Alto preço do boi gordo pressiona margens dos frigoríficos para 2015

O analista do Bradesco BBI, Gabriel Lima, disse que 2015 será “desafiador” para as empresas que produzem carne bovina no Brasil devido ao preço do boi gordo, que responde por cerca de 80% do custo de produção do segmento. Ele destaca a expectativa de que a economia brasileira tenha mais um ano de baixo crescimento, o que traz impactos ao consumo doméstico.

Esse cenário mais difícil para os frigoríficos de carne bovina já foi visto no segundo semestre deste ano. Houve forte aumento dos preços do boi gordo – de julho até o fim de novembro, a cotação no Estado de São Paulo subiu 20,16%, para R$ 145,01 por arroba, segundo o indicador Esalq/BM & FBovespa.

Como essa alta não foi totalmente repassada aos preços da carne vendida no atacado, as margens dos frigoríficos do país foram pressionadas. Segundo ele, a diferença (spread) entre o preço da carne bovina e o do boi gordo é a menor em três anos para os frigoríficos.

No balanço do terceiro trimestre de 2014, isso ficou claro para JBS e Minerva. A Marfrig conseguiu elevar a margem, mas às custas de um programa de redução de despesas, fechamento de unidades e beneficiada pelo bom desempenho das operações no Uruguai.

A única notícia boa vem do exterior, apesar das dificuldades na Rússia, devido à escassez de oferta global de carne bovina. Além disso, a demanda chinesa deve seguir avançando, o que pode diluir até mesmo os efeitos adversos da crise na Rússia. A valorização do dólar ante o Real também beneficia os exportadores brasileiros.

Nesse cenário, a Minerva Foods está melhor posicionada, já que obtém 65% de sua receita nas exportações. No caso da JBS, a relevância do mercado interno é maior, o que pode colocar ainda mais pressão sobre as margens da JBS Mercosul.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.