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Agricultura regenerativa ganha novos incentivos

No último dia Internacional da Mulher, 8 de março, Lucimar Silva, gestora da fazenda Guima Café, na região de Patos de Minas (MG), plantou 1.600 abacateiros entre os cafezais. Acompanhada de mulheres que trabalham na propriedade, o plantio foi um ato simbólico para marcar o início do projeto de agricultura regenerativa da fazenda. Início é força de expressão, dado que as duas fazendas do Guima Café, com 850 hectares plantados e mais de 4 milhões de plantas, têm se preocupado com o tema há bastante tempo. “Sempre tivemos olho na sustentabilidade”, diz a gestora, “mas no fim de 2020 focamos no projeto de agricultura regenerativa”, completa. 

O plantio das mudas foi financiado pela Nespresso, com quem a Guima Café tem parceira e de quem tem recebido incentivo para implantação do modelo. Trabalhar com maior atenção na regeneração do solo e de todo o ambiente onde é plantado o café é seguir uma tendência que cresce nos últimos anos, segundo Guilherme Amado, líder do programa de qualidade sustentável da Nespresso. 

Menos trânsito de tratores, redução no uso de agroquímicos, maior cobertura vegetal, por exemplo, ajudam na preservação do solo, na manutenção de microorganismos e de umidade, reduzindo aplicações de defensivos e o custo de produção. A experiência na fazenda de café motivou a empresa a decidir pela extensão do projeto para oito novas fazendas este ano, e avançar com o sistema de cálculo de emissão de carbono em toda a cadeia. Para neutralizar a emissão, a Nestlé deverá plantar 20 milhões de árvores, tendo assumido o compromisso de zerar seu balanço de carbono até 2050. 

Um ponto em comum nos projetos de agricultura regenerativa é o uso das propriedades pioneiras como modelo. Elas precisam estar abertas para dividir a experiência com outros produtores, para propagar conhecimento. É assim na Guima Café e na Fazenda Gordura, de Guaranésia (MG), parceira da francesa Danone. Voltada para a produção de leite, a fazenda tem avançado no Projeto de Integração Pecuária Floresta, com o Projeto Flora, que envolve a Danone, o Instituto Ipê e pecuaristas. Ao integrar a pecuária com lavoura, melhoram-se as condições de produção de pastagem e conforto dos animais, o que já garantiu um aumento de até 20% em proteína e 60% na produtividade do leite. 

No Brasil, diz Taisa Costa, gerente de sustentabilidade da Danone, o projeto na Fazenda Gordura é o principal piloto de agricultura regenerativa. Implantaram 3 hectares na fazenda e a ideia é estender o projeto para 188 hectares, até 2023, em propriedades das regiões do Sul de Minas Gerais e na bacia leiteira de São Paulo, num investimento de R$ 500 mil, boa parte gastos na compra de mudas e sementes para reflorestamento.

O foco, diz Taisa, é acompanhar os impactos ambientais e resultados financeiros para os pecuaristas, para, de posse dos primeiros conjuntos de dados, ajustar o modelo e fazer uma nova onda de expansão. Ajudar na regularização de produtores é outro objetivo do projeto, garantindo não só melhoria na qualidade do solo, do bem estar animal e do produto, mas também a estruturação do negócio e desempenho financeiro dos parceiros. 

Parceria e capacitação são pontos importantes para a Pepsico do Brasil, que adquire cerca de 280 mil toneladas anuais de matéria-prima para seus produtos, a grande maioria vinda de pequenos e médios agricultores. São comprados diretamente 120 mil toneladas de batata de 30 agricultores espalhados por seis Estados, além de 128 mil toneladas de coco verde, em parte fornecidos por 80 produtores, e 25 mil toneladas de aveia.

O projeto, que pretende, até 2030, em todo o mundo, levar a agricultura regenerativa a 250 mil produtores e ter 100% das matérias-primas adquiridas pela empresa com certificação de origem, tem no Brasil um dos principais pilares, conta o diretor de agronegócios da Pepsico, Ricardo Galvão. Para isso, preservar a vida do solo é um eixo fundamental do processo de regeneração, que tem em tecnologias conhecidas, e nem sempre utilizadas, como a rotação de cultura e cobertura vegetal, suas chaves.

Fonte: Valor Econômico.

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