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Ao buscar parcerias com produtores rurais podemos conhecer suas necessidades e dúvidas, e a partir delas criar novas pesquisas – Cristiane Titto [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal -,  no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal. Além de palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em bem-estar no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint -, conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Cristiane Gonçalves Titto, finalista na categoria Professor/Pesquisador Referência em Bem-estar Animal.

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Cristiane Gonçalves Titto é zootecnista formada pela FZEA/USP em Pirassununga/SP, com mestrado e doutorado na mesma instituição. Após sua formação trabalhou quase 4 anos na área de nutrição animal, antes de realizar a pós-graduação. Hoje é professora/doutora em regime de dedicação exclusiva na FZEA/USP, ministrando disciplinas de bem-estar animal, etologia e bioclimatologia para os cursos de Medicina Veterinária, Zootecnia e Engenharia de Biossistemas.

Hoje, desenvolve trabalhos com bovinos de corte, ovinos, suínos, equinos e gatos domésticos. Vale ressaltar, que em sua linha de pesquisa, há quase sempre a interação do ambiente térmico com alterações de comportamento animal e seus efeitos sobre o bem-estar dos animais.

Seus hobbies preferidos são: jogar tênis, ler livros (romances policiais) e tirar fotos.

BeefPoint: Com base em suas pesquisas, o que você implementou de diferente na pecuária brasileira e no quesito bem-estar animal, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Bem-estar Animal?

Cristiane Titto: Acredito que o destaque tenha sido por enfocar a espécie ovina em diversas pesquisas, espécie que até há pouco tempo atrás não tinha muito destaque em nossa pecuária nacional, além do fato de que as aplicações para essa espécie se assemelham às de bovinos de corte, apenas apresentando algumas particularidades importantes.

Dentro de nossos resultados de pesquisa temos recomendações para transporte de ovinos em caminhões fechados e com tempo de espera superior a 14 horas para abate, confinamento em duplas, pois aumentam o ganho de peso quando comparado a confinamento coletivo. Mostramos também o efeito da alta reatividade, característica muito observada em ovinos, influenciando negativamente medidas fisiológicas ligadas à termorregulação animal.

BeefPoint: Na sua opinião, o que pode ser feito para diminuir a distância da pesquisa com a prática vivenciada no campo?

Cristiane Titto: Ao buscar parcerias com produtores rurais podemos conhecer suas necessidades e dúvidas, e a partir delas criar novas pesquisas. Já o caminho de volta, com os resultados da pesquisa para o campo, requerem profissionais capacitados que possam se envolver nos dois lados.

BeefPoint: O que você faz para difundir suas pesquisas para os pecuaristas? O que ainda pode ser feito?

Cristiane Titto: Hoje ainda pouco é feito. Estamos em fase final de elaboração de um site do nosso laboratório, onde iremos incluir os resultados de pesquisas de forma clara e concisa, para facilitar o entendimento. Quem tiver maior interesse poderá baixar os arquivos completos de artigos publicados.

Assim, acredito que a internet hoje pode ser uma ferramenta de alto alcance para a difusão da pesquisa, entretanto os dias de campo ainda são a melhor forma de passar o conhecimento aos pecuaristas.

BeefPoint: Quais suas linhas de pesquisa? O que lhe traz mais resultados?

Cristiane Titto: Hoje sou responsável pelo Laboratório de Biometeorologia e Etologia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, Campus Pirassununga. Em nosso laboratório temos 3 linhas principais de pesquisa, uma na área de Bioclimatologia e Ambiência, outra na área de Etologia e a terceira, a qual normalmente engloba as duas primeiras, na área de Bem-estar Animal.

Na área de Bioclimatologia temos no momento um estudo com técnicas de resfriamento pós-exercício para equinos, buscando informações sobre diferenças entre a necessidade de um cavalo de polo equestre no início de temporada e durante o pico da temporada. Em bovinos de corte o estudo visa entender melhor a variação individual de termotolerância, da fisiologia termorregulatória até a expressão gênica das HSPs (Proteínas de Choque Térmico).

Na área de Etologia há um estudo em andamento com equinos que objetiva verificar a influência da reatividade/temperamento sobre a criação do potro e hierarquia dentro do grupo. Já com ovinos a pesquisa visa avaliar o efeito do estresse durante a gestação e desmama sobre a relação materno-filial.

O bem-estar animal se mistura nos trabalhos anteriores, pois o entendimento final dos resultados pode proporcionar melhores técnicas de manejo e ambiente para os animais.

Como já deve ter sido notado, nosso laboratório conta com pesquisas em diferentes espécies, das não citadas: búfalos, bovinos de leite e cães; aos animais de interesse zootécnico, descritos acima.

Como o tema de bem-estar animal se encontra em evidência, não há como não buscar informações para a melhora de suas condições de vida, mesmo este tema não sendo o foco principal do trabalho.

BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

Cristiane Titto: Os pecuaristas tem uma maior aceitabilidade quando comparamos com os funcionários, aqueles que realmente trabalham com os animais no dia a dia. Somente após verem os resultados do manejo menos bruto e com gritaria é que percebem os benefícios para sua vida profissional e pessoal.

No nosso Campus o setor de bovinos de corte já utiliza de técnicas de manejo racional, principalmente no curral, o que facilita muito os experimentos com essa espécie.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Cristiane Titto: O confinamento individual facilita o manejo, principalmente o alimentar, e é necessário quando se pesquisa desempenho individual dos animais.

Entretanto, após uma das pesquisas percebemos que talvez ele seja um fator importante para o aumento do estresse dos animas confinados, visto que as espécies de interesse zootécnico são na sua maioria gregárias, desta forma sentem falta do contato com o outro.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje?

Cristiane Titto: Na linha das novas leis de bem-estar animal seguidas principalmente pela União Europeia, que podem ser restritivas à exportação de proteína de origem animal do Brasil, acredito que temos que voltar as pesquisas para o que era feito há mais de 20 anos, quando a maioria dos animais ainda não era confinada, e buscar alta produtividade e lucratividade nesta “nova” forma de criação animal.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que precisamos inovar?

Cristiane Titto: O manejo racional, com uso de bandeiras, sem dúvida trouxe grande inovação à pecuária de corte. Precisamos inovar no planejamento de transporte e logística, para diminuir o tempo dos animais dentro de caminhões nas estradas degradadas do país.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

Cristiane Titto: Buscar parceria com criadores de ovinos para expandir nosso criatório experimental na FZEA/USP, para inclusão de ovinos lanados em nosso rebanho, e assim pesquisar sobre sua termotolerância em relação aos ovinos deslanados, como nova opção de genética para produção de carne de melhor qualidade.

BeefPoint: Qual o maior exemplo de professor/pesquisador que trabalha com bem-estar animal? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Cristiane Titto: O professor Adroaldo Zanella, hoje colega de USP, ao propor uma parceria de trabalho ainda quando estava na Scotland’s Rural College (Edimburgo), me mostrou áreas do bem-estar animal nas quais eu ainda não conhecia. Admiro sua busca por novos desafios e por não perder o foco na importância do bem-estar animal para a pecuária.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Cristiane Titto: Busquem a Universidade para compartilhar seus conhecimentos e suas dúvidas, pois são vocês que diariamente se confrontam com dificuldades e descobertas, e nós aqui, como pesquisadores queremos contribuir com a melhora de nossa pecuária nacional.

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