Economia do clima gera oportunidades para a agricultura
17 de agosto de 2011
Atacado – 17/08/11
17 de agosto de 2011

Ajustes nutricionais em matrizes visando o início da estação de monta

As condições nutricionais de fêmeas bovinas em pastejo é determinante para o resultado reprodutivo desses animais ao final da estação de monta. As relações diretas entre nutrição e reprodução estão bastantes claras, faltando alguns detalhes em relação à ação direta de alguns nutrientes na fisiologia reprodutiva da fêmea bovina, como pro exemplo os ácidos graxos. Quanto melhor for o "status" nutricional das fêmeas em reprodução, melhores serão os índices reprodutivos desse rebanho.

As condições nutricionais de fêmeas bovinas em pastejo é determinante para o resultado reprodutivo desses animais ao final da estação de monta. As relações diretas entre nutrição e reprodução estão bastantes claras, faltando alguns detalhes em relação à ação direta de alguns nutrientes na fisiologia reprodutiva da fêmea bovina, como pro exemplo os ácidos graxos. Quanto melhor for o “status” nutricional das fêmeas em reprodução, melhores serão os índices reprodutivos desse rebanho.

Os bovinos e demais ruminantes possuem a capacidade de armazenar energia em períodos de alta disponibilidade e utilizá-la em períodos de escassez. Além disso conseguem transformar forragens de baixa qualidade em produtos aproveitáveis na sua nutrição.

Durante a gestação ocorre um aumento gradativo nas exigências nutricionais e uma diminuição da capacidade de ingestão em consequência do desenvolvimento fetal. Logo após o parto, a lactação aumenta ainda mais as exigências nutricionais da mãe que dificilmente conseguirá suprí-las. Com isso a fêmea entra em balanço energético negativo suprimindo, assim, as atividades reprodutivas.

Ao serem absorvidos, os nutrientes são direcionados a determinadas prioridades estabelecidas. São elas:
• Metabolismo basal
•Atividades (andar, deitar, etc)
•Crescimento
•Reservas básicas de energia
•Gestação
•Lactação
•Reservas adicionais de energia
Ciclos estrais e ovulação
•Reservas de excessos

Esta sequência pode ser mudada dependendo das funções metabólicas presentes, e em que nível se apresentam (SHORT et al.,1990).

Por essa sequência de prioridades observamos que o animal só direcionará nutrientes para a atividade reprodutiva quando todas as prioridades anteriores tiverem sidos atendidas.

Baixos níveis nutricionais são conhecidos como deletérios no retorno da atividade ovariana pós parto (DUNN e KALTENBACH, 1980). A subnutrição afeta a atividade cíclica ovariana de vacas pós parto, aumentando o intervalo entre o parto e o primeiro estro. O mecanismo mais provável de inibição da atividade reprodutiva seria a supressão da liberação dos picos de LH pela hipófise anterior, que é controlada pela liberação de GnRH no hipotálamo (RANDEL, 1990).

Suplementação pré ou pós parto?

A condição nutricional é mais importante no pré parto do que no pós parto para determinação do intervalo entre partos. Isso ocorre devido ao fato das fêmeas terem maior capacidade de ganho de peso no pré parto, quando possuem melhor conversão alimentar. O efeito supressivo do estímulo da amamentação sobre a atividade ovariana durante o período pós parto é menos pronunciado em animais com moderada condição corporal ao parto ou em animais que não têm uma drástica perda de peso pós parto (BOLANOS et al.,1996). Além disso, durante o pós parto, devido à fisiologia da lactação, a grande maioria dos nutrientes ingeridos serão dierecionados à produção de leite, dificultando a melhora na condição corporal da fêmea.

Condição corporal é um bom indicador do status energético e da probabilidade de “reconcepção” no pós parto, porém deve-se ter cuidado ao utilizar esses parâmetros pois os mecanismos pelos quais indicadores influem no desempenho reprodutivo ainda não estão bem elucidados.

As taxas de prenhez nas fêmeas bovinas são afetadas pelo metabolismo energético pré e pós parto. Quantidades inadequadas de energia durante o período final de gestação levarão a baixas taxas de concepção mesmo com a correção da ingestão no pós parto. A continuidade de deficiência energética no período pós parto diminuirá ainda mais as taxas de concepção. Fêmeas com restrição de energia durante o período pós parto levam a taxas de prenhez ao redor de 50 a 76%, enquanto fêmeas corretamente alimentadas terão 87 a 95% de prenhez. O balanço energético tem grande influência sobre as taxas de prenhez em vacas com bezerro ao pé, e a condição corporal ao parto juntamente com os nutrientes presentes na dieta pós parto poderão influenciar diretamente a “reconcepção” dessas fêmeas (RANDEL, 1990). A suplementação pré parto poderá proporcionar melhor condição corporal para as fêmeas no início da próxima estação de monta.

As funções específicas e os mecanismos pelos quais a nutrição influi na reprodução são muito difíceis de serem elucidados devido ao fato dos nutrientes requeridos para a atividade reprodutiva serem também necessários a funções fisiológicas do organismo, e poder atuar de forma isolada em relação à fisiologia reprodutiva.

Finalizando, as interações entre nutrição e reprodução são variadas e profundas, devendo-se avaliar cada situação com ajustes pontuais a cada momento e local (ano e condições de pastagem). Além disso, temos a certeza de que é muito mais eficiente energética e economicamente suplementarmos e prepararmos as fêmeas no período pré, do que pós parto, devendo a fêmea bovina parir com boa condição corporal, para que possa passar pelo balanço energético negativo no início da lactação, retornar a atividade reprodutiva e reconceber, diminuindo o intervalo entre partos e produzindo o tão desejado “um bezerro ao ano”.

Referências bibliográficas:

DUNN, T.G.; KALTENBACH, C.C. Nutrition and postpartum interval of the ewe, sow and cow. J. anim. Sci., v.51, p.29-37, 1980.

RANDEL, R.D. Nutrition and postpartum rebreeding in cattle. J. anim. Sci., v.68, p.853-862, 1990.

SHORT, R.E.; BELLOWS, R.A.; STAIGMILLER, R.B.; BERARDINELLI, J.G.; CUSTER, E.E. Phisiological mechanisms controlling anestrus and infertility in postpartum beef cattle. J. anim. Sci., v.68, p. 799-816, 1990.

3 Comments

  1. Neilor Consentino Fontoura disse:

    Muito bom artigo André, tenho uma dúvida, nesse momento no RS os campos estão no início de seu ciclo, faria sentido uma suplementação energética no pós parto?

  2. LINEO CARVALHO disse:

    Concordo em relação ao ECC. Pois nem sempre o ECC é sinônimo de animal bem nutrido – nutrição adequada”

  3. André Souza disse:

    Olá Neilor,
    Faria sentido suplmentar no pós parto somente em situações emergenciais, pois dificilmente irá ter um bom custo/benefício.

    Grande abraço!

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