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Austrália: BC corta os juros pela primeira vez em quase três anos

A Austrália tornou-se a maior economia desenvolvida a cortar as taxas de juros em 2019, reduzindo os custos de empréstimos pela primeira vez em quase três anos para compensar os efeitos das tensões no comércio global e uma desaceleração na China.

A medida acontece quando os participantes do mercado ficam mais convencidos de que o banco central dos Estados Unidos (Fed) deverá cortar as taxas no fim deste ano, seguido por uma série de reduções das nações vizinhas da Ásia-Pacífico.

O banco central da Austrália (RBA) reduziu sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 1,25% ao ano. Alguns economistas dizem que a taxa pode chegar a 0,5% em meados do próximo ano.

O lento crescimento global e a quebra nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China estão fazendo com que os banqueiros centrais mudem suas estratégias.

O Banco Central Europeu (BCE) divulgou de surpresa no início deste ano planos para estimular a economia em declínio do continente com medidas que incluem um novo lote de empréstimos baratos de longo prazo para os bancos comerciais. O Fed suspendeu aumentos de juros que estavam previstos e agora muitos economistas acreditam que o próximo movimento será um corte nas taxas.

O governo da China, enquanto isso, revelou os esforços para melhorar o crescimento, incluindo novas isenções fiscais e aumento dos empréstimos bancários para pequenas empresas privadas.

A Austrália é especialmente vulnerável às tensões comerciais devido à sua exposição à China: um quarto de suas exportações se dirige ao país asiático, principalmente commodities industriais como minério de ferro e carvão.

A Nova Zelândia, que também depende da demanda chinesa por turismo e educação – juntamente com a agricultura e produtos como leite em pó – cortou as taxas de juros no mês passado. Índia, Malásia e Filipinas também baixaram as taxas.

A expansão econômica da Austrália sobreviveu a uma crise econômica regional na década de 1990, a uma crise econômica global nos anos 2000 e ao esfriamento do boom de commodities na década de 2010. A economia australiana, rica em recursos naturais, não teve uma recessão em quase 28 anos; um recorde que levou o presidente do Fed, Jerome Powell, a brincar no fim do ano passado dizendo que “os ciclos de negócios não duram para sempre, a menos que você seja a Austrália”.

No entanto, os mercados financeiros estão refletindo uma crescente dúvida entre os investidores sobre a capacidade de a economia resistir a ameaças iminentes, principalmente no que diz respeito a disputas comerciais. O dólar australiano caiu à beira do seu ponto mais fraco em uma década e os rendimentos dos títulos atingiram mínimos recordes.

Embora a expansão da Austrália tenha sido longa, ela perdeu força nos últimos dois anos, atingida pelo esfriamento do boom de commodities e do mercado imobiliário.

Os salários estão estagnados, a taxa de desemprego está aumentando, as pessoas estão retendo os gastos e o crescimento diminuiu drasticamente desde meados do ano passado. Espera-se que os números oficiais do PIB na quarta-feira mostrem uma taxa de crescimento anual abaixo de 2% nos primeiros três meses do ano – o nível mais baixo desde a crise financeira de 2008.

O presidente do RBA, Philip Lowe, manteve a taxa básica de juros do país em 1,5% ao ano desde que assumiu o cargo em setembro de 2016, em uma tentativa de esfriar o mercado imobiliário então exuberante e conter a dívida das famílias. Em Sydney, os preços dos imóveis caíram quase 15% em relação ao pico de 2017 e, em todo o país, registram-se as maiores quedas desde a crise financeira. Os preços ao consumidor ficaram estáveis nos primeiros três meses do ano e o núcleo da inflação caiu ainda mais em relação à meta do RBA, na faixa de 2% a 3%.

Sally Auld, economista-chefe da Austrália no JPMorgan Chase, prevê mais três reduções nas taxas até o meio do ano que vem.

Fonte: Valor Econômico.

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