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Ataque cibernético ‘cega’ a indústria da carne nos EUA

Ontem, o preço da carne nos Estados Unidos era um mistério. Um ataque cibernético às operações na América do Norte e na Austrália da JBS, maior produtora de carne do mundo, não só paralisou frigoríficos nos EUA como impediu o Departamento de Agricultura americano (USDA) de informar os preços no atacado das carnes bovina e suína, dos quais os mercados agrícolas dependem diariamente. 

A agência postergou os relatórios citando “problemas de envio do embalador”, uma vez que divulgações poderiam revelar informações sobre os concorrentes da JBS. Grandes fechamentos de fábricas geralmente aumentam os preços da carne. Nos  Estados Unidos, a empresa ocupa a primeira posição em produção de carne bovina e é a vice-líder em carnes suína e de frango. “Com a queda temporária da JBS, acho que os preços da carne suína no atacado subiriam bastante”, disse Dan Norcini, um negociador independente de suínos em Idaho.

O ataque cibernético ocorreu no fim de semana e teve como alvo servidores da JBS USA, responsável pelas operações da companhia na América do Norte e na Austrália. Ontem, um funcionário do United Food & Commercial Worker, sindicato que representa os trabalhadores das fábricas da empresa nos EUA, disse que, como resultado do ataque, todas as unidades de carne bovina da JBS no país foram fechadas. A empresa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito pela agência Bloomberg. 

Na Austrália, houve impacto sobre todas as operações de abate, de acordo com um operador do mercado, e, no Canadá, uma das maiores fábricas de carne bovina do país ficou paralisada ontem pelo segundo dia seguido. Até o fim do dia, não se sabia exatamente quantas fábricas foram atingidas pelo ataque, já que a JBS ainda não havia divulgado informações mais detalhadas. 

Uma porta-voz do governo americano disse que a empresa notificou a Casa Branca no domingo sobre o caso, já sob investigação do FBI. Segundo a porta-voz, a JBS alegou que uma organização criminosa “provavelmente sediada na Rússia” apresentou pedido de resgate e que a Casa Branca está em contato com o governo russo para tratar do episódio. 

O ataque afetou as operações da JBS USA, mas, segundo a empresa, os sistemas de backup foram preservados. A companhia afirmou “não ter nenhuma evidência no momento de que qualquer dado de clientes, fornecedores ou empregados tenham sido comprometidos ou mal utilizados como resultado da situação”. Analistas do segmento avaliaram que o fechamento de unidades pode ter reflexos sobre os preços ao consumidor.

O ataque à JBS é o mais recente a demonstrar os riscos a que as corporações estão sujeitas. Há três semanas, a Colonial Pipeline, maior operadora de dutos de combustíveis dos EUA, foi vítima de um ataque cibernético que afetou o abastecimento da costa leste e provocou corridas a postos de gasolina. 

As ações de criminosos têm sido particularmente frequentes na indústria de alimentos. Segundo Allan Liska, arquiteto sênior de segurança da Recorded Future, uma empresa de análise de segurança cibernética, empresas do setor relataram publicamente mais de 40 ataques de ransomware (que restringem o acesso a sistemas infectados) desde maio de 2020. 

Fonte: Valor Econômico.

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