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Arroba continua sua trajetória de alta, impulsionada pela falta de boi gordo

Com pouco volume de boi gordo sendo ofertado pelos pecuaristas os frigoríficos trabalham com escalas curtas e precisam reajustar os preços pagos pela arroba para garantir matéria-prima, cumprir contratos e mater suas plantas funcionando.

Com pouco volume de boi gordo sendo ofertado pelos pecuaristas, os frigoríficos trabalham com escalas curtas e precisam reajustar os preços pagos pela arroba para garantir matéria-prima, cumprir contratos e mater suas plantas funcionando.

Nesta quarta-feira o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP) divulgou cotação de R$ 87,13/@ para o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista, alta de R$ 1,33 em relação ao dia anterior. No dia 28 de maio, este indicador foi cotado a R$ 83,73/@, isso representa alta de 4,06% em uma semana.

O indicador a prazo também está registrando valorizações dia após dia, sendo cotado a R$ 88,07/@, nesta quarta-feira. Em um mês a arroba do boi gordo, com prazo de 30 dias, cotada pelo Cepea, acumulou alta de 12,02%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


De acordo com o InfoMoney, o dólar comercial encerrou praticamente estável nesta quarta-feira, dia 4, após ter apresentado sinais divergentes, ainda que muito próximos da variação nula, numa sessão marcada por perspectivas distintas. O nervosismo se intensificou nos mercados no decorrer do dia e se uniu à expectativa de aumento na taxa Selic, levando a moeda à indefinição. O Copom (Comitê de Política Monetária) ainda não tinha divulgado a atualização da taxa básica de juro, de 0,5 ponto percentual, até o fechamento da moeda.

Segundo a Folha de São Paulo, a decisão por unanimidade do Copom de elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano, foi influenciada principalmente pelo avanço da inflação. O país continua com a maior taxa real de juros do mundo, entre as principais economias. O próximo encontro do comitê do Banco Central está marcado para os dias 22 e 23 de julho.

O dólar compra foi cotado a R$ 1,6299, recuo de 1,94% em relação à semana passada e acumulando desvalorização de 15,14% no ano – no dia 04 de junho de 2007 a moeda americana valia R$ 1,9207, segundo o Banco Central. Com dólar em queda e arroba do boi gordo em alta, o indicador Esalq/BM&F boi gordo em dólares subiu 6,12% durante o período analisado (uma semana), ficando em US$ 53,46/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo em R$ e em US$


Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil exportou US$ 375,6 milhões em carne bovina in natura, referentes ao envio de 97.778 toneladas do produto ao exterior, durante o mês de maio.

Em receita, este resultado é 22,01% superior ao realizado no mês de abril. Em termos de volume, no mês de maio os números também cresceram, registrando variação positiva de 9,23% em relação ao mês passado.

O maior crescimento da receita se deve à valorização da carne brasileira no mercado internacional. De acordo com os dados divulgados ontem, o preço médio da tonelada de carne bovina in natura exportada foi de US$ 3.841, aumento de 11,70% em relação ao mês anterior quando os exportadores negociaram a carne brasileira a US$ 3.438.

Agentes de mercado, consultados pelo BeefPoint, acreditam que esse aumento observado nas exportações é mais um fator que ajuda na manutenção atual dos preços do boi gordo. Além do fato dos frigoríficos precisarem comprar bois para cumprir contratos de exportação, esta situação está colaborando para a valorização do preço da carne no mercado interno.

Algumas pessoas que atuam neste mercado acreditam que neste momento, com os preços da carne subindo para acompanhar a alta a arroba, alguns consumidores já começam substituir a carne bovina por outras proteínas mais barats. Mas a forte demanda do mercado internacional não possibilita que sobre grande quantidade de carne no mercado interno e os preços seguem firmes evitando recuos no preço da arroba.

Tabela 1. Exportações de carne bovina in natura


Outro fator que tem animado o mercado e nutrido boas expectativas para os próximos meses é a abertura de novos mercados para a carne brasileira. A China habilitou algumas plantas para exportação de carne bovina, segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China de Desenvolvimento Econômico, Paul Liu, o maior número de fornecedores trabalhando o mercado chinês permitirá a entrada de cortes ainda não consumidos no país, como os mais nobres.

Além dessa conquista, empresas exportadoras e o governo continuam lutando para melhorar as relações comerciais brasileiras no exterior e conseguir novos clientes. Um exemplo disso é uma missão coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que irá participar de encontros com empresários e representantes dos governos de países do Oriente Médio e norte da África, a partir da semana que vem.

No mercado físico os preços segue firmes e nada indica recuos no curto prazo. Durante a semana os frigoríficos precisaram elevar as ordens de compra para conseguir completar escalas, que de maneira geral seguem curtas. Apesar dos reajustes no preço pago aos produtores a oferta continuou enxuta e nem o aumento de preços fez as escalas andarem. Na média, as programações de abate vão de 3 a 5 dias.

No Mato Grosso do Sul alguns frigoríficos exportadores elevaram os preços para R$ 85,00/@ e conseguirão comprar animais para uma semana. Mas quem demorou para reajustar os preços encontrou dificuldade de compra, mesmo pagando o preço mais alto, e não conseguiu fazer as escalas andarem. Isso evidencia que a oferta realmente é pequena e o produtor que tem boi gordo no pasto está bastante confiante que os preços seguirão firmes.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 28/05/08



Trabalhando com certa ociosidade, os frigoríficos que não conseguem comprar volumes satisfatórios de boi gordo tem recorrido ao abate de fêmeas, cuja oferta também é bastante reduzida. Assim o preço da arroba da vaca gorda também está subindo em todas as regiões produtoras. Em São Paulo, a vaca gorda foi cotada R$ 78,00/@, em Dourados/MS, a arroba da fêmea vale R$ 74,00/@.

Na reposição, todas as categorias seguem com preços valorizados. Ao contrário da procura e necessidade de reposição, a oferta de bezerros é bastante enxuta fazendo os preços atingirem recordes consecutivos. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 674,98/cabeça, nesta quarta-feira, alta de 1,59% na semana. Em relação ao dia 02 de maio a valorização acumulada é de 17,30%, nesta data o indicador valia R$ 664,44/cabeça.

O mercado futuro segue acompanhando a firmeza do mercado físico. O primeiro vencimento, junho/08, fechou a R$ 90,69/@, com variação de R$ 2,69 na semana. Os contratos para outubro/08 fecharam, nesta quarta-feira, a R$ 98,99/@, com variação positiva de R$ 1,34. Acompanhe no gráfico abaixo as variações em relação ao fechamento do dia 28 de maio, quarta-feira da semana passada.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 28/05/08 e 04/06/08


No atacado da carne bovina, os três cortes primários registraram valorização nesta semana. O Boletim Intercarnes comenta que o mercado de carne segue firme, com ofertas instáveis. Situação que dá sustentação aos preços atuais no atacado, ainda que as vendas no varejo, não sinalizem evolução.

O traseiro foi cotado a R$ 6,00, o dianteiro a R$ 5,00 e a ponta de agulha a R$ 4,10. Assim, o equivalente físico permaneceu em R$ 80,45/@. Com a valorização de 1,55% do boi gordo, o spread (diferença) entre indicador Esalq/BM&F à vista e equivalente físico voltou a subir, ficando em R$ 6,69/@.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina


Com um aumento de 2,44% na cesta formada por 35 produtos avaliados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), saltando de R$ 232,62 em março para R$ 238,29 em abril, os supermercados já sentiram o reflexo negativo nas vendas, comentou o presidente da Abras, Sussumu Honda.

Segundo a Abras, a maior redução vem ocorrendo na classe C, que vem diminuindo a compra até de itens essenciais. “O mesmo grupo sócio-econômico que fez crescer o volume, agora começa a sentir, porque é o que dedica maior parte do orçamento para esses produtos [os alimentos]”, observou, lembrando que o segmento gasta cerca de 30% da renda com alimentos e é responsável por aproximadamente 70% das vendas do setor.

Essa alta pode ser sentida diretamente nos preços da carne. Só neste mês, a rede de supermercados Giassi, de Santa Catarina, repassou ao preço final aumento de 8% de uma elevação nos frigoríficos que superou 10%. “A cada semana, o preço do boi está subindo”, justificou o presidente da empresa, Zefiro Giassi. E mesmo com os aumentos há dificuldades de abastecimento. Das seis cargas de carne bovina encomendadas para a próxima semana, uma foi cancelada.

Segundo pesquisa mensal do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), a cesta básica disparou devido à alta dos produtos agrícolas e demanda acelerada de alimentos. “Em 2007 e 2008 vimos a inclusão de um grande volume de famílias no mercado de consumo, mas já é possível que o rendimento nessa faixa tenha começado a cair em razão da alta dos alimentos. Isso pode levar a uma diminuição do consumo de outros itens”, analisou o sócio da Tendências Consultoria e professor da PUC-RJ, José Márcio Camargo. Sete produtos aumentaram em todas as capitais entre maio de 2007 e maio de 2008: carne, leite, tomate, feijão, pão, banana e óleo de soja.

Gráfico 3. Preços da carne no varejo (dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica do Dieese)


A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de projeto que modifica as exigências para o rastreamento de gado bovino. O projeto de oito artigos simplifica as regras. A identificação do animal será feita com marcas a fogo, tatuagens ou chips eletrônicos. “Essa farra de brincos está proibida”, avisou o relator do projeto, Abelardo Lupion (DEM-PR).

Para garantir a sanidade e o controle de trânsito serão suficientes a atual guia de trânsito animal (GTA), nota fiscal e inscrição no Serviço de Inspeção Federal (SIF). “Fizemos uma coisa simples, pé no chão e factível. Tudo isso já é costume, já é feito pelos pecuaristas”, destacou Lupion.

No sentido de melhorar o entendimento do sistema e estimular a discussão sobre a rastreabilidade, o BeefPoint fez uma parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para esclarecer dúvidas sobre a implantação do novo Sisbov no Brasil.

Este Fórum será um espaço onde os usuários do BeefPoint poderão encaminhar suas perguntas sobre o Sisbov, que serão encaminhadas ao Ministério e serão publicadas três respostas por semana.

Para enviar sua pergunta clique aqui e preencha o formulário.

Nesta semana, foi divulgada a fusão dos frigoríficos Quatro Marcos e Margen resultando na empresa Uni Alimentos, que já nasce com faturamento anual de R$ 2,5 bilhões e capacidade de abate diário de 18,5 mil cabeças.

Entre os motivos que levaram os dois grupos a se unir estão a baixa sobreposição de áreas de atuação, os ganhos de sinergia (em suprimentos, logística, comercial e fiscal) e o potencial de crescimento. Para um analista do setor, juntos, Quatro Marcos e Margen ganharão escala e enfrentarão melhor a pressão nas margens. A nova empresa tem presença em nove estados brasileiros e 40 unidades industriais.

0 Comments

  1. Pablo Riet Correa disse:

    Se mudarmos o SISBOV novamente, perderemos de vez a credibilidade da UE, e até dos próprios produtores, agora que se está rumando para termos um sistema de rastreabilidade decente, confiável e competente. Temos que ser mais produtivos e não querer fazer tudo do jeito mais fácil como sempre.

  2. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Prezado senhores, esta nova mudança do sisbov já deveria ter acontecido há muito tempo. Nós, aqui no Brasil já possuimos uma organização sanitária muito boa e talvez melhor do que a feita na Europa, que ainda tem problemas como o da vaca louca, organização que consegue estar instalada e adaptada para dimenção do Brasil, tamanho das propriedades e quantidade de animais aqui existentes.

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