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Acrimat: concentração de frigoríficos é prejudicial para o produtor

Três grandes grupos frigoríficos detêm 70% da capacidade de abate em Mato Grosso, estado com o maior rebanho bovino do Brasil, mais de 28 milhões de cabeças. De acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), dominam o mercado local o JBS/Friboi, BR Foods e Marfrig. Os números da concentração dos abates foram apresentados ontem (16) pela entidade durante palestra na 17ª edição da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), São Paulo.

Em sua palestra “A concentração da indústria frigorífica no estado de Mato Grosso”, o superintendente da Luciano Vacari apresentou um panorama do mercado local: o JBS/Friboi fica com a maior fatia, 45% do total do Estado, com 15 plantas instaladas sendo 10 em funcionamento, mas na região nordeste detém 100% da capacidade local. A Brasil Foods representa 13% da capacidade de abate do Estado, com suas duas plantas funcionado e o Marfrig com 12%, também com duas plantas em funcionamento. “O monopólio é prejudicial para o produtor, onde o frigorífico paga o que quer pela arroba, e também para os consumidores, que não tem opção de compra de marcas diferentes”, explica.

Vacari aproveitou a oportunidade para mostrar a realidade do Estado por considerar o evento um dos principais eventos da cadeia produtiva da carne. “A Feicorte reúne os melhores selecionadores e criadores, raças e empresas que atuam na pecuária de corte. Esse é um evento onde se discute os principais temas da pecuária de corte do país e a concentração das indústrias frigoríficas, formando muitas vezes verdadeiros monopólios, é extremamente prejudicial para o produtor e consumidor”.

Levantamento solicitado pela Acrimat ao Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que com o apoio de capital privado e do BNDES em nove anos (de 2000 a 2008) Mato Grosso ganhou 10 novas plantas. De 24 plantas e capacidade de abate de 22.216 cabeças/dia em 2000, passou para 34 plantas e capacidade de abate de 34.816 cabeças/dia em 2009. Atualmente a capacidade total de abate registrada de Mato Grosso é de 34.406 cabeças por dia, mas efetivamente apenas 16.430 estão sendo abatidas. Das 40 plantas, somente 23 estão em operação, devido aos processos de recuperação judicial pelos quais passam os frigoríficos.

Vacari frisa que a concentração de frigoríficos não é privilégio de Mato Grosso, “mas a situação no Estado é grave e chega, muitas vezes, a 100% de capacidade de abate nas mãos de apenas um frigorífico em determinadas regiões”.

Para Vacari, a reversão desta realidade depende políticas públicas, “pois hoje o BNDES elegeu dois grandes frigoríficos para investir pesado, mas é necessário contemplar também os frigoríficos menores”. Ele disse ainda que fomentar o funcionamento de pequenas e médias empresas ajuda a economia e o desenvolvimento dos municípios onde atuam como acontece hoje na Argentina e no Uruguai. “Além disso, podem ser feitas parcerias mercadológicas entre produtores, pequenos frigoríficos e supermercados”, sugere.

As informações são do Diário de Cuiabá, adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Muito bom!

    Concordo 100% com o senhor Luciano Vacari.

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