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25 de fevereiro de 2014

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Visando esclarecer alguns empasses quanto aos questionamentos levantados sobre o relacionamento entre produtores e frigoríficos, com ênfase no rendimento de carcaça, e visando compartilhar conhecimento, o BeefPoint convidou em agosto de 2013 o pesquisador científico da APTA Regional Alta Mogiana (Colina/SP), Flávio Dutra de Resende, para escrever um artigo técnico-científico, com base em seu conhecimento e experimentos já realizados. Clique e confira o artigo na íntegra:

 Por que não há uma padronização no rendimento de carcaça dos animais enviados ao abate?

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Em 2014, para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais

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Nos próximos dias, iremos publicar estas opiniões. Assim, confira a série, com 9 artigos, que o BeefPoint elaborou especialmente para você!

Confira o primeiro artigo da série:

Por Renato Galindo, gerente de Linhas Especiais do Grupo Marfrig

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Esse talvez seja um dos temas mais relevantes e polêmicos na relação produtor e indústria, também amplamente discutido ano após ano entre produtores, associações de classes, frigoríficos e técnicos.

Creio que o maior problema esteja entre linha tênue que divide a confiança no relacionamento comercial e as inúmeras variáveis que influenciam o rendimento de carcaças.

Seguem alguns exemplos:

  • Estado corporal da boiada: se temos um boi maduro de pasto, crioulo da propriedade e pronto para abate antes do inverno, teremos excelentes rendimentos de carcaça x peso vivo. Se vem a brota do capim pós seca, é um resultado totalmente diferente para o mesmo animal, se tem boa mineralização ou falta dela, etc. Tempo de confinamento, dieta, chuvas, pesar cedinho ou a tarde também exercem variações significativas de rendimento.
  • Quantidade de animais por embarque e apartação: uma situação é fechar um lote só de 40 ou 60 animais, pesar e carregar. Outra totalmente diferente é colocar grandes lotes num curral, fazer diversas apartações e depois pesar, nessa segunda hipótese teremos um rendimento melhor fictício, devido ao jejum e manejo no curral por mais tempo antes da pesagem.
  • Diversidade de animais: como combinar % rendimento entre boi castrado x inteiro, raça zebuína x europeia e suas cruzas, novilha x vaca adulta, vazia x gestante?
  • Balanças de fazenda x balanção da cidade: um animal fechado cedo e pesado imediatamente terá um peso vivo superior do que outro submetido a embarque em caminhão e pesagem em balanção na cidade, sem falar em distância da propriedade até o balanção.
  • Quantidade de lotes por dia de abate: do lado da indústria, como viabilizar uma operação de peso vivo se a cada dia uma unidade de abate tradicional tem entre 10 e 25 lotes de diferentes propriedades? Quantas equipes treinadas e de extrema confiança seriam necessárias? Qual o custo disso? De onde sairiam os recursos, do rendimento ou do preço da @?

Poderíamos enumerar muitos outros exemplos de dificuldades numa operação dessas em grande escala. Mas o fato em si é que toda a polêmica gira em torno da confiança (ou a falta dela), pois a única forma de premiar genética, acabamento, eficiência no campo é analisando cada carcaça, e isso só é possível na balança do final do abate.

Assim como uma carcaça fraca não deveria ser remunerada como normal, e sim penalizada.

“Nuestros Hermanos Argentinos” apesar da lastimável situação do agronegócio atual, ainda mantém hábitos interessantes na comercialização de gado e carne. Se o produtor quiser vender no peso vivo há empresas consignatárias que compram mediante um desconto (desbaste) de 5% sobre o peso bruto e depois revendem aos frigoríficos no peso morto, essa diferença de rendimento (obviamente saindo do custo do produtor) mantém o negócio das consignatárias. Além disso vacas descarte e touros são negociados à preços de conserva (50% do valor do mercado), e os frigoríficos destinam essa carne somente para industrialização, não chega nas gondolas dos açougues.

Acreditamos que o melhor caminho são as alianças, a participação em programas de qualidade e premiação. Um exemplo de sucesso, é o Programa Fomento Angus Marfrig onde desde 2008 o produtor é premiado por qualidade, genética tanto para bezerros e garrotes, quanto em animais acabados no frigorífico.

A base de qualquer relação de compra e venda é a confiança, pois quem perdeu a confiança não tem mais o que perder.

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Série de artigos elaborada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

7 Comments

  1. RICARDO RENNO - zootecnista / Cuiaba- Mt disse:

    Parabens Sr. Renato Galindo , que sempre traz ótimos artigos a respeito da pecuaria de corte. Sou formado em Zootecnia e poucas vezes, mesmo em tempos academicos, tive tanto esclarecimentos na relaçao comercial entre produtores e frigorificos como nos seus artigos publicados.
    Parabens a MARFRIG pela adoçao de parcerias e parabens tambem ao Beefpoint por trazer pessoas qualificadas para expor ideias, opinioes e esclarecimentos como os do Sr. Renato Galindo.

  2. João Ednilson Favoreto disse:

    Pelos esclarecimentos do Sr Renato Galindo realmente fica difícil comprar nas fazendas pelo peso vivo…..quem sabe uma padronização de limpeza entre os frigoríficos onde tudo o que é musculatura mesmo após a desfola seja considerada…pois qualquer tipo de carne independente da qualidade; ela me pertence….mesmo porque toda a carcaça do animal é aproveitada…

  3. Mauricio Fernando de Oliveira Cunha disse:

    Tudo isso é valido, mas o que incomoda o produtor é a transparência de padrão de toalete de industria frigorifica, temos que colocar o produtor apar da situação de linha de abate ( conhecer o abate), e a situação de RC final fica na condição real de abate, assim que padronizar o abate e vir ao publico e firmar associações e ministério a respeito limpeza de carcaça.

  4. Bruno disse:

    O ideal para esses elos da cadeia é que ambos saiam satisfeitos do negócio. No meu caso, trabalhamos com novilhas precoces, e o equilíbrio que alcançamos junto ao frigorífico é baseado no peso vivo, na proporção de 50% de RC compensando a diferença do real RC mediante a remuneração da @ sempre acima do valor de mercado. Como o animal percorre por volta de aproximadamente 20,5Km (entre a fazenda, balança e frigorífico) feitos na sua maioria em modal asfaltado, o transporte é rápido e o animal se desgasta menos que na maioria das fazendas da região. A proximidade fazenda/frigorífico nos permite deixar o gado já apartado num piquete específico e só fecha-lo momentos antes do embarque. Acredito que desta forma não só o produtor e o frigorífico ganham, mas o consumidor final também.

  5. henrique carrara disse:

    Porque o frigorífico não compra o boi no peso vivo nas fazendas…é por causa das dispesas de pesagens……..vou falar uma coisa o pecuarista prefere vender seus bois ou vacas com 1,00 real a menos por @ pesando em suas propriedades do que ele ir ao frigorífico………isso é o pensamento de 95% dos pecuaristas de hoje…..sei que é difícil fazer esse tipo de pesagens nas fazendas mas não é impossível, por isso que existem os intermediários onde eles pesam na fazenda e assumem o peso vivo……..porque não tercerizar as pesagens nas fazendas? ……um abraço e fiquem com deus.

  6. João Bismarck Nunes Rondon Filho disse:

    Entendo que as grandes indústrias frigoríficas nacionais não desejem alterar a forma de comercialização atual, ou seja, comprar animais apenas no peso morto. É muito menos arriscado e muito mais lucrativo para eles manter desta forma e alegar uma série de dificuldades para comprar na balança de fazenda.
    Temos vendido apenas no peso da nossa balança e recebido no dia do embarque e estamos muito mais satisfeitos assim. Nossos clientes também estão satisfeitos e continuam comprando sem nenhum problema. “If there is a will, there is a way”.
    Este setor industrial (frigoríficos) está muito concentrado, em grande parte devido a desastrada atuação do governo do PT e do seu BNDES. Para nós, produtores, seria muito melhor uma indústria bastante segmentada.

    Saudações,

    João Bismarck

  7. BERNARDO DUTRA CÂMARA disse:

    Muito esclarecedor e convincente até a questão dos pesos, porém, a remuneração repassada ao produtor, não condiz com o aproveitamento financeiro do mesmo sobre o animal. Sabemos que tudo se aproveita, mas somente o “cristal” do boi é pago ao pecuarista. Talvez se repassassem parte do “resto” haveria um satisfação maior e uma transparência na relação comercial. Se o frigorífico só paga pela carne, poderia comprar boi amputado, sem orelha, cego, sem rabo. Confiante que chegaremos em uma relação cada vez mais madura.

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