Bovinocultura: cadeia produtiva é tema de reunião entre Embrapa e Emater-DF
10 de março de 2021
FAO: Produção de alimentos gera mais de um terço das emissões globais de efeito estufa
10 de março de 2021

Aumento de depósitos à vista ‘ajuda’ o campo

A redução nos percentuais de direcionamento do crédito rural, feita em 2020, não deverá afetar o volume de recursos disponível para a safra 2021/22. Com o aumento dos depósitos à vista e de aplicações na poupança rural durante a pandemia, o montante de dinheiro que as instituições financeiras e cooperativas de crédito são obrigadas a destinar aos financiamentos aos produtores poderá até aumentar na próxima safra.

No Banco do Brasil, líder em crédito rural no país, a expectativa é que a captação aumente até 15%. “A pandemia criou um negócio que estamos chamando de poupança prudencial ou circunstancial. As pessoas consumiram menos do que estavam acostumadas em 2020. Isso gerou aumento da poupança”, disse João Rabelo, vice-presidente de Agronegócios e Governo do BB, ao Valor.

A queda da Selic, hoje em 2%, influenciou na manutenção das aplicações em depósitos à vista por mais tempo, e as captações das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) retomaram o ritmo na virada do ano. “Mesmo com a redução dos percentuais, esperamos ter um volume ainda maior para anunciar no próximo Plano Safra”. Em 2020/21, o BB disponibilizou R$ 103 bilhões para financiamentos aos produtores com recursos controlados e livres.

Em julho, o índice dos depósitos à vista foi reduzido de 30% para 27,5%. E ficou decidido que, a partir de julho deste ano, o percentual cairá a 25%. O direcionamento da poupança rural também foi cortado de 60% para 59%. “Mas não vai faltar recurso nessa fonte. É possível até que tenhamos que promover uma redução maior nos próximos anos”, disse Rogério Boueri, subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Economia.

A explicação não está no percentual, diz o subsecretário, mas sim na quantidade de recursos captados. O tema é administrado pelo Banco Central, que não respondeu se pretende promover um novo corte nos direcionamentos.

A preocupação principal do governo é com a subexigibilidade de aplicação de 22% dos recursos obrigatórios no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), meta difícil de cumprir para quase todas instituições financeiras, com exceção do BB.

Além disso, a equipe econômica critica as distorções causadas pelo direcionamento. “Há muito dinheiro carimbado no sistema bancário. O banco tem que emprestar a juros controlados, mas ele nunca perde, faz o jogo dele. Quem está pagando é quem pega cheque especial, CDC, crédito consignado. O spread bancário é alto nos juros livres”, salientou Rogério Boueri.

Mesmo assim, a manutenção das exigibilidades em 27,5% dos depósitos à vista e 59% da poupança rural está no topo dos pedidos das entidades do agro paranaense à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O setor também quer elevar de 35% para 50% o direcionamento das LCAs, que compõem os recursos livres do Plano Safra, sem juros controlados.

Faep, Ocepar, Fetaep e a Secretaria de Agricultura paranaense também pediram ao governo federal para permitir o direcionamento de até 5% da subexigibilidade do Pronaf para operações de investimento. Em fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o redirecionamento de até 2% para essa finalidade até o fim da safra, em junho, devido à falta de recursos e à demanda represada para compra de máquinas pelos pequenos produtores. Mas há resistências no governo para tornar permanente o uso dos valores dos depósitos à vista no financiamento dos investimentos a longo prazo.

Os recursos direcionados somam R$ 217,8 bilhões, 92% do total anunciado para o atual Plano Safra. As aplicações dos bancos estão acima das exigibilidades em todas as fontes, embora também haja deficiências. Em dezembro, as instituições financeiras tinham R$ 9,1 bilhões a mais aplicados de recursos obrigatórios dos depósitos à vista do que os R$ 56,6 bilhões exigidos, segundo o BC. Também havia R$ 1,3 bilhão a mais de poupança rural, cuja exigência é de R$ 110,9 bilhões para a safra, e R$ 10,3 bilhões adicionais aos R$ 50,3 bilhões nas LCAs.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress