Os problemas climáticos observados em importantes regiões produtoras da Argentina catapultaram os preços internacionais dos principais grãos exportados pelo Brasil ao maior patamar em um ano em fevereiro. E a janela para novas altas está aberta, tendo em vista que a escassez hídrica que prejudica lavouras de soja e milho no vizinho perdura e motiva cortes cada vez mais profundos nas estimativas de safra e exportação do país.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos de segunda posição de entrega negociados na bolsa de Chicago mostram que a soja fechou o mês passado com valorização de 4,03% em relação a janeiro. Houve retração de 2,47% na comparação com fevereiro de 2017, mas foi a maior média desde então. O milho seguiu caminho semelhante e, como a soja, registrou em fevereiro a sua maior média desde o mesmo mês do ano passado.
No mercado de soja, o farelo também tem colaborado para puxar as cotações do grão, uma vez que a Argentina lidera as exportações globais do derivado – que fechou fevereiro com preço médio 10,21% ao de janeiro na bolsa de Chicago. E os ganhos só não são maiores porque, no Brasil, segundo maior exportador do grão, o clima tem se mostrado mais favorável que o esperado e a produção deste ciclo 2017/18 caminha para bater outro recorde. Também pesa contra a escalada as primeiras perspectivas para a próxima safra americana (2018/19), que tende a ser novamente robusta.
Independentemente desses fatores “baixistas”, no curto prazo, por causa da Argentina a curva de alta poderá se tornar mais aguda. Segundo a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), na semana encerrada em 20 de fevereiro os gestores de recursos (“managed money”) ampliaram as apostas na alta da soja e deixaram o pessimismo de lado no mercado de milho. Ontem, os futuros de segunda posição de entrega de ambas as commodities encerraram o pregão em Chicago com valores superiores às médias do mês.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.