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Agronegócio x meio ambiente: barreira ou oportunidade? (vídeo, slides e artigo)

Este artigo tem como objetivo mostrar que os recursos naturais do planeta têm sido pressionados de forma intensa em função da demanda crescente de alimentos e outros produtos oriundos da terra, seja para produção de biocombustíveis ou fibras.

Este artigo tem como objetivo mostrar que os recursos naturais do planeta têm sido pressionados de forma intensa em função da demanda crescente de alimentos e outros produtos oriundos da terra, seja para produção de biocombustíveis ou fibras.

Dentre os diversos setores do agronegócio, a pecuária de corte é um dos que está em evidência quando se discute a questão ambiental. havendo uma pressão para que os elos da cadeia da carne se adequem aos padrões de produção sustentável.

Há uma demanda crescente por todos os produtos que são produzidos a partir da terra (8 produtos de começam com a letra F na lingua inglesa) como: Alimento (food), ração animal (feed), fibra (fiber), combustível (fuel), floresta (forest), fruta (fruits), flores (flower) e o fumo que na língua inglesa não começa com a letra F, porém mostra uma significativa ocupação de terras no mundo. Analisando as estatísticas da FAO, 4 milhões de hectares são usados para produzir fumo no mundo, sendo motivo de debate sobre a questão da falta ou não de terras férteis para produção de alimento.

O crescimento populacional está em desaceleração, porém ainda em avanço. Este fato, juntamente com a expansão do consumo per capita gera demanda crescente dos produtos citados acima.

Observa-se no gráfico abaixo, que a população cresce em uma velocidade muito maior do que a expansão de área agrícola. Em 1965 o mundo tinha uma disponibilidade de 1,4 hectares de área agrícola/habitante e em 2005 a relação é de 0,7 hectares de área agrícola/habitante, ou seja, em curto espaço de tempo houve uma redução de 50% na área agrícola por habitante. Criando um desafio para a produção de alimentos, pois precisa-se abastecer um maior número de pessoas numa área limitada, o que revela uma pressão de demanda.

Outro desafio é suprir a população urbana com produtos mais elaborados, o que torna mais complexa a questão do abastecimento de alimentos, uma vez que esta população vem crescendo enquanto a rural diminuindo.

Entrando na questão do consumo de alimento per capita, observa-se uma evolução mundial do consumo de calorias/pessoa/dia. O consumo cresce de uma forma muito mais acelerada nos países menos desenvolvidos, onde o incremento de população também é mais acelerado. E nos países desenvolvidos, a quantidade de calorias consumida é maior que o necessário. Por isso, o consumo cresce de forma exponencial no mundo todo. De acordo com projeções de consumo de alimento (kcal/dia) e número de habitantes no mundo até 2030, chega-se ao resultado de um consumo de 25,5 trilhões kcal/dia em 2030, mostrando a forte pressão de demanda por alimento.

Essa pressão de demanda faz com que áreas ainda não ocupadas pela agropecuária no mundo sejam procuradas para tal atividade. Dentro disso, 33% da superfície terrestre é utilizada para agricultura/pecuária, valor equivalente a 55% da área habitável do planeta, sendo assim, as áreas não produtivas estão localizadas no Noroeste da América do Sul (Amazônia), Norte da África (Deserto do Saara), Himalaia, parte da Austrália e os Pólos Norte e Sul. Dentre essas áreas, a Amazônia é a única viável para produção agropecuária e essa é uma das razões pelas quais ela está no foco do debate da sustentabilidade.

No Brasil, são usados pela agropecuária 267,5 milhões de hectares (IBGE), sendo que 76% é ocupado pela pecuária bovina. Levando em consideração também a questão da eficiência e racionalização do uso do solo, fazendo ainda um comparativo entre a produção da pecuária, de soja e cana, se percebe que o rendimento (MS/ha/ano) da pecuária é muito inferior aos demais, mostrando que tal atividade ocupa uma área maior, produzindo quantidade menor.

Contextualizando a questão do ponto de vista ambiental, observa-se que mais áreas foram convertidas em lavouras de 1945 até hoje, do que nos séculos XVIII e XIX somados, em função, dentre outras coisas do crescimento populacional, como já dito anteriormente.

Uma das principais conclusões da Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005), documento publicado pela ONU baseado em 4 convenções relativas a questão ambiental foi: “Alterações sem precedentes estão acontecendo nos ecossistemas para atender demanda de alimentos, água, fibra e energia”. Consequentemente, houve melhorias na vida de bilhões de pessoas, com maior expectativa de vida. Outra consequência foi o enfraquecimento da capacidade da natureza em reproduzir serviços ambientais, ou seja, apesar dos benefícios não é desejável o comprometimento da capacidade dos recursos naturais visando o aumento da produção alimentar.

O desafio de atender as demandas crescentes por alimento e energia deve considerar a conservação dos recursos hídricos, do solo, da biodiversidade, a redução da emissão de gases de efeito estufa e a garantia da resiliência dos ecossistemas. Acredita-se que para isso, serão definidos novos critérios de debate como o balanço de milhas (a quilometragem que o alimento percorre até chegar as gôndolas), o balanço de gases de efeito estufa, de massa, energia e impacto da água. Sendo assim, produtos que demonstrarem mais sustentabilidade terão mais aceitação no mercado.

Ao se tratar da relação Meio Ambiente X Agronegócios, é importante pensar nas seguintes questões:

A questão ambiental pode destruir o seu negócio?
A questão ambiental pode manchar a imagem do seu negócio?
A questão ambiental pode ser a solução para o seu negócio?

Acredita-se que todos os pontos são verdadeiros e precisam ser levados em consideração. Um exemplo de como a questão ambiental pode destruir o seu negócio é o caso da Indústria de Bacalhau do Canadá, que até 1965 estava em ascensão e pela questão ambiental entrou em colapso, acabando o limite biológico para tal exploração, como mostrado na figura abaixo:

A questão ambiental pode ainda manchar a imagem do seu negócio. Um bom exemplo é o caso da Nike, que por um problema de trabalho infantil na Índia, a empresa foi prejudicada no mundo inteiro, tendo sua imagem denegrida.

Por fim, a questão ambiental pode principalmente ser uma oportunidade para o seu negócio e para o agronegócio. Quando se trabalha com programas de sustentabilidade, visando obter vantagens do produto no mercado, como ocorre no caso do Cadastro de Compromisso Socioambiental da Aliança da Terra, a empresa pode conquistar novos mercados cada vez mais exigentes, sendo recompensada por associar o Meio Ambiente ao Agronegócio.

Se tratando da relação Meio Ambiente X Agronegócio, percebe-se que a questão ambiental pode destruir o seu negócio, pode manchar o seu negócio, mas acima de tudo pode ser uma solução para o seu negócio. A partir do momento que as empresas investem na sustentabilidade de produção, elas atendem as necessidades dos clientes, os produtos são vistos como seguros para o consumo e essa imagem é vista por novos mercados, sendo um oportunidade de negócio.

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Luis Fernando Laranja é médico veterinário pela UFRGS, gaúcho, neto e filho de pecuarista, tem mestrado em Agronomia pela ESALQ/USP, doutorado em Medicina Veterinária pela FMVZ/USP, pós-doutorado pela University of Kentucky, pós-graduaçao em Gestão Agroindustrial pela UFLA, é fellow do LEAD International, ambientalista e Diretor Executivo da Ouro Verde Amazônia. A empresa trabalha a fim de beneficiar produtos nativos da Amazônia transformando esse patrimônio natural da exuberante floresta, através da utilização do melhor conhecimento científico e tecnológico disponível, em produtos saudáveis, saborosos e inéditos para a indústria de alimentos.

0 Comments

  1. walterlan rodrigues disse:

    Diante do curriculo do Luiz Fernando eu me sinto muito pequeno para abordar o tema de sustentabilidade pois vejo atravez do seu trabalho o resultado de seu conhecimento. No entanto eu gostaria de dizer que nós chegamos até aqui em decorrencia de muitos fatores.O Brasil começou a receber os imigrantes depois da primeira guerra mundial e depois dela veio a segunda com mais emigrantes. A ocupação de nossas terras se deu sem a preocupação de preservar o meio ambiente. O café foi plantado nas encostas de morros (Estado do Rio de Janeiro), no Paraná acreditava-se que o café só poderia ser plantado nas encostas, os pecuaristas desmatavam as margens dos rios afim de que seus animais tivessem facilidade para beber água e assim podemos enumerar as mais diferentesformas de procedimentos erroneos, fruto do desconhecimente. Não foi diferente na Europa e nem nos Estados Unidos. Mas não se trata agora de discutir o que passou, trata-se de perguntar o que pode ser feito para reverter o processo. A colocação do Luiz Fernando sobre a área ocupada com o plantio de fumo nos leva a meditar se não seria justo que os impostos provenientes desta atividade em vez de financiar a compra de submarinos e aviões viesse contribuir especificamente para financiar aqueles que estão com os ônus de resolver os problemas do meio ambiente. Esta em discussão no presente momento a participação dos royaltes do pre-sal aos demais municípios do Brasil. No entanto NINGUEM levantou a tese que a maior emissão de poluentes está nos derivados de petróleo. Não seria justo que cada município participasse dos royaltes na proporção da frota de veiculos automotores existentes e que estes royaltes fizessem parte de um fundo a ser aplicado EXCLUSIVAMENTE na área ambiental? Gostaria de ser um phd para falar deste assunto, mas infelizmente não sou. Fica a sugestão.

  2. Neilton Fernandes de Deus disse:

    Beleza Waterlan. Tá na hora de chamar à responsabilidade os demais segmentos da sociedade, que por desinformação ou comodismo, ficam imputando ao setor agro-pecuário, grande parte da culpa pelo aquecimento global. Que as doutas cabeças privilegiadas pensem à respeito disso.
    Marco Magalhães

  3. Fernanda Eucilene Henriques disse:

    E u acredito que a quantidade de alimento produzida no mundo, daria para sustentar toda humanidade, o grande desafio é a distribuição de renda que se concentra nas mãos de poucos. Acredito que dá para haver desenvolvimento sem degradação hambiental, é possível o homem viver em harmonia com a natureza, retirando dela seu sustento de forma consciente.

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