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Aftosa: governo prevê país livre de aftosa em 2015

Depois de descumprir a meta estipulada pelo ministro Mendes Ribeiro, de tonar o Brasil livre da febre aftosa até o fim do ano passado, o Ministério da Agricultura alterou o cronograma de combate à doença. A Pasta agora prevê que o país será reconhecido pela Organização Mundial de Animal (OIE) como um território livre de aftosa com vacinação apenas em 2015.

Atualmente, dez Estados e a porção norte do Pará ainda fazem parte das chamadas “zonas não livres” de aftosa. Juntas, as áreas que ainda não são consideradas livres – com ou sem vacinação – representam 11% do rebanho de bovinos e bubalinos do país, cerca de 25 milhões de cabeças.

Para cumprir a nova meta, o ministério pretende atuar em duas frentes, segundo o coordenador de febre aftosa da Pasta, Plínio Lopes. A primeira fase terá caráter estritamente nacional e acontecerá ao longo de 2013, segundo Lopes. Pelo novo cronograma do ministério, as chamadas “zonas não livres de aftosa de médio risco” – Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e o norte do Pará – serão consideradas regiões “livres da doença com vacinação” no primeiro semestre deste ano.

O ministério não registrou mais casos da doença nesses Estados – o último caso no país foi em 2006, em Mato Grosso do Sul, mas os técnicos da Pasta farão testes no primeiro semestre para verificar se o vírus ainda circula na região. Esta é a última etapa para que a nova classificação de risco seja atingida. As “zonas não livres de aftosa de alto risco”, por sua vez, devem se tornar regiões de “médio risco” até o fim de 2013. São os casos de Amazonas, Roraima e Amapá.

O aguardado reconhecimento da OIE, no entanto, só acontecerá num segundo momento, afirma Lopes. Para os Estados que hoje são considerados de “médio risco”, o status de livre de aftosa com vacinação está previsto para 2014. No ano seguinte, o mesmo status seria conferido pela OIE aos Estados do Amazonas, Amapá e Roraima. A chancela da instituição, que deve ser acompanhada pelos países-membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), é fundamental para que esses Estados ampliem os mercados para os quais podem exportar carne bovina.

Apesar de não ter o mesmo impacto que o status conferido pela OIE, o reconhecimento nacional previsto para 2013 trará benefícios econômicos, garante o coordenador de aftosa do ministério. O principal deles seria a maior facilidade em transportar animais e carne das regiões “não livres” para o resto do país. Atualmente, os produtores de gado precisam seguir uma série de recomendações sanitárias, que encarecem o produto.

“O animal que está em uma zona não livre, de médio risco ou alto risco, não pode entrar na zona livre, com ou sem vacinação. Para a carne de um animal que estava em uma zona de médio risco entrar em zonas livres, existe a necessidade de diversos processos que encarecem a carne como, por exemplo, a quarentena, exames e processamento da carne”, explica Lopes.

Para que um Estado atinja um novo status, o pedido deve partir dele próprio, com a apresentação de um documento que garanta a existência de medidas de segurança adotadas para evitar o contágio. “Em Santa Catarina, o governo construiu 67 postos de fiscalização para evitar trânsito indevido de animais. Na zona livre sem vacinação, o animal não pode ser vacinado. Por isso, devem existir barreiras como os postos de fiscalização”, explicou Lopes. Atualmente, não existem pleitos nesse sentido, de acordo com ele.

Não é prioridade do ministério, por enquanto, expandir o número de Estados que são livres de aftosa sem vacinação, classificação exigida por relevantes importadores de carne bovina, como Japão, Coreia do Sul e Indonésia. Hoje, apenas Santa Catarina detém esse status. O governo entende que essa decisão poderia criar “ilhas” dentro do país, restringindo a movimentação de animais e criando desvantagens econômicas para Estados que fazem fronteira com vários outros, como São Paulo e Minas Gerais.

Para o diretor de saúde animal do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, “falta coragem” para outros Estados seguirem o exemplo dos catarinenses. “Todos querem ser livres sem vacinação, mas falta coragem. Tivemos isso em 2001, no Rio Grande do Sul, e foi um desastre”, recorda Guedes. Livres sem vacinação naquele ano, os gaúchos viram um surto de aftosa se alastrar a partir da fronteira com o Uruguai.

Apesar de não avançar rumo às áreas sem vacinação, o combate à doença cresceu. Em 1998, a campanha de vacinação imunizou 83% das 158 milhões de cabeças pretendidas. Em 2011, essa taxa chegou a 97,9%, segundo o ministério.

Fonte: jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

4 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Ainda que em um ritmo mais lento que o desejado seguimos na direção certa. O prazo anterior não era factível. É preciso agora um pouco mais de esforço dos Estados não livres para garantir o cumprimento do novo cronograma. A expansão de areas livres sem vacinação é uma etapa posterior.

  2. José Manuel de Mesquita disse:

    Continuam os mesmos…

    Promessas que não podem ser cumpridas…

    Parecem desconhecer a imensidão deste país, a pouca cultura existente em parte dos integrantes da cadeia e o tamanho de nossa fronteira “seca”, com países com problemas bem piores que os nossos.

    Mas… falar não custa nada, nem lhes sobra punição alguma por prometer coisas que nunca poderão cumprir… conscientes ou não de suas promessas.

    Aparecem na mídia como grandes “conhecedores” que resolverão os problemas da atividade…
    Conversinha para angariar votos ou ganhar a simpatia da Dona Dilma.

    Melhor ler histórias em quadrinhos, mas… continuar vacinando!

  3. Neto Nunes disse:

    Se isso acontecer vai ser muito bom para a pecuaria brasileira

  4. Eufrásio Jácome disse:

    A região que é atualmente livre no estado do Pará não é a parte Norte, como demonstrada no início da reportagem (Atualmente, dez Estados e a porção norte do Pará ainda fazem parte das chamadas “zonas não livres” de aftosa), e sim as regiões Centro-sul, Sul e Sudeste do Estado, no total de 46 municípios.

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