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Anestro pós parto

Ed Hoffmann Madureira e Francisco Bonomi Barufi

O principal índice de eficiência reprodutiva em vacas de corte é o intervalo entre partos, altamente vinculado ao intevalo parto – primeiro serviço. Os fatores que podem provocar retardo na primeira inseminação pós-parto são baixa eficiência de detecção de cio e o nível de anestro dos animais. Fêmeas primíparas, em especial, geralmente apresentam anestro pós-parto bastante aprofundado, de modo que muitas delas acabam nem mesmo sendo inseminadas ou cobertas durante a estação de monta.

Antes do parto, a elevada produção de esteróides, particularmente estrógeno e progesterona, secretados pela placenta, suprime a síntese de LH e FSH, provocando a depleção dos estoques destes hormônios na hipófise. A secreção de FSH é retomada dentro de 1 a 3 semanas, independentemente da condição corporal, balanço energético ou amamentação, ocorrendo assim um rápido restabelecimento do crescimento folicular. Entretanto, o LH permanece sendo secretado em pulsos de baixa frequência, o que resulta em baixa produção de estrógeno pelo folículo dominante e falha no processo de diferenciação do mesmo, o qual acaba sofrendo atresia. Portanto, o restabelecimento da secreção de LH é o fator chave que determina o momento da primeira ovulação pós-parto.

O primeiro folículo dominante forma-se entre 10 e 20 dias pós parto e pode tornar-se ovulatório em cerca de 80% das vacas leiteiras com boa condição corporal. Em contraste, apenas 20% das vacas de corte amamentando ovularão nesta ocasião.

A presença do bezerro e o estímulo da amamentação provocam supressão da liberação de LH, provavelmente em razão de estímulos na liberação de opióides. Um segundo fator que afeta a retomada da ciclicidade é a nutrição, principalmente no que tange ao balanço energético negativo no pós-parto. Verificou-se que vacas com baixa condição corporal apresentam folículos grandes sem capacidade de síntese de estradiol “in vitro”. Parece ser necessário que as vacas ultrapassem o nadir do balanço energético negativo para começar a ciclar.

É por isso que vacas de corte amamentando ou vacas leiteiras com baixa condição corporal estão sujeitas a intervalos parto ao primeiro cio mais longos.

Em geral, vacas de corte apresentam o primeiro estro ao redor de 60 dias pós-parto, podendo ocorrer de 1 a 16 ondas de desenvolvimento folicular, com formação de folículos dominantes, antes da primeira ovulação.

A maioria das vacas não exibe comportamento de estro concomitante à primeira ovulação pós-parto e a duração do primeiro ciclo estral pode ser de apenas 8 a 12 dias, caracterizando o que conhecemos por “ciclo curto”. Estes dois fenômenos são devidos à ausência de uma exposição prévia à progesterona.

Estratégias para apressar a retomada da atividade ovariana:

Dentre os principais aspectos que podem levar a uma diminuição do anestro pós-parto situa-se a adequação da dieta dos animais. Verificou-se que vacas que apresentam uma condição corporal boa no momento do parto tendem a apresentar cio mais cedo. Recentemente foi observado também que dietas com maiores níveis energéticos podem provocar antecipação da ovulação em cerca de vinte dias.

A remoção temporária dos bezerros, seja por meio de regime de mamada controlada (uma ou duas mamadas por dia), ou ainda separação dos bezerros de suas mães por 48 horas são estratégias de manejo importantes no sentido de reduzir o intervalo parto à concepção. Entretanto, é importante lembrar que o primeiro cio pós-parto geralmente apresenta baixa fertilidade, em virtude da ocorrência de luteólise precoce, uma vez que é necessária a ocorrência de um “priming” de progesterona no útero para a regularização da mesma.

Por fim, é importante considerar os tratamentos à base de progesterona ou análogos sintéticos, como os tratamentos com CIDR (progesterona), Crestar ou Syncro-Mate B (utilizam o norgestomet, um progestágeno). A exposição a estes hormônios pode acelerar a retomada da ciclicidade, além de impedir a ocorrência de ciclos curtos ou ovulações não acompanhadas de manifestação de estro. Estes tratamentos agem sincronizando a ovulação, podendo-se agir no sentido de favorecer a ocorrência do pico de LH do pró-estro com a utilização de hormônios como o benzoato de estradiol ou gonadotrofina coriônica eqüina. Vários trabalhos atestam que podem-se atingir melhores índices de concepção ao cio sincronizado com o uso destes produtos, no caso de animais em anestro.

0 Comments

  1. Alamir Borges Stephan Filho disse:

    Muito bom artigo, porem acho que falta um complemento na parte que diz respeito à nutrição de primiparas, ou seja, dizer mais sobre uma dieta consistente que pode ser dada, dados de prenhes em vacas suplementadas ou não, custo-beneficio dessa suplementação. Agradeço e Inté

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