MPF denuncia Wesley Batista por ‘insider’
8 de maio de 2019
Programa incentiva cultivo e uso de palma no semiárido mineiro
8 de maio de 2019

Ações da JBS sobem mais de 70% no ano

A JBS nunca valeu tanto na bolsa – R$ 54 bilhões no pregão de ontem. Nos últimos 12 meses, nenhuma companhia do Ibovespa (principal índice de referência da bolsa brasileira) se valorizou tanto como a gigante brasileira das carnes, que fatura R$ 180 bilhões por ano. Nesse período, as ações avançaram nada menos do que 141% e o valor de mercado da JBS aumentou mais de R$ 30 bilhões.

Somente nesses 12 meses, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que controlam a empresa com 42% das ações, viram o valor de sua participação aumentar em quase R$ 11 bilhões. O BNDES, que também é um grande acionista, com uma fatia de 21%, ganhou outros R$ 6,7 bilhões. O restante da valorização beneficiou os minoritários na bolsa.

O desempenho dos papéis da JBS, que há dois anos ficou marcada pela delação premiada de seus acionistas controladores, também é expressivo quando se analisa apenas 2019. Enquanto o Ibovespa se valorizou 7,5 %, as ações da companhia subiram mais de 70%, com ganho de R$ 22 bilhões em valor de mercado nos quatro meses iniciais deste ano. Na comparação com o valor de mercado anterior à divulgação da delação premiada, a JBS praticamente dobrou de valor.

Apesar de toda essa valorização, os investidores ainda podem ganhar muito com a JBS. Essa é a avaliação do vice-presidente financeiro e diretor de relações com investidores da companhia, Guilherme Cavalcanti. Em uma de suas primeiras entrevistas desde que foi contratado pela JBS, em meados de janeiro, o executivo conversou com o Valor Investe sobre as oportunidades para a empresa e seus acionistas.

“Ainda tem bastante ‘upside’ [potencial de alta] para o investidor de ações”, defendeu Cavalcanti. Olhando para os negócios da JBS ao redor do mundo, a China oferece uma oportunidade como poucas vezes se viu no comércio global de carnes. Explica-se: o vírus da peste suína africana se espalhou pelo país asiático, provocando o sacrifício de milhões de animais.

De olho nessa oportunidade, a JBS está abrindo novos turnos de trabalho em frigoríficos habilitados para exportar aos chineses e investindo na ampliação da produção de frango. Recentemente, a Seara, controlada pela JBS, anunciou a aquisição de um abatedouro de suínos no Rio Grande do Sul, por R$ 235 milhões.

Para Cavalcanti, a JBS é a companhia melhor estruturada para abastecer a demanda da China. O executivo destaca o parque fabril da companhia, espalhado pelas Américas, Europa e Oceania. “A JBS montou uma plataforma única”, afirma ele.

Na avaliação do executivo, o parque fabril da companhia é à prova de barreiras comerciais. Hoje, os EUA não conseguem exportar carne bovina para os chineses em razão da guerra comercial protagonizada pelo presidente americano, Donald Trump. Mas a JBS não está dependente dos Estados Unidos, e pode exportar para os chineses a partir de suas operações no Brasil e na Austrália.

“A JBS aproveita ao máximo o comércio de alimentos, independentemente de acordos ou tarifas bilaterais. Os Estados Unidos não exportam para a China, mas exportam para o Japão e para a Coreia”, exemplifica, citando mercados para os quais o Brasil não tem autorização para exportar carne bovina.

Outra vantagem em tempos de maior demanda da China é a diversificação de proteína. A JBS é a maior produtora mundial de carne de frango e a terceira maior de carne suína, lembra Cavalcanti. Nessa toada, a empresa brasileira conseguirá atender aos chineses com as mais diversas proteínas.

Além da diversificação geográfica e de tipos de carne produzida, a JBS vem reduzindo as dívidas nos últimos trimestres, o que pode se traduzir em maiores retornos para os acionistas, diz o executivo. Ao reduzir as despesas com juros, a empresa gera mais caixa livre, ressalta Cavalcanti.

Diante desse processo de redução do endividamento, o executivo da JBS acredita que os investidores podem encarar a companhia como um negócio de menor risco, dada a atual solidez financeira. Se os investidores tiverem essa percepção, as ações da companhia podem valer bem mais, acredita o executivo.

Cavalcanti toma como exemplo as concorrentes americanas com ações listadas na bolsa de Nova York ou na Nasdaq. As ações de gigantes como a Tyson Foods são negociadas a um múltiplo (relação entre o valor empresarial, cálculo feito somando a dívida e o valor das ações, e o Ebitda) de mais de 8 vezes. Enquanto isso, a JBS é negociada com um múltiplo inferior a 6 vezes. “A gente ainda está com um múltiplo muito mais barato. Se a gente negociar com um múltiplo do nosso concorrente, a ação poderia dobrar de valor”, afirma ele.

Para tanto, uma das alternativas é a listagem das ações da JBS na bolsa de Nova York, um plano engavetado em 2017, após a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, mas que segue no radar.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress