária – se tornou parceira da iniciativa e dará, além de suporte científico ao piloto, orientação aos produtores.

Para Celso Moretti, presidente da estatal, o Brasil tem nos sete pilares da agricultura de baixo carbono trunfos para ser remunerado pelas emissões que já mitiga. “A carne ‘carbono neutro’ se tornou realidade no Brasil, e estamos trabalhando para levar isso para o arroz, o leite. Não acho utopia dizer que teremos propriedades carbono neutro no país”

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress