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Áreas de cultivo de milho e soja vão crescer nos EUA

Mais animados com o armistício entre Washington e Pequim e tendo em vista a tendência de aumento das importações de carnes da China, os agricultores americanos deverão expandir de forma expressiva as áreas plantadas de milho e soja na próxima safra (2020/21), que começará a ser semeada no país no fim do primeiro semestre.

Traçado a partir das primeiras estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados unidos (USDA) para a nova temporada, divulgadas na manhã de ontem, o cenário motivou a queda dos preços desses grãos na bolsa de Chicago e deverá ter reflexos no campo brasileiro. EUA e Brasil são os maiores exportadores de soja e milho do mundo.

Segundo o USDA, a área plantada de milho crescerá 5% em relação ao ciclo 2019/20, para 38 milhões de hectares, e será a maior desde a temporada 2016/17. Já a soja deverá recuperar boa parte da área que perdeu na safra passada, em decorrência das disputas comerciais entre EUA e China, e ocupar 34,4 milhões de hectares, 12% mais que na safra 2019/20.

Mesmo com todo esse crescimento, um dos maiores das últimas décadas nos EUA, a soja ainda não voltará a ocupar o espaço alcançado nas safras 2017/18 e 2018/19 – mais de 36 milhões de hectares -, antes do início das disputas que levaram a China a taxar a oleaginosa americana e privilegiar o Brasil nesse comércio.

Também é preciso realçar que a redução expressiva da área em 2019/20 foi influenciada pelas fortes chuvas que inundaram regiões do Meio-Oeste americano e levaram muitos produtores a deixar de plantar para recorrer ao seguro do governo em caso de perdas por problemas climáticos.

Em boa medida, dizem analistas, a recuperação não será total porque a soja disputa áreas com o milho nos EUA e os preços do cereal atualmente estão mais atraentes, também em virtude da demanda dos produtores americanos de etanol. Mas também porque há muitas incertezas em relação à demanda da China, que responde por mais da metade das importações globais de soja.

A epidemia de peste suína africana reduziu a demanda do país asiático por grãos para a produção de ração e elevou a necessidade de importação de proteínas – o que beneficia exportadores de carnes dos EUA e tende a inflar a demanda dos frigoríficos americanos pela matéria-prima -, mas o milho também é usado para rações e o atual surto de coronavírus turva as estimativas sobre o quanto essas importações vão de fato aumentar.

Independentemente das dúvidas que pairam sobre o mercado, as estimativas do USDA pesaram sobre as cotações de milho e soja ontem em Chicago. No mercado do milho, os contratos futuros de segunda posição de entrega (maio) caíram 0,7%, para US$ 3,8275 por bushel. No caso da soja, os mesmos papéis fecharam a US$ 9,01 por bushel, retração de 0,5%.

No mercado de soja, cujas exportações são lideradas pelo Brasil, a expectativa de retomada do fluxo “normal” de vendas dos EUA à China não deverá provocar solavancos pelos menos até setembro, quando começará a colheita no concorrente. Até lá, as cartas já estão na mesa.

Segundo o analista Adriano Lo Turco, da Agroconsult, 66% do que os americanos esperam exportar em 2020 foram negociados – cerca de 32 milhões de toneladas de um total de 50 milhões de toneladas estimado para o ano. Nas contas de Victor Ikeda, analista do banco Rabobank, mais de 30 milhões de toneladas serão destinadas à China, para onde os EUA venderam apenas entre 15 milhões e 20 milhões de toneladas nos últimos dois anos.

Assim, disse Lo Turco, a participação do Brasil nas exportações para a China deverá voltar aos patamares pré-disputa. Ele calcula que em 2020 os embarques brasileiros de soja aos chineses deverão somar 53,5 milhões de toneladas, 7,7% a menos que em 2019. No total a Agroconsult estima as exportações brasileiras em 73 milhões de toneladas. Para 2021, o analista acredita que o volume de soja a ser vendido pelo Brasil à China será ainda menor: 52,5 milhões de toneladas de um total de 74 milhões de toneladas a serem exportadas.

Para Ikeda, do Rabobank, o impacto chinês sobre as exportações brasileiras será de 15% em 2020. Mas a expectativa é que haja um reordenamento de fluxo para outros destinos. “O Brasil deverá exportar em torno de 70 milhões de toneladas do grão para todos os destinos este ano”, disse.

Se de fato o apetite chinês pela soja americana confirmar as expectativas e voltar a se consolidar em patamares mais elevados, os preços poderão subir de maneira mais consistente em Chicago.

No caso do milho, o avanço previsto do plantio nos EUA – desde que não seja seguido de problemas climáticos no desenvolvimento das lavouras – poderá dificultar o aumento dos embarques do Brasil, que no ano passado foi o maior exportador do mundo também do cereal. A tendência é que o país seja novamente superado pelos EUA.

Fonte: Valor Econômico.

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