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Alimentação plant based é voltada para quem consome carne

A GS&Libbra realizou o evento Restaurant Trends, que trouxe as principais tendências do foodservice, a partir do que foi apresentado no NRA Show, um dos mais importantes eventos de foodservice do mundo, que conta com 70 mil m2 de feira e 67 mil participantes. Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza iniciou a ocasião analisando o cenário atual do foodservice: “É um segmento com incrível potencial, mas com uma carência absoluta de informação, análise, profissionalismo, e mesmo, formalidade, quando pensamos no todo do setor no Brasil”.

Cristina Souza, diretora-executiva da GS&Libbra, trouxe alguns dados do setor, falou sobre tendências e fez comparações entre a alimentação fora do lar no Brasil e nos EUA. “Cresceu o numero de refeições feitas em casa. No mercado americano, as refeições realizadas fora são maioria, mas mesmo assim houve um crescimento da alimentação no lar. O delivery tem um peso muito grande e 47% dos pedidos são para o jantar”, comentou.

Em 2013 começaram a surgir os aplicativos de pedidos. Em 2014, era 1,1 bilhão de pedidos e hoje são 3,2 bilhões, representando 5% do tráfego do foodservice e deve chegar a 8%. Nos EUA, 60% dos apps mais utilizados são os dos próprios restaurantes, diferentemente do Brasil, onde as plataformas, como iFood e Uber Eats são mais utilizadas.

Drinks e pratos feitos com canabidiol crescem por lá, assim como a mixologia, não apenas com álcool, mas muitos sem e combinando ervas aromáticas. Outra forte tendência é a alimentação plant based, que vem crescendo no mundo inteiro, sendo que 86% dos consumidores interessados neste tipo de produtos não se consideram veganos ou vegetarianos.

Camila Conte, business development manager da Ingredion, fez uma análise mais profunda da alimentação plant based. A multinacional, localizada em Chicago, possui 27 Idea Labs, que são centros de inovação para desenvolvimento de produtos alimentícios, um deles em Mogi Iguaçu. Os ingredientes criados são colocados em receitas e testados, para ver se são aprovados e passíveis de serem comercializados. A empresa possui três plataformas de soluções: o Clean & Simple Lable (transparência das empresas com consumidores, com rótulos mais claros), redução de açúcar e plant based.

A tecnologia é aplicada não apenas na alimentação, mas também na produção de papel sustentável e nutrição animal. Exemplos de produtos da Ingredion são hambúrguer de frango plant based, soluções glúten free e desenvolvimento de estabilidade para leites vegetais. “Desenvolvemos estes produtos para o varejo, mas, em breve, devem chegar no foodservice”, contou a executiva.

Camila destacou que as pessoas que focam neste tipo de alimentação têm diferentes propósitos, mas, principalmente, desejam apenas reduzir o consumo de carne, não eliminá-la da dieta, “seja por saúde ou preocupação com a sustentabilidade, ou seja, reduzir a carne por questões éticas”, explicou.

De acordo com dados apresentados, 19% da população dos EUA utilizam proteína vegetal como fonte de consumo. No Brasil ainda há muito potencial para crescer, mas 63% dos consumidores querem reduzir o consumo de carne e 27% já estão reduzindo. Além disso, nos últimos 6 anos houve um crescimento de 75% no número de vegetarianos no Brasil e 55% das pessoas consumiriam produtos veganos se isso estivesse claro nos rótulos e 60% se o preço destes produtos fosse o mesmo dos convencionais.

A executiva destacou que várias iniciativas para incentivar a alimentação plant based estão sendo desenvolvidas, como as segundas sem carne nas escolas de Nova York. “Não podemos esquecer o barulho do impossible burger, que foi introduzido no cardápio do Burger King em apenas uma unidade. O crescimento foi tão grande que ele já está disponível em cinco regiões dos EUA e só não cresceu mais porque a impossible foods não está conseguindo atender todo o território americano”, destacou. Vários concorrentes da marca estão surgindo, como a Beyond Meat, além de empresas que desenvolvem outros itens plant based, não apenas hambúrgueres, mas “carne” de frango, camarão e até mesmo ovos.

No Brasil, a Lanchonete da Cidade incluiu o Futuro Burger em seu cardápio. “Consegui degustar na segunda. Ainda bem, porque esgotou na terça. Acho que é um bom sinal”, contou.

Camila concluiu que não basta desenvolver produtos sem carne, mas que eles têm que ter qualidade “O consumidor continua exigente, não adianta oferecer o produto que é apenas plant based. Ele tem que ser gostoso e sustentável. Não é uma tendência, é uma mudança.”

Fonte: Mercado & Consumo.

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