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Allan Savory: Uruguai tem capacidade de pelo menos duplicar sua produção pecuária

savory

O pesquisador, Allan Savory, afirmou que em suas visitas a algumas fazendas do Uruguai não encontrou nenhum “pedaço de terra” onde não se pode duplicar ou triplicar a produção pecuária. É necessário tirar os animais da engorda ao curral e levá-los novamente ao campo, exemplificou para que se entendesse seu conceito.

Nessa linha, disse que não existe nenhuma razão pela qual Paraguai, Argentina e Uruguai não possam alcançar três ou quatro vezes mais a produção de carne que estão produzindo.

Savory, de 81 anos, nascido em Bulawayo, em Zimbábue, África, respondeu dessa maneira às inquietações levantadas na após sua palestra no 21o Congresso Mundial de Carne, realizado em Punta del Este.

Ele afirmou durante sua apresentação que o problema não é o gado, mas sim, o manejo que se faz dos rebanhos. Considerou que são esses animais que salvarão o mundo, contrariando as correntes de opinião que existem sobre sua incidência no problema da degradação dos solos e da desertificação.

“A terra está desesperada pedindo animais, ao contrário do que sempre acreditamos”, disse ele.

Savory opinou que a terra começa a desertificar quando as precipitações são menos efetivas. É um conceito novo que desenvolveu na década de 1960 para exemplificar o que observava na África e, agora, começa a ensinar em algumas universidades.

Em sua opinião, são necessários os animais para evitar que as grandes superfícies de terras sejam afetadas pela desertificação.

Foi em 2013 que Savory deu uma palestra no TEDx que se tornou viral (assista o vídeo legendado aqui) – assistida por 4 milhões de pessoas -, onde afirmou que os pesquisadores não têm outra opção, além de usar gado para reverter a desertificação e os problemas biológicos da mudança climática. Somente ao colocar animais para pastar nesses lugares, como bovinos, camelos, cavalos e outros mamíferos, pode-se melhorar a atual situação. Esses animais aportam a ferramenta que “necessitamos para regenerar a terra, em lugares que se produz a maior erosão por monocultivos, como soja, milho, etc.”

O público “está contra você”, cresce a oposição, a maior parte das pessoas vive agora em cidades, divorciada das realidades ecológicas e do solo, e com centenas de pessoas ricas e famosas que apoiam isso. Portanto, os pecuaristas deverão promover a mudança de opinião através das instituições sobre a função regenerativa que a pecuária tem, disse Savory.

A técnica de Voisin

Savory citou o pesquisador francês, André Marcel Voisin, que demonstrou que se pode fazer um sobre-pastoreio das plantas, mas não do solo.

As plantas são sobre-pastoreadas quando os animais estão muito tempo ou voltam muito rápido, ou seja, que é uma função do tempo. O excesso de pastoreio não é provocado pela quantidade de animais, somente o tempo muda, como também se há repouso demasiado na terra. Outra chave gerada por Voisin é que precisava ter algum tipo de planejamento, substituindo para sistemas de rotação que não funcionavam. É necessário buscar sistemas mais sofisticados para o bom manejo dos sistemas rotativos, planejando mais a médio prazo.

A outra chave é o conceito holístico, teoria que permite encarar problemas de gestão para decidir se tem sentido colocar gado em um confinamento, considerando o solo e como manejar os cultivos, ou seja, todo um cenário onde se tomam as decisões.

Por outro lado, Savory agregou que sempre diante de uma complexidade social, cultural, ambiental ou econômica, faz-se uma gestão reducionista que termina em consequências não buscadas. Por exemplo, os Estados Unidos têm uma política para reduzir o uso de drogas e a consequência é um aumento desse mal, da mesma maneira é o problema da violência.

Miopia

Muitas políticas agrícolas medem as “consequências não buscadas” e produzem 20 vezes mais solos com erosão, contaminando a água e danificando o meio-ambiente. Medem as consequências de ter mais lucros e colocar animais nos confinamentos. Assim, o público está muito irritado e isso não foi buscado, porque danifica o entorno, disse Savory. As políticas dos governos têm uma visão míope, porque reduzem a complexidade dos problemas. Por isso, “ocorre o Brexit e o fenômeno Trump nos Estados Unidos, porque as pessoas estão cada vez mais infelizes com as políticas que não funcionam”.

Fonte: El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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