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Australianos recomendam que sistema de classificação de carne bovina se torne global

Um sistema de classificação mais recente – e mais complicado do que o do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é uma promessa na Europa, onde muitos mercados atualmente não possuem uma técnica confiável de prever a qualidade da carne bovina para fornecer uma experiência consistente de consumo ao consumidor.

Isso, de acordo com os proponentes do sistema Meat Standards Australia (MSA) do Meat and Livestock Australia (MLA), foi destacado nos recentes estudos com dados dos consumidores na França, Reino Unido e Polônia sobre a potencial adoção do sistema de classificação de carne bovina em alguns mercados europeus.

Os resultados foram apresentados durante um workshop exclusivo sobre tendências globais em classificação de carnes e qualidade da carcaça na sede do Instituto Nacional Francês para Pesquisa Agrícola (INRA), realizado antes do 61o Congresso Internacional de Ciência e Tecnologia da Carne, que será realizado em Clermont-Ferrand.

Os apoiadores do modelo MSA estão esperando que o sistema seja instalado na Europa. O princípio do sistema australiano é uma massiva base de dados de pesquisa com um variedade de entradas, incluindo um sistema de testes com os consumidores de grandes escalas com cortes preparados de várias formas.

Pelo sistema australiano, o nível de qualidade de qualquer músculo é previsível por vários métodos de preparo (como grelhado, assado ou frito).

Os testes com os consumidores na França e na Polônia mostraram que o sistema MSA pode prever com precisão a qualidade da carne, como testes similares no Japão e na Coreia fizeram. Alguns especialistas da indústria da França criticaram a complexidade do banco de dados, chamando-o de impraticável, embora “bonito” na teoria.

As previsões de adoção nos Estados Unidos do complexo modelo MSA são baixas, disse o professor de Ciência da Carne da Universidade do Estado do Kansas, Michael Dikeman. “Ele difere muito do sistema de classificação dos Estados Unidos, que está muito arraigado na observação visual (principalmente marmoreio e menos na maturidade)”, disse ele.

Determinado em poucos segundos por um selecionador ou instrumento sem informações adicionais necessárias (como uso de implantes ou beta-agonistas, tempo em engorda, tipo de alimento, raça ou tipo biológico do animal, sexo ou até mesmo seleção genética), o sistema do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é mais simples do que o sistema australiano, que usa muito dessa informação e, então, categoriza vários músculos em diferentes resultados de palatabilidade acompanhando a maturação.

O sistema americano categoriza as carcaças em diferentes graus baseado principalmente no marmoreio, e todos os cortes são rotulados de acordo com esse grau, independentemente de informações adicionais.

A determinação de classificações de qualidade começou nos Estados Unidos em 1923. O sistema MSA foi lançado em 1996 como um projeto de pesquisa do MLA. Cerca de metade dos processadores de carne bovina da Austrália adotaram o modelo voluntario de classificação.

Além disso, o sistema MSA descobriu algum suporte da indústria na Europa, onde um programa de pesquisa chamado ProSafeBeef visado desenvolver um modelo de previsão europeu.

Foi isso que a indústria de carne bovina fez a Polônia, onde o consumo de carne bovina tinha caído na última década por causa dos maiores preços e de um público cada vez mais exigente, de acordo com o presidente da Associação de Carne Bovina da Polônia, Jerzy Wierzbicki. Apesar de considerar ambos os sistemas, o do USDA e o MSA como sistemas de qualidade de consumo da carne, ele disse que o sistema americano perde em seus pontos fracos: ele recompensa apenas a carne bem marmorizada de animais jovens; a carne magra tem frequentemente classificação baixa, apesar de ser bastante apreciada pelo consumidor; e todos os cortes vêm da avaliação do marmoreio de tiras de lombo.

O sistema australiano – baseado no que o MLA chama de PACCP (um tipo de APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – que determina os pontos críticos de controle para garantir a palatabilidade, incluindo genética, fatores pré-abate afetando o estresse e a maturação) – que serviu como modelo para o sistema ProOptiBeef, da Polônia, desenvolvido em 2009 e construído com mais de 54.000 amostras de 7.000 consumidores.

A UE regulamenta o EUROP Grid, um sistema similar de classificação de carcaça baseado nas estimativas de rendimento. Similarmente, o sistema americano é baseado em grande medida no marmoreio, mas isso é apenas uma das muitas entradas do sistema MSA. Como resultado, há um importante impulso do MLA para exportar o sistema de classificação MSA para a Europa.

“O EUROP grid (similar ao sistema de classificação do USDA) tende a recompensar o rendimento e a conformação mais do que a qualidade ao consumo”, disse o gerente de agricultura da rede varejista do Reino Unido, Waitrose Ltd., Duncan Sinclair.

A última Auditoria Nacional de Qualidade da Carne Bovina (conduzida em 2011) revelou que para os consumidores americanos, a “satisfação ao consumo” continua sendo um dos maiores desafios de qualidade, ficando em segundo lugar, perdendo somente para a segurança alimentar.

A Austrália exportou 74% do seu rebanho de 26,5 milhões de cabeças em 2014 – com os Estados Unidos sendo seu principal mercado, seguido por Japão e Coreia. “Para conduzir o produto australiano, a qualidade ao consumo é muito importante. Precisamos classificar mais animais”, disse o gerente regional para Europa e Rússia para o MLA, Michael Crowley. O modelo é flexível o suficiente para mudar para se adequar à oferta sazonal de bovinos ou a mudança na base de clientes, disse ele. “Tornar esse programa global, é onde está a próxima fase de crescimento”.

Fonte: MeatingPlace.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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