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Autoridade religiosa do Egito conhece halal do Brasil

O vice-xeque de Al-Azhar, no Egito, Abbas Shuman, está no Brasil para conhecer de perto o processo de produção de alimentos halal no País. Al-Azhar é a principal instituição religiosa islâmica do Egito e uma das mais tradicionais e respeitadas do mundo. Shuman é a segunda autoridade na hierarquia da organização. No final da tarde desta segunda-feira (06), ele visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, onde foi recebido pelo presidente Rubens Hannun e outros diretores da entidade.

“Estou atendendo um convite da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil) para visitar o Brasil com o objetivo de fortalecer as relações com instituições islâmicas do País”, disse Shuman em entrevista. A Fambras é uma das organizações que faz certificação halal no Brasil, ou seja, garante que determinada mercadoria foi produzida de acordo com tradições muçulmanas.

Além de visitar a Fambras e a Câmara Árabe, ele fará uma visita nesta terça-feira (07) a um frigorífico para verificar o abate halal in loco. “Nós sabemos que o Brasil é um dos maiores produtores de proteína animal do mundo e a certificação halal tem que ter credibilidade”, declarou Shuman. Segundo ele, as visitas, seguidas de uma avaliação positiva de Al-Azhar, vão garantir a continuidade do comércio do Brasil com o Egito na área de carnes. “Isso dará confiança aos consumidores árabes e muçulmanos”, destacou.

Shuman esteve na Câmara Árabe acompanhado do embaixador do Egito em Brasília, Alaaeldin Roushdy, do chefe do escritório comercial do país árabe em São Paulo, cônsul Mohamed Elkhatib, e do presidente da Fambras, Mohamed Zoghbi.

“Fiz questão de trazer sua eminência para visitar a Câmara Árabe para ele ver de perto a cooperação existente entre a embaixada e a entidade”, declarou o embaixador. “Al-Azhar é responsável pela parte religiosa do halal, por isso é importante mostrar as duas partes que tratam do assunto”, acrescentou ele, referindo-se ao trabalho religioso e técnico da Fambras, incluindo o abate de aves e bovinos, e ao da Câmara Árabe, que faz certificação de origem, de documentos de exportação e promoção comercial. “Com a visita amanhã [ao frigorífico], sua eminência verá a parte técnica, como é feito o abate, assim terá uma visão geral do processo”, concluiu Roushdy.

Nesse sentido, o presidente da Câmara Árabe ressaltou: “Eu posso assegurar para sua eminência o papel da Câmara Árabe no sentido de, imparcialmente, ser os olhos dos árabes no Brasil e dos brasileiros nos países árabes”. Trata-se da única entidade no Brasil credenciada para certificar exportações aos países árabes pela União das Câmara Árabes, braço empresarial da Liga dos Estados Árabes. “Gostaria de dizer também que nós temos uma relação muito saudável como o Ministério da Agricultura do Egito e com o Ministério da Agricultura do Brasil”, declarou Hannun.

Carne bovina é o principal produto exportado pelo Brasil ao Egito. De janeiro a junho, as vendas deste produto ao país árabe somaram US$ 246 milhões, um aumento de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Já os embarques de carne de frango ao mercado egípcio nos sete primeiros meses de 2018 renderam US$ 34 milhões, uma queda de 76,6% na mesma comparação.

O diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, explicou que, quando a entidade certifica documentos de exportação, são checados 26 itens, inclusive a certificação halal. “Nós só aceitamos a certificação halal desde que as autoridades religiosas digam que a certificadora é permitida legalmente no país [de destino]”, afirmou o executivo.

O vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, destacou ainda que as relações com o Egito são de grande importância para o Brasil. “O Egito sempre foi um parceiro importante do Brasil no mundo árabe. Foi o primeiro país árabe com o qual o Brasil estabeleceu relações diplomáticas, em 1922”, disse Chohfi, que é embaixador de carreira e foi secretário-geral do Itamaraty, cargo equivalente ao de vice-ministro das Relações Exteriores. “É de especial importância para a Câmara Árabe receber uma delegação de uma das universidades mais antigas do mundo”, acrescentou.

Al-Azhar, além de ser a principal autoridade religiosa islâmica do Egito, é também uma instituição de ensino que oferece desde a educação básica até a pós-graduação. “E não temos somente cursos religiosos. São 86 faculdades, algumas votadas a assuntos religiosos, mas outras para ciências, medicina, engenharia, farmácia e todas as especialidades modernas”, contou Shuman. A mesquita de Al-Azhar, um dos principais marcos do centro medieval do Cairo, também faz parte da organização.

Participaram da reunião ainda os diretores da Câmara Árabe Willian Atui e Mohamed Orra Mourad.

Fonte: Anba.

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