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Animais a pasto: suplementação protéica ou energética?

O fornecimento de concentrados energéticos para animais sob pastejo, provoca os efeitos de substituição de forragem e o de adição em relação ao consumo total da dieta. Esses dois efeitos interagem em um meio termo, onde o concentrado causa redução no consumo de forragem, mas aumento no consumo total de MS.

A figura 1 apresenta a tendência de vários trabalhos de suplementação com fontes energéticas. Nota-se que, em forragens de melhor qualidade, representadas pelo maior teor de proteína, a redução no consumo de forragem em função da suplementação é maior, comparada à situação na qual a forragem tem menos proteína.

Figura 1- Influência do nível de proteína na forragem e consumo de matéria seca em sistemas de pastejo com e sem suplementação energética

Figura 1

Adaptado de Paterson et al. (1994)

Poppi e McLennan (1995), comentam que na ausência de substituição, quando 1,2 kg de grão é fornecido, poderá promover aumento de 150 g de proteína microbiana. Porém, o consumo de energia adicional seria suficiente para aumentar o ganho de peso em 250 g/dia. Dessa forma, fica difícil prever se o aumento de desempenho, quando ocorre, é devido ao fornecimento de energia ou ao aumento de produção da proteína microbiana.

Devido à essa taxa de substituição, a suplementação energética pode ser menos vantajosa que a protéica, uma vez que essa última provoca aumento de consumo de MS (Figura 2). Paterson et al. (1994), cita que a suplementação com farelo de algodão provocou aumento de ganho de peso de 15% para novilhos em pastagens de trigo, enquanto que a suplementação energética, de apenas 4%. Peruchena (1999), cita que em seu trabalho (Peruchena, 1998), novilhos em pastagens de braquiarão (Brachiaria brizantha) foram suplementados com farelo de algodão (0,6% do peso) e com concentrado energético/protéico (1% do peso). O ganho de peso foi maior e a conversão alimentar melhor para o tratamento apenas com farelo de algodão (Tabela 1).

Tabela 1- Desempenho e conversão alimentar de novilhos durante o período de outono, suplementados com alimento protéico, energético/protéico e sem suplementação em pastagens de braquiarão (Brachiaria brizantha)

Tabela 1

Figura 2- Influência do nível de proteína na forragem e consumo de matéria seca em sistemas de pastejo com e sem suplementação protéica

Figura 2

Adaptado de Paterson et al. (1994).

Desse modo, parece haver uma consistência nas respostas com suplementações protéicas, que tendem a ser melhores que com alimentos energéticos, principalmente em se tratando de pastagens de reduzido valor, como as forragens tropicais nos períodos de outono e inverno.

Referências bibliográficas

PATERSON, J. A.; BELYEA, R. L.; BOWMAN, J. P.; KERLEY, M. S.; WILLIAMS, J. E.. In: Fahey, G. C. Jr.; Collins, M. Mertens, D. R.; Moser, L. E. ed. Forage Quality, Evaluation and Utilization, Madison,. Cap. 2, p.59-113, 1994.

PERUCHENA, C. O. Suplementación de bovinos para carne sobre pasturas tropicales, aspectos nutricionales, productivos y economicos. In: Penz, A. M. Jr.; Afonso, L. O. B.; Wassermann, G.J. Ed. XXXVI Reunião Anual Sociedade Brasileira de Zootecnia, Porto Alegre, R. S., 1999.

POPPI, D. P.; McLENNAN, S. R. Protein and energy utilization by ruminants at pasture. Journal Animal Science. 73:278-290, 1995.

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1 Colaborou

Patricia Menezes Santos, Engenheira Agrônoma, doutoranda em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP

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