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Argentina: após dois anos de baixa, consumo de carne bovina se recupera

A Argentina é conhecida, como um país carnívoro por excelência e que tem um consumo de proteína animal similar ao de nações mais desenvolvidas. No país a carne vermelha apresenta um preço que aumentou muito abaixo da inflação, em suas raízes nos paladares locais e em um melhor valor relativo com relação a seus substitutos.

Depois de anos de estagnação, o consumo de carne bovina deu um salto e a indústria estima que até o fim de 2013 chegará a 67 quilos per capita anual, o que representa um aumento de 21% com relação a 2012. O Instituto de Promoção de Carne Bovina (IPCVA) destacou que, entre 2010 e 2011, houve uma disparada dos preços e isso fez com que as pessoas substituíssem esse produto por outros mais baratos.

O que ocorreu nos últimos 12 meses é que o preço da carne vermelha aumentou somente em 7%, muito abaixo dos 25% da inflação estimados pelas consultoras privadas. “Isso faz com que a demanda volte a estar nos níveis do começo dos anos 2000, porque, ainda que o aumento do resto das carnes também tenha sido pouco, diante de um custo igual, o argentino prefere os cortes bovinos”.

Há também outra questão: o aumento do preço do trigo, pelas políticas governamentais que desestimulam sua produção, fez com que se disparasse o preço da farinha (a embalagem de 50 quilos custava 180 pesos (US$ 30,74) em janeiro, e hoje, está em 300 pesos (US$ 51,21), com o que também aumentou os preços das massas.

Há dois anos, em virtude dos preços das mesmas, houve um aumento em seu consumo. E nota-se que se esse alimento se converteu no negócio do momento.

Basta entrar na página do Coto Digital para comprovar que hoje, o luxo não é comer um bom corte de carne, mas sim, saborear um suculento prato de massas frescas recheadas. Na plataforma virtual desse supermercado, pode-se ver que o quilo de massas frescas recheadas custa de 45 a 55 pesos (US$ 7,68 a US$ 9,38), enquanto que há cortes de carne a partir de 33 pesos (US$ 5,63).

Já no segmento premium, no entanto, o quilo de massas secas custa de 75 pesos (US$ 12,80) a 172 pesos (US$ 29,36), enquanto que a carne especial embalada a vácuo custa de 75 a 121 pesos (US$ 12,80 a US$ 20,65).

Ao cair o preço da carne vermelha, descobriu-se que, a um preço similar, o argentino prefere essa proteína às outras. A primeira que sofreu o golpe desse efeito foi a carne de aves. Embora o frango siga com preços menores que os da carne bovina, a diferença hoje é menor.

A executiva da empresa avícola, Rasic, que produz e comercializa sob a marca Cresta Roja, Karina Rasic, informou que seu negócio está submetido há alguns entraves, visto que os cortes bovinos quase não aumentaram e porque, culturalmente, o consumidor local prefere essa carne acima de qualquer outra.

Em 2009, o consumo de carne de frango tocou o que se estima ser seu teto, de 39,8 quilos per capita anual. Segundo Rasic, esse ano terminará com uma leve queda e se posicionará nos 38 quilos. “Hoje, o frango está mais barato que uma pizza, mas o que ocorre é que é muito difícil que aqui se comam mais de 40 quilos por pessoa por ano”.

A carne suína, no entanto, se posiciona como uma das que tem maior potencial de crescimento. Está em terceiro lugar em volume consumido, depois da carne bovina e de frango, mas cresceu nos últimos anos: em 2005, comiam-se 2 quilos de cortes frescos per capita por ano, enquanto que hoje, chega a 10 quilos.

O presidente da Associação Argentina de Produtores de Suínos, Juan Uccelli, disse que ainda estão longe do seu teto. “Entre fresco e embutidos, podemos chegar a 20 quilos em quatro anos”.

No entanto, Uccelli disse que a queda de preços da carne bovina também afeta um pouco seu setor, porque, para que os cortes frescos de carne suína vendam bem, tem que estar muito abaixo do preço da carne bovina, algo que hoje não acontece.

Por trás da queda de preços da carne está a proibição de exportar, que pesa sobre o setor, o que faz com que maior quantidade de produtos fiquem retidos no mercado interno e, pelo efeito de oferta e demanda, haja queda no valor.

Segundo pesquisadores, isto é benéfico para o consumidor em curto prazo, mas nocivo para o futuro, porque o produtor não tem estímulos para produzir mais e chegará o dia em que haverá menos carne e seu valor irá subir.

Última no gosto local, a carne de pescado também cresceu: o consumo de produtos pesqueiros aumentou em 42,3% entre os primeiros oito meses de 2013 com relação ao mesmo período de 2012, de 6,8 quilos per capita para 9,7 quilos por habitante.

O aumento no último ano no consumo de carne bovina e o avanço na última década das indústrias avícola e suína converteu a Argentina em um dos países com maior consumo per capita de proteína animal: entre janeiro e julho desse ano, houve um consumo per capita anual de 116,60 quilos. Não somente isso, segundo estimativas dos diferentes setores produtivos, poderiam ser alcançados 118 quilos até o final de 2013.

O dado não é pequeno quando se considera que países com maior produto interno bruto per capita estão pouco acima desse consumo, como é o caso dos Estados Unidos, que tem um consumo per capita de 120 quilos de proteína animal por ano.

O mix de consumo de carnes na Argentina está composto da seguinte forma: carne bovina está na frente, com 67 quilos per capita anual; em seguida está a carne de aves, com 38 quilos; a suína, com 13 quilos (10 de cortes frescos e 3 de embutidos).

Esse crescimento se deu em pouco tempo, posto que em 2009, o país tinha um consumo médio de carnes de 93,3 quilos per capita por ano, similar ao de países como França ou Austrália.

Em 25/10/13: 1 Peso Argentino = US$ 0,17072

5,85105 Peso Argentino = US$ 1 (Oanda.com)

Fonte: La Nación, traduzida e resumida pela Equipe BeefPoint.

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