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Alberto Pessina: será que nossos confinadores irão aumentar a produção com margens tão estreitas?

Prêmio BeefPoint – Edição Confinamento vai homenagear quem faz a diferença nos confinamentos do Brasil. Essa é uma iniciativa do BeefPoint, e tem a Assocon como parceira. A premiação será feita durante o Interconf 2013, evento da Assocon que acontecerá nos dias 9 a 12 de setembro de 2013, em Goiânia/GO e que o BeefPoint está fazendo a curadoria de conteúdo.

Para conhecer melhor os finalistas, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas que mostram o que eles têm feito para se destacar na pecuária de corte.

Confira abaixo a entrevista com Alberto Pessina, um dos finalistas na categoria Comercialização e Mercado Futuro em Confinamento.

Alberto Pessina é formado em agronomia pela Esalq-USP e possui MBA empresarial pela Fundação Dom Cabral. Há 18 anos é diretor da Agropecuária Pessina, empresa que recria a pasto 3.000 cabeças e engorda 6.000 cabeças por ano em confinamento. Adicionalmente, é diretor da Assocon há 3 anos, buscando sempre defender a competitividade e produtividade da atividade pecuária no Brasil.

Possui atuação em consultoria de estratégia de mercado há 8 anos, buscando auxiliar o produtor nas melhores estratégias de mercado para a comercialização e proteção da produção. Também é parceiro e professor dos cursos de Mercado Futuro e Análise do Mercado de Carne Bovina do BeefPoint, há 8 anos, onde busca difundir e divulgar o conhecimento destas ferramentas aos elos da cadeia produtiva.

BeefPoint: O que você considera mais importante em um confinamento de gado de corte?

Alberto Pessina: Desde que atuo na produção de carne bovina, sempre considerei a análise financeira dos custos, o planejamento da produção, a análise de mercado e de risco, ferramentas fundamentais para o exercício da produção. Acredito que o confinamento, por exigir mais investimentos e maior capital de giro, necessita uma maior atenção a estas ferramentas, pois, devido ao seu rápido giro e ao alto fluxo de capital, apresenta um risco muito maior que a atividade de recria e engorda a pasto, ou seja, as oscilações de mercado exercem um impacto muito maior no resultado da atividade de confinamento.

BeefPoint: Qual o maior desafio dos confinamentos no Brasil hoje?

Alberto Pessina: Acredito que o maior desafio do confinamento hoje seja a luta pela competitividade e a segmentação do mercado aos seus produtos. O Brasil hoje, briga no mercado internacional com concorrentes que podem utilizar tecnologias que não são permitidas no Brasil. Também depende das oscilações do dólar para manter a competitividade de seus produtos.

Isto, sem considerar os já conhecidos problemas de subsídios e “barreiras sanitárias” que encontramos em alguns países concorrentes e compradores do Brasil, os problemas de logística e burocracias da nossa economia. Adicionalmente, considero que um dos maiores desafios do produtor nacional, é aprender a se organizar e exigir de nosso governo as medidas necessárias para que o Brasil possa ser mais competitivo.

Para este processo também considero importante a segregação e segmentação do mercado. Hoje comercializamos 80% de nossa produção no mercado interno e temos a renda da nossa população em plena acensão. Porém, ainda não realizamos a segregação e tipificação de carcaças, para podermos explorar melhor os nichos de mercado que estão aparecendo. A falta dessas tecnologias de segmentação também tem nos atrapalhado na absorção de tecnologias de produção já utilizadas por nossos concorrentes internacionais (beta-agonistas, hormônios, etc), e na comercialização de nossos produtos no exterior, pois temos dificuldades em separar nossa produção para mercados diferentes, que aceitam ou não certos sistemas de produção. Assim, ficamos dependentes apenas das exigências de certos mercados da Europa que representam algo em torno de 20% da nossa comercialização.

BeefPoint: Qual projeto de confinamento você teve contato ou implementou nestes últimos anos, que considera um case de sucesso? Por quê?

Alberto Pessina: Considero o Grupo Conforto, a Fazenda Brasil e a Fazenda São Marcelo casos de sucesso, pois percebi que os três utilizam as três ferramentas citadas acima (primeira questão) como base para o seu trabalho.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Alberto Pessina: Em 2012, tivemos um sério problema com a seca que atingiu a região sudeste e acabou afetando nossa estratégia de produção. Acredito que utilizei muito bem a análise de mercado para readequar minha estratégia de produção e realizar a proteção da mesma. Vendemos no mercado futuro na hora certa e compramos o boi magro e os insumos também com a estratégia adequada. Com isso, em um ano muito difícil, conseguimos proteger a nossa rentabilidade.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E por quê?

Alberto Pessina: Em 2013, continuamos utilizando a análise de mercado para adequar a nossa estratégia. O que vimos de mudança, foi que em 2012 havia um mercado em queda, com aumento de oferta, aumento de custos e sem força para reação. Em 2013, as margens estão apertadas na maior parte do país, os custos do boi magro subiram muito e as oportunidades do mercado futuro não tem apresentado possibilidades de proteger as margens. A demanda e a competitividade estão muito fortes, porém o aumento da oferta (+ 12% no primeiro semestre 2013/2012) tem inibido as possibilidades de reação nos preços. Acredito que somente uma redução na oferta de confinamentos será capaz de causar um impacto maior nos preços. A grande pergunta é: será que nossos confinadores irão aumentar a produção com margens tão estreitas? A resposta a esta pergunta, é que irá impactar na formação dos preços da entressafra. Por enquanto, nós reduzimos a produção.

BeefPoint: Qual mensagem gostaria de deixar para os confinadores no Brasil?

Alberto Pessina: A mensagem que deixo, é que precisamos nos unir e organizar para brigarmos pelos nossos direitos e pela competitividade da nossa produção, ou sempre estaremos dependentes das oscilações cambiais e da força do mercado interno para garantirmos nossas margens.

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Confira a Programação do Interconf 2013

Lembramos que todos os finalistas do prêmio são convidados vip cortesia do Interconf 2013.

1 Comment

  1. celso de almeida gaudencio disse:

    É verdade, necessitamos implantar política de produção e só produzir se a demanda for econômica. Produzir menor quantidade altera tudo e pode viabilizar o negócio. No caso da recria -terminação a pasto é só retardar a reposição do estoque de um a dois meses.

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