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Alta da carne nos EUA e dólar levam JBS a lucro de R$ 3,3 bilhões

A valorização do dólar e a disparada da carne bovina nos EUA, reflexo da redução de oferta provocada pelas paralisações temporárias de frigoríficos no país, turbinaram o lucro e a geração de caixa da JBS no segundo trimestre, reduzindo o índice de endividamento ao menor patamar da história da companhia.

Entre abril e junho, o lucro líquido da JBS chegou a R$ 3,37 bilhões, crescimento de 54,8% na comparação anual. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), ajustado por itens não recorrentes, dobrou, atingindo R$ 10,5 bilhões. Assim, a margem Ebitda aumentou 5,5 pontos, chegando a 15,5%. 

A rentabilidade excepcional no mercado americano e o bom momento nas operações brasileiras, que foram puxadas pelo faturamento nas exportações à China, contribuíram para que a JBS tivesse um fluxo de caixa livre de R$ 9,5 bilhões, reduzindo o índice de alavancagem (relação entre a dívida líquida e o Ebitda) de 2,77 vezes em março para 2,1 vezes em junho. 

Diante da forte geração de caixa, a companhia retomou estratégia de gestão de dívida, pagando dívidas para reduzir despesas com juros. A estratégia, foco da JBS nos últimos anos, fora colocada em modo de espera em meio às incertezas da pandemia, em março. Assim como outras companhias, o grupo tomou linhas de crédito de curto prazo no Brasil e decidiu preservar sua liquidez para eventualidades. 

“Mas os resultados foram muito bons e, com isso, nosso caixa ficou maior ainda”, disse Guilherme Cavalcanti, principal executivo de finanças (CFO) da JBS, ao Valor. Foi nesse contexto que a empresa voltou a quitar dívidas. Em julho, pré-pagou US$ 875 milhões (o equivalente a R$ 4,7 bilhões) em títulos que venceriam entre 2023 e 2024, o que permitirá uma economia de US$ 53 milhões com juros por ano. 

Mesmo com o pagamento antecipado das dívidas, o caixa da JBS segue recheado. “Estamos com excesso de caixa”, reconheceu Cavalcanti. Já descontando o montante desembolsado para pré-pagar os títulos, o caixa totaliza US$ 3,2 bilhões, afora uma linha de US$ 1,6 bilhão de crédito rotativo a disposição. Trata-se de um montante bem acima do total de US$ 1,6 bilhão que a empresa tinha em caixa em junho de 2019.

“Se quisesse ter a mesma posição de caixa de um ano atrás — e posso trabalhar até com menos por causa do crédito rotativo — poderia pagar US$ 1,7 bilhão em dívida e reduzir as despesas com juros em quase US$ 100 milhões”, conjecturou Cavalcanti, citando títulos de dívida no exterior com juros (cupom) anual de 5,875% que poderiam ser resgatados, embora não haja decisão a respeito.

A tendência é que, com a melhora das perspectivas, a JBS utilize o caixa para três fins. Além do pagamento de dívidas, a companhia pode usar parte dos recursos para eventuais aquisições e para remunerar os acionistas, inclusive por meio da recompra de ações. Para o executivo, os papéis da JBS estão baratos, sendo negociados a um múltiplo (relação entre valor de firma e Ebitda) de apenas 4 vezes. 

Diante disso, as recompras de ações seriam um bom investimento, sustentou. Nesse sentido, o conselho de administração da JBS aprovou nesta quinta-feira o cancelamento de ações mantidas em tesouraria, o que abre espaço para que a companhia possa recomprar mais ações. 

Para os próximos trimestres, a tendência segue positiva, com boa oferta de gado nos EUA. Por outro lado, as margens de lucro atípicas registradas no segundo trimestre não devem se repetir, ainda que continuem em patamares positivos. 

Ao Valor, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, ressaltou que o nível de margens já se normalizou nos EUA, país onde a companhia é uma dos três maiores indústrias frigoríficas. 

No segundo trimestre, a divisão JBS USA Beef, que abriga os negócios de carne bovina nos EUA e as operações da companhia no Canadá e Austrália, teve uma margem Ebitda ajustada de 20,4%, incremento de 11,4 pontos ante a margem de 8,9% do mesmo período do ano passado, período de resultados já bastante positivos. 

Fonte: Valor Econômico.

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