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Alimentos Alternativos: Farelo proteinoso de milho (úmido)

Por Marcelo de Queiroz Manella1 e Celso Boin2

O farelo proteinoso de milho é um subproduto da industrialização do milho, disponível no mercado com os nomes de Refinazil (Refinações de Milho Brasil) e Promil (Cargill).

Após a limpeza e separação dos grãos de milho, estes passam pelo processo de maceração (água sulfitada a 50ªC em corrente contínua) por 48h. Em seguida os grãos são moídos e levados aos hidrociclones, resultando na separação dos germes (que vão ser utilizados para extração do óleo). Também sobram o amido, glúten, e a casca, que é separada ao passar por peneiras e centrifugação. Esta por sua vez é adicionada à água da maceração, e algumas vezes à torta de germe (oriunda da extração do óleo) formando assim o farelo proteinoso de milho. A composição bromatológica média deste subproduto é: 40,7%MS, 22,5 %PB, 7,4% FDA, 7,2% MM.

O farelo proteinoso de milho tem sido usado em dietas de alta energia para bovinos em fase de terminação, pois contém fibra de alta digestibilidade e proteína, que vão fornecer energia adicional sem prejudicar a digestão da fibra e ainda reduzir problemas referentes à acidose. Richards et al (1998) avaliou os efeitos da substituição milho laminado seco (MLS), por farelo proteinoso de milho na forma úmida (FMPU), variando de 0, 25, 50% da MS de dietas com 90% de concentrado, para bovinos de cruzamentos britânicos em crescimento. Os grupos com MLS e 25% FPMU foram suplementados com premix protéico, e um outro grupo de 25% de FPMU recebeu apenas uréia. Já os animais com 50% FPMU não receberam qualquer suplemento protéico.

Os autores relatam que os ganhos de peso dos tratamentos com FMPU foram superiores aos animais recebendo a dieta com MLS (Tabela 1), porém não foram observados alterações na ingestão de matéria seca. Segundo os autores, a maior eficiência em ganho para os tratamentos FMPU foi provavelmente pela redução de acidose sub-aguda. Foi observado que não houve diferenças estatísticas no fornecimento estimado de proteína metabolizável pelas dietas testadas. Isto implica que nas dietas com 50% de FPMU as quantidades de energia e proteína metabolizável foram adequadas, sob aquelas condições, para gerar ganhos de peso elevados.

Tabela-1: Efeito do farelo proteinoso de milho e a suplementação protéica no ganho de peso de bovinos.

Tabela 1
a,b Letras diferentes sobrescritas na mesma linha diferem (P<0,10). Prot Met. =requerimento para GPD de 1,85kg/d= 0,83kg/d (NRC, 1996) Com o objetivo de avaliar a viabilidade da utilização de farelo proteinoso de milho, Alleoni et al. (1991) comparam o FMPU com concentrado (quirera de milho + caroço de algodão) na engorda de 32 bovinos castrados das raças Caracu e Nelore. O volumoso utilizado foi silagem de sorgo, e o concentrado foi balanceado para apresentar o mesmo teor de PB do farelo proteinoso de milho (Tabela 2). A dieta de ambos os tratamentos foi formulada para apresentar 12% de PB. Tabela-2: Composição percentual dos ingredientes
Tabela 2

Os resultados do desempenho animal bem como a ingestão de matéria seca são apresentados na tabela 3. Não foram observadas diferenças significativas para ganho de peso, ingestão de matéria seca e conversão alimentar. Desta forma concluí-se que de fato do FMPU é um o subproduto que pode ser usado como fonte protéica e energética.

Tabela-3: Desempenho e consumo de matéria seca

Tabela 3

Comentários BeefPoint : Alguns trabalhos indicam que os ganhos máximos são atingidos quando o farelo proteinoso de milho é usado na proporção de até 50%, e acima disto passa a ser prejudicial. Com isto a utilização deste subproduto deve seguir recomendações técnicas por consultores especializados. O farelo proteinoso de milho na forma úmida deve ser considerado na formulação de dietas para bovinos em terminação, principalmente em dietas com alto concentrado, devido ao seu valor nutritivo (energético-protéico). Pelo fato da fibra do FPMU apresentar degradabilidade lenta, porém alta, pode-se associar a fontes protéica de degradação lenta (ex. caroço de algodão), otimizando a síntese de proteína microbiana no rúmen.

Colaborador: Marcelo de Queiroz Manella, MSc
Doutorando em Ciência Animal e Pastagem na ESALQ-USP

Literatura Consultada:

Richards, C.J; Stocks, R.A.; Klopfenstein, T.J.; Shain, D.H. Effect of corn gluten feed, supplental protein, and tallow on steer finishing performence. J. Anim. Sci., v.76, p.421-428, 1998.
Alleoni, G.F.; Leme, P.R; Boin, C.; Beisman, D.A. Utilização do refinazil em substituição a um concentrado de milho com farelo de algodão em rações de confinamento. B. Indústr. Anim., v.47(1), p. 67-71, 1990.

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1. Doutorando, Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP
2. Eng. Agr., PhD, Prof. Convidado, ESALQ/USP, Consultor

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