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Agricultura de precisão eleva ganho do produtor

Tecnologias turbinadas por inteligência artificial (IA) estão aumentando a produtividade do agronegócio brasileiro, único setor da economia a gerar empregos no primeiro semestre. As soluções digitais se viabilizaram graças aos sensores baratos, à computação em nuvem e ao smartphone, que é utilizado por 97,9% dos moradores da área rural para acessar a internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro estímulo à agricultura de precisão é o modelo de negócio Software como Serviço (SaaS na sigla em inglês), no qual o usuário “aluga” o processamento dos computadores. 

Em Campinas (SP), o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) trabalha há dois anos com um projeto de plataforma aberta de IA para o agronegócio. A ideia é fornecer elementos que facilitem o desenvolvimento de aplicações por outras empresas. “Temos três linhas de pesquisa”, conta o gerente de soluções IoT (internet das coisas) e IA, Norberto Alves Ferreira: “Aprendizado e análise preditiva, visão computacional e sistemas de diálogo”. 

Uma das parceiras da fundação é a BemAgro, de Ribeirão Preto (SP). A empresa desenvolveu uma solução de IA que automatiza a geração de informações para alimentar o piloto automático na colheita mecanizada, além de detectar falhas de plantio. “O processo que demorava até dois dias é executado em apenas alguns minutos”, descreve o diretor de tecnologia Johann Coelho. 

Em São Carlos (SP), a Embrapa Instrumentação desenvolveu o sistema Libs, que usa raios laser e IA para analisar amostras do solo. A tecnologia é a mesma presente no robô da Nasa em Marte. “Levamos muitos anos para adquirir maturidade técnica” diz a física Débora Milori, coordenadora do Laboratório de Óptica e Fotônica, ressaltando a importância da ciência básica no apoio à pesquisa aplicada. Uma spinoff do projeto, a Agrorobótica, fez parceria com a Bayer em um projeto inédito para desenvolver uma metodologia de medir o sequestro de carbono na agricultura. 

O Orchestra Innovation Center, centro de inovação para o agronegócio de Rio Verde (GO), tem um programa para facilitar a adoção de novas tecnologias no campo, em parceria com a agtech britânica Hummingbird Technologies. A proposta é disponibilizar IA, machine learning e visão computacional para que os produtores façam sensoriamento remoto em grande escala. Com isso é possível aplicar herbicidas de acordo com a necessidade e com ajustes corretos de dosagem. A Hummingbird estima que o uso desses recursos pode gerar uma economia de até 80% no insumo.

Na Fazenda Caçadinha, em Rio Brilhante (MS), a DSM investe em tecnologias de precisão no seu Centro de Inovação e Ciência Aplicada em Gado de Corte. Uma ferramenta de visão computacional instalada em parceria com a Universidade de Wisconsin (EUA) utiliza IA no manejo da alimentação por meio do monitoramento do cocho e do comportamento dos animais. Com o sistema é possível reduzir o desperdício de ração de 5% para 1% ou 2%, informa o diretor da DSM no Brasil, Juliano Acedo.

A Agriness, de Florianópolis, fornece um sistema de IA para apoiar os suinocultores na tomada de decisões sobre variáveis ambientais como temperatura e água. “Conseguimos ampliar a produtividade em 15%, sem investimento em novos processos ou estruturas”, diz o diretor de inovação Eduardo Hoff. Com tecnologia presente em 21 países, a empresa está ampliando o foco de atividades para avicultura de corte e produção de leite. 

A Hexagon aposta na IA sob demanda para levar a agricultura de precisão aos pequenos e médios produtores. “Você só paga pelo processamento que usa, e assim consegue baratear muito o acesso”, diz o diretor de pesquisa e desenvolvimento da divisão de agricultura, Alexandre de Alencar. Para grandes empresas, um dos produtos oferecidos pela corporação de origem sueca é a Sala de Controle, sistema centralizado que monitora as operações de colheita e transporte. Uma usina de cana que adota a solução reduziu em 10% o seu custo logístico. 

Uma tecnologia de IA criada pela Totvs usa visão computacional e realidade aumentada para detectar pragas em plantas, através da sua plataforma digital Carol, acessada por telefone celular. “É possível identificar em tempo real o nome do micro-organismo, o grau de infecção e os cuidados necessários”, explica a diretora de manufatura, logística e agroindústria Angela Gheller Telles. Outra solução da plataforma é o RH Clock In, que usa AI para o controle da jornada de trabalho no campo por meio de reconhecimento facial.

Fonte: Valor Econômico.

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