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Ações na agropecuária podem reduzir emissões em até 7%, diz FAO

Iniciativas de mitigação de emissões de gases de efeito estufa na agricultura e na pecuária têm potencial de reduzir as emissões de poluentes no mundo entre 3% e 7% até 2030, de acordo com um estudo do Centro de Investimentos da Agência da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), apresentado hoje (8/11) na COP26, em Glasgow. A estimativa de redução considera os volumes registrados em 2020 como referência.

O benefício econômico dessa mitigação pode ficar entre US$ 60 bilhões e US$ 360 bilhões, segundo a FAO. Entram no cálculo os custos de oportunidade e as despesas de compensação caso nada seja feito.

Em uma estimativa mais ampla, que considera ainda a restauração da biodiversidade perdida, o crescimento inclusivo e a melhora da saúde e da capacidade de nutrição, o benefício pode ir a US$ 5,7 trilhões até 2030. Segundo a FAO, o investimento necessário para mitigar as emissões no setor seria de US$ 300 milhões a US$ 500 milhões ao ano, montante que corresponde a menos de 0,5% do PIB global e que é que é bem menor que o retorno esperado. As iniciativas gerariam US$ 4,5 trilhões ao ano em novas oportunidades de negócio, afirma o agência da ONU.

O estudo lembrou que os sistemas agroalimentares são responsáveis por 21% a 37% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa e que os produtores rurais estão, ao mesmo tempo, entre os mais afetados pelas mudanças climáticas.

Para os pesquisadores responsáveis pelo estudo, é preciso adotar “abordagens institucionais inovadoras e tecnologias digitais para cortar os custos, particularmente porque muitos sistemas agroalimentares baseiam-se em cadeias de suprimento fragmentadas, incluindo grandes números de pequenos produtores”. Além disso, afirmam, ainda há desafios de governança na verificação da efetividade e confiabilidade dos diferentes estágios da busca pela neutralidade de carbono.

O estudo ressalta que um número crescente de empresas do setor agroalimentar tem apresentado interesse e planos de caminhar para a neutralidade de carbono, mas que nem todas estão interessadas ou podem bancar financiamento de pequenos produtores que trabalham em suas cadeias de suprimento para implementar práticas regenerativas de agropecuária.

Para FAO e BERD, algumas plataformas de mercado de carbono já existentes, que hoje funcionam em níveis regionais, podem ser uma oportunidade para as companhias investirem no sequestro de carbono nas fazendas.

“A agricultura precisa se tornar o foco de uma coalizão global pela neutralidade de carbono e nós precisamos apoiar tanto a mitigação quanto a adaptação. Nós precisamos permitir que os pequenos produtores se adaptem e se beneficiem economicamente por meio do fornecimento de serviços ambientais”, defendeu Mohamed Manssouri, diretor do Centro de Investimentos da FAO, em nota.

Para Natalya Zhukova, líder da área de agronegócios do BERD, “o universo dos investimentos está evoluindo rapidamente, à medida que os bancos alinham seus empréstimos com o objetivo ‘net zero’ e que gestores de recursos buscam oportunidades para descarbonizar seus portfólios enquanto gerenciam riscos associados às mudanças climáticas”.

Fonte: Valor Econômico.

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