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As chaves de uma empresa familiar devem estar sustentadas na visão de perpetuidade e no futuro para novas gerações, diz empresário paraguaio

“A visão das coisas deve levar você a gerar uma ação determinada com um planejamento do futuro que tenha prazos e que possam ser cumpridos”, disse com convicção o empresário Carlos Pedretti Fernández, que encabeça o conselho diretor da Ganadera Alborada, no Paraguai, que é um negócio familiar que teve como fundador seu avô, Luis Fernández, nos anos 30. Ele disse que as chaves de uma empresa familiar devem estar sustentadas na visão de perpetuidade e no futuro para as novas gerações. Pedretti também encabeçou o projeto para que o Paraguai conquiste o prestigioso mercado europeu para carne bovina local.

Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao jornal paraguaio, Última Hora.

A tradição de pecuarista herdou de seu avô, mas em que momento se envolveu completamente no negócio?

Provenho de uma família de pecuaristas. Meu avô se estabeleceu como pecuarista em uma idade muito precoce, chegou na época da Guerra do Chaco e foi também trabalhar como vaqueiro, conduzindo animais; a partir de então, é que foi conhecendo a região do Chaco que é onde está estabelecida a pecuária Alborada. Ele previu que a rota Transchaco ia passar pela região onde ele conduzia o gado, foi arrendando assim terras, já que, em princípio, não tinha dinheiro para comprar. A perseverança em todo momento fez com que isso continue em pé desde os anos trinta. Eu, ao sair da Universidade de Agronomia em 84, envolvi-me completamente no negócio familiar.

Quais são suas lembranças da época em que seu avô administrava a empresa?

Fui criado com meu avô quando jovem, cresci no campo, praticamente todos os conhecimentos os adquiri ali; através da educação o que fiz foi melhorar os conceitos que já tinha aprendido. Desde muito pequeno já estava montado sobre um cavalo, nos campos com meu avô. O trabalho era diferente do que é hoje em dia, que é muito mais moderno e mais rápido, conectado com estradas, o que não tinha antes. Faço parte da terceira geração da empresa, já que primeiro se envolveram meus tios e, agora é a minha vez.

Qual o segredo para que uma empresa familiar possa perdurar com o tempo, se estamos falando agora da terceira geração?

O relevante é a convicção de que, separados, somos muito pouco comparado com quando estamos juntos. Em commodities, se uma pessoa tem quatro propriedades de 100 hectares que equivalem a 400 hectares, é muito mais poderosa que que 4 de 100. Ter essa convicção a nível de integrantes da família é muito importante, adotar todas as normas de boas práticas de administração também; com isso, uma empresa pode ir progredindo conforme passem as gerações, que vão passado. A transparência é o fator primordial.

Você gostaria que seus filhos também se envolvessem no negócio pecuário da família?

Eu quero que meus filhos tenham funções fora da empresa, que conheçam, viajem, estudem fora, que adquiram experiência, e depois se envolvam na direção da empresa. A pecuária é uma atividade que permite que através de ter uma administração profissional, possa ter diretores que opinem e ajudem no rumo da empresa.

Desde quando começou a se envolver nos trabalhos da Associação Rural do Paraguai (ARP)?

Desde 2006. Comecei como presidente da comissão de carnes e liderei o projeto de abertura do mercado europeu. Através da presidência da mesa técnica multisetorial, em 2008, o Paraguai foi habilitado pela União Europeia (UE) para exportar carnes. Então, em 2007, como presidente dos serviços de registros zootécnicos da ARP, o qual estou presidindo até hoje, administramos o Sistema de Rastreabilidade do Paraguai, que foi fundamental para que o país fosse admitido em um mercado tão prestigioso como é o do Velho Continente.

Esses reconhecimentos a nível sanitário tiveram a ver com o trabalho do setor privado com o público?

Realmente é um exemplo de aliança público-privada, de trabalho conjunto entre o Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Animal (Senacsa), a ARP e os frigoríficos industriais, dentro da Câmara Paraguaia de Carne, que colocaram o país em um lugar importante. A mudança se nota desde 2003, onde de 9 milhões de cabeças passamos a a 15 milhões a nível local e na exportação nesse mesmo ano, que passou de US$ 124 milhões a US$ 1,726 bilhão, catorze vezes mais, em 2014.

Qual sua opinião com relação à exportação de gado vivo ao Equador?

É um caso de êxito. Foi uma conquista histórica para o país, é o reconhecimento de que o Paraguai tem alta genética, que é a que o Equador precisa. Além disso, estaríamos também exportando técnicos para que assessorem pecuaristas da região.

Como faz para conciliar todos esses papéis que têm na empresa, na ARP, com a família?

Realmente é difícil. Minha família me apoia muito, minha esposa em tudo isso, e praticamente trabalho até às 19 horas em um dia normal. Não levo trabalho para casa, senão esse se converte em algo tedioso; além disso, meu filho Franco, de 3 anos, não me deixa, quer o computador somente para ver seus desenhos animados. Passamos de planejamento de mercados mundiais a desenhos animados de escavadora e carregador.

A questão do estresse pela sobrecarga de trabalho está tão vigente hoje em dia. O que acha disso?

É necessário equilibrar os papéis, já que o estresse é um componente importante na vida. É necessário agradecer quando se tem a opção de ter o apoio na família, que é essencial para poder ter tranquilidade e planejar as atividades que temos; por outro lado, quando se ama o que se faz, o trabalho não é um sacrifício.

O país passou por várias situações difíceis na pecuária. Como fez para superar as tensões e crises?

Meu avô me ensinou que temos que ser perseverantes. Nas épocas que eram muito mais selvagens, sem comodidades, sem luz elétrica, sem caminhos, a pecuária sobreviveu em regiões difíceis como o Chaco. É necessário estarmos convencidos de que alancaremos a meta fazendo o bem. O resultado será positivo quando se planeja. Não se deve esperar, deve-se ter um plano de negócios e estabelecer uma meta. A visão sempre tem que estar acompanhada da ação; sem ela, não é suficiente.

Qual sua visão sobre as associações locais?

A única maneira de apoiar as mudanças no país é estando dentro. Não se pode estar na arquibancada criticando como está a partida; neste caso, é necessário entrar no campo do jogo, vestir a camisa e jogar a partida; depois, organizar uma mudança, não de fora.

Fonte: http://www.ultimahora.com, traduzida pela Equipe BeefPoint.

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