Argentina: consumo de carne caiu em 20%

Uma forte queda no consumo de carne bovina foi registrada no primeiro quadrimestre desse ano com relação ao mesmo período de 2009 na Argentina. Segundo a Câmara de Indústria e Comércio de Carnes da República Argentina (Ciccra), a queda do abastecimento ao mercado interno e o crescimento populacional fizeram com que o consumo por habitante baixasse de 70,3 quilos por ano de janeiro a abril de 2009 para 56,3 quilos por habitante por ano de janeiro a abril de 2010, isto é, houve uma queda de 20%.

Segundo o diretor da Ciccra, Miguel Schiariti, embora o aumento dos preços do produto no varejo também venha exercendo uma barreira no consumo, o público acabou estipulando um preço máximo que estava disposto a pagar e disse também que, do mês passado até hoje, houve uma baixa de preço no varejo de 0,7% a 0,8%.

A representante do Centro de Educação ao Consumidor (CEC), Susana Andrada, disse que quando o consumo cai se deve, principalmente, ao preço do produto. “É uma equação muito simples, quando aumenta a carne os consumidores se voltam a produtos substitutos, no geral, o frango, mas também os carboidratos (massas) e as verduras”.

Andrada concordou que o preço da carne se estabilizou no último mês, após ter aumentado em 40% entre janeiro e março. De todas as maneiras, disse que os valores que se estabilizaram foram em carnes “mais duras”, mas as “premium”, seguem com um preço elevado.

Apesar da estabilização dos preços, Schiariti teme que, se forem efetivados os aumentos de salários que estão sendo negociados, será maior a pressão sobre a demanda, o que implicaria em uma possibilidade de leves aumentos no preço da carne no varejo no fim do inverno, porque vai faltar gado outra vez.

Com relação ao relatório da Ciccra, a produção de carne bovina no período analisado passou para 877.000 toneladas de carcaça com osso, o que significou um retrocesso de 238.250 toneladas (21,4% a menos) com relação ao mesmo período de 2009.

No entanto, os abates se mantiveram levemente menores do que um milhão de cabeças. “De acordo com nossas estimativas, foram abatidos cerca de 950.000 bovinos, o que chegou a um nível de atividade de 30% inferior ao registrado no mesmo mês de 2009”, disse Schiariti.

“A primeira e principal causa da situação atual foi a (anti) política pecuária implementada a partir de março de 2005, quando começaram a ressurgir os acordos de preços que muitos defenderam e, inclusive, encorajaram, porque consideravam instrumentos úteis para combater a incipiente aceleração da taxa de inflação”. Como consequência disso, houve redução no rebanho e, em especial, do rebanho de fêmeas e também se afetou negativamente os índices de eficiência produtiva.

No que diz respeito à participação das fêmeas nos abates totais, embora a Ciccra observe uma importante queda com relação aos valores recordes alcançados em períodos similares de 2008 e 2009, em termos históricos, continua sendo muito elevada. Em janeiro a abril de 2010, 47,6% dos abates totais corresponderam a fêmeas, quando a média para o mesmo período de 1991 a 2009 foi de 44,1%.

Por último, as exportações de carne não foram alheias ao declínio da atividade. No primeiro quadrimestre de 2010, as exportações foram de 117.508 toneladas, que representaram uma queda de quase 30% com relação ao mesmo período do ano anterior.

A reportagem é do La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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