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Anuga: frigoríficos buscam novas parcerias

A onda de fusões, aquisições e investimentos no segmento de carnes abriu novos horizontes para os pequenos e médios frigoríficos brasileiros. Em busca de alternativas diante da crescente concentração de mercado, as empresas de carne em geral aceleram negociações em busca de parcerias com grupos estrangeiros, planejam associações com concorrentes e mantêm o olhar em eventuais incorporações. A consolidação do segmento entusiasma o presidente da Abiec, Roberto Giannetti da Fonseca, "nossas marcas agora são internacionais e ganhamos com a profissionalização da gestão e o compromisso com a questão ambiental".

A onda de fusões, aquisições e investimentos no segmento de carnes abriu novos horizontes para os pequenos e médios frigoríficos brasileiros. Em busca de alternativas diante da crescente concentração de mercado liderada pelos grupos JBS e Marfrig, as empresas de carne em geral aceleram negociações em busca de parcerias com grupos estrangeiros, planejam associações com concorrentes e mantêm o olhar em eventuais incorporações.

Segundo notícia do Valor Econômico, os estímulos para esses movimentos, identificados na maior feira mundial da indústria de alimentos (Anuga), na Alemanha, incluem a preocupação dos clientes com a diversificação de seus fornecedores no Brasil, a aposta em ganhos imediatos e a confiança na ampliação da demanda global por proteína animal.

O Minerva, cuja capacidade de abate soma 6,6 mil cabeças de bovinos por dia, considera novas incursões no segmento, mas mantém a cautela: “Temos um plano de investimentos em andamento e nada impede uma revisão. Mas desde que tenha estrutura de capital. E sem alavancagens”, afirma o presidente do Minerva, Fernando Galetti Queiroz. “Crescer é uma opção, não uma obrigação. Não temos nenhum complexo de tamanho”. A empresa é a terceira força no mercado brasileiro.

Diante do processo de consolidação que ganhou força nos últimos meses, Marco Bindilatti, do Tatuibi, acredita que “os clientes não querem ser apenas um número. Querem produto e atendimento personalizado. Foi a melhor feira para nós”. Ele revela interesse em forjar uma aliança em alguns serviços com empresas concorrentes. “Cada um mantém sua marca, mas podemos nos associar para reduzir custos com frete, porto, embalagens e até compartilhar equipes de vendas no exterior”.

Importadores russos temem a concentração. Tanto que pediram uma nova lista de frigoríficos ao Ministério da Agricultura na tentativa de ampliar os fornecedores. E estiveram na feira de Anuga para expressar essa preocupação. “Eles sabem que hoje o preço no grande é melhor, mas se os pequenos sumirem isso vai mudar”, afirma a gerente de exportação do Frigol, Marina Oliveira Cançado e aponta que os importadores estão preocupados em garantir uma alternativa de fornecimento.

Os executivos veem no movimento de consolidação do segmento algumas oportunidades de crescer no vácuo dos novos gigantes. “À sombra se cresce melhor do que no sol”, filosofa o dono do Frialto, o paranaense Paulo Bellincanta. Visto no setor como “redondo” para ser comprado, sobretudo se o movimento partir do Minerva, o Frialto quer resistir com joint ventures com companhias estrangeiras. Sem revelar nomes, Bellincanta aposta na corrida de europeus, asiáticos e americanos ao Brasil.

“Podemos nos consolidar no segmento dos médios, mas precisamos mais do que associação local. Temos que ampliar presença e valor internacional”, afirma o executivo, que cita a sociedade do Minerva com a Down Farms na Europa como um eventual modelo. “Não posso pensar em ser o único dono. Fui procurado várias vezes e estou estudando fazer um pedaço aqui e outro lá”, diz, em referência ao Brasil. A estratégia, por enquanto, é aumentar o confinamento próprio de bois no país para garantir matéria-prima farta e preço baixo.

Impedido de comentar novos negócios por causa de uma oferta primária de ações em curso, o presidente da Marfrig, Marcos Molina dos Santos, dá indicações do futuro próximo: “Estamos de férias por um ano”. A “digestão” das recentes operações, como o arrendamento de unidades dos frigoríficos Mercosul e Margen, deve ocupar o grupo por um tempo. Molina nega negociações com a francesa Doux para avançar ainda mais em aves. “Não tem nada mesmo. Mais do que isso, não posso falar”, afirma.

A consolidação do segmento entusiasma os dirigentes. “O setor está dominado, da produção à venda, pela indústria nacional. A carne, como o petróleo, é nossa”, diz o presidente da associação dos exportadores de carne (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca. “Está cedo para dizer que foi um sucesso absoluto, mas se as empresas não comprassem, seriam compradas”.

O executivo argumenta que os benefícios econômicos das aquisições e da transformação de JBS e Marfrig em grandes “players” internacionais foram importantes para o ramo. “Nossas marcas agora são internacionais e ganhamos com a profissionalização da gestão e o compromisso com a questão ambiental”, diz.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

3 Comments

  1. Álvaro belotto Júnior disse:

    Excelente matéria. A observação do companheiro Fernando Queiroz do Minerva sobre crescimento é interessante. Tudo realmente passa por uma questão de opção. O JBS-Friboi optou em crescer e ter escala mesmo que momentaneamente sacrificando um pouco as margens. O importante é que tudo isso foi excelente para o país.

  2. jose carlos targa disse:

    Os russos é que estão certos em buscar alternativas de compras e valorizar as pequenas industrias, a concentração é uma icógnita para o setor produtivo que deve começar a se organizar em cooperativas.
    A matéria prima está escassa e se realmente abrir exportações que é o que está para acontecer, esta é a grande finalidade das fusões, competir no mercado externo. O Brasileiro vai pagar caro para comer carne.

  3. Maria Francisca Andres disse:

    Concordo plenamente com Marco Bindilatti, do frigorífico Tatuibi quanto ao comentário que os clientes querem um atendimento e produtos personalizados.
    Nem todos percebem como podem agregar valor a seus produtos, diferenciando-os da concorrência.

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